ENTREVISTA COM CAMILA PITANGA
Como é sua personagem Maria Tereza?
É uma mulher determinada, apaixonada, sonhadora, que tem uma relação muito forte com a natureza, com a terra. Nasceu e se criou na fazenda, à beira do rio São Francisco. Anda a cavalo, toma banho de rio... Na segunda fase, Maria Tereza tem um filho recém-formado, já mora na capital há alguns anos e é diretora da empresa do pai. É também uma mulher cheia de personalidade, corajosa e poderosa. Mas, ao mesmo tempo, conserva essa força da natureza e o sonho íntimo de realizar o amor que foi interrompido ainda na adolescência.
O que você tem de Maria Tereza? Você leva características suas para as personagens?
Tenho muito e quase nada. Esse processo de preparação para dar vida a esta personagem foi muito especial. Todo o elenco trabalhou por meses com aulas de corpo, dinâmica com máscaras, prosódia, no meu caso aula de montaria. Tudo isso foi dando forma a Maria Tereza, mas ela só vai nascer mesmo quando eu começar a gravar. Talvez depois disso eu consiga te responder com mais detalhes esta pergunta.
Como vai ser o romance entre ela e Santo?
Um romance de tirar o fôlego, genuíno, verdadeiro, aqueles de novela! E que todo mundo sonha ter. O tempo e nem a discórdia entre as famílias são capazes de apagar o sentimento que nasceu na juventude
Em casos onde o personagem passa por várias fases, como você faz para acompanhar a interpretação da atriz anterior?
Fizemos e ainda mantemos um trabalho em conjunto. Além da preparação, fui ao nordeste para ver as gravações de Maria Tereza criança e jovem. Pude acompanhar o nascimento desta personagem lá no sertão.
Como é a relação de Maria Tereza com o pai e a avó que não gostava da mãe Leonor?
A relação com o pai é um constante duelo. Coronel Afrânio é um homem pautado pela ideia de que só existem duas atuações na vida: Mandar e obedecer. Ele no caso: mandar. Porém há um laço de amor entre pai e filha que complica esse duelo. Tereza quer resgatar o pai de sua infância e Afrânio quer domar sua filha. Isso irá render cenas bem emocionantes. A relação com a avó nunca foi tão próxima. Mas como Tereza está querendo resgatar sua essência, reparar o desencontro com sua avó é outro motivo da sua volta à fazenda. Por sua vez Encarnação é muito mais ligada ao irmão de Maria Tereza, Martim.
Maria Tereza e Santo vivem um “Romeu e Julieta” menos trágico com a rivalidade entre as famílias. Você acha que os telespectadores estavam sentindo falta de uma história de romance como essas na TV?
Acho que uma boa história pode ser contada de várias formas. O gênero não é o mais importante.
Pelas chamadas já dá para ver que o figurino e cenário são peças importantes na construção da história. Nessa novela, especificamente, os figurinos de época ganharam uma dramaticidade especial. E os urbanos bebem de influencias da Tropicália. O que está achando dos figurinos e cenários e como isso te ajuda na hora de compor o personagem?
São incríveis e feitos de forma artesanal. Logo que eu recebi o convite fui visitar o galpão (um espaço no projac onde o diretor Luiz Fernando Carvalho reúne toda sua equipe de criação e espaço de preparação) e vi de perto o início do processo do figurino, do tingimento das peças, até a peça pronta. Foi incrível participar deste processo. Agora estou muito próxima de Thanara, nossa artista figurinista. É impressionante o caminho original que ela traça pra desenvolver a composição dos personagens. Estou encantada. O figurino, a arte, a cenografia e a caracterização ajudam demais na composição dos personagens.
Você fez um par romântico com Fagundes em Insensato Coração e agora vai fazer filha dele. Como é poder trabalhar com ele de novo?
Será um honra voltar a trabalhar com Fagundes. Fui muito feliz trabalhando com ele em Insensato. Em Velho Chico não tem como ser diferente.
A sua última protagonista foi a Isabel de Lado a Lado. Como é pra você fazer as mocinhas? Tem alguma preferência entre mocinhas e vilãs?
Não tenho preferência. Gosto de bons personagens.
O que os telespectadores podem esperar de Velho Chico?
Uma novela linda, emocionante, uma história de amor que nos fará refletir também sobre o nosso país, o orgulho por nossa terra e nossas raízes.
ENTREVISTA COM DOMINGOS MONTAGNER
Como é o seu personagem Santo?
O Santo é um personagem que verticaliza o comportamento do herói. A trajetória dele é regida pelo amor e pela luz, ele irradia luz para todas as pessoas a sua volta pelo que acredita. Ele é focado na sua causa, na relação humana e na determinação dele de fazer frente a esse modelo do coronelismo. É um personagem do amor, da luz e da justiça que tem um objetivo muito claro e acompanha o eixo do Capitão Rosa e do pai Belmiro, que foi a origem dessa sede de justiça.
O que você tem de Santo? Você leva características suas para os personagens?
Eu sempre prefiro me distanciar dos personagens, é mais saudável. Porque fazemos muitos personagens e se você se envolve muito pode perder um pouco a determinação dos critérios. Acredito que todos nós temos alguma coisa de todos os personagens, o ser humano é semelhante. E vamos criando nossa personalidade de acordo com a nossa história. Pra dar verdade, tento buscar qualidades e defeitos que se apresentariam dentro da minha personalidade para imprimir nos personagens.
Como vai ser o romance entre ele e Maria Tereza?
É uma história de amor que na verdade tem um cunho social. A história da família de cada um deles tem a ver com esse eixo do amor interrompido entre Maria Tereza, o amor da vida dele, e ele. Como esse amor não foi realizado, essas marcas ficam. Ele toca a vida dele, é como um símbolo de superação, ele continua com essa memória emocional, mas segue fazendo a vida dele acontecer. Toca a vida, casa. Mas é um romance clássico, que enaltece a força do amor. A novela tem essa textura do amor, da terra e da família e traz de volta esse valor do afeto, o que é muito bom porque esse é um momento bastante propício, onde as relações humanos estão cada vez mais desfeitas.
Em casos onde o personagem passa por várias fases, como você faz para acompanhar a interpretação do ator anterior?
É a primeira vez que dou continuação a um personagem. Já fiz uns que tinham uma história pregressa, mas funcionava como um flashback. Tem o Rogerinho que faz o Santo criança, mas quem dá a cara ao personagem é o Renato. O processo de preparação foi muito importante, muito interessante e fundamental para construir essa história. O elenco trabalhou junto durante vários meses e descobrimos juntos esse personagem.
Como é a relação de Santos com Luzia? Ela vai se tornar uma vilã?
Ela é uma antagonista, mas ela não é uma vilã. É uma personagem movida totalmente pelo amor. E ela vai conquistar o que desejou, vai constituir uma família com ele e eles vão ser um casal realizado em certo aspecto. Mas, para o conflito é bom que paire a dúvida, já que ela conseguiu isso por ações ruins. Mas não acho que ela tenha vilania, ela apenas faz tudo por amor a ele.
Como está sendo trabalhar com a Lucy Alves?
Tá ótimo, a Lucy é uma grande artista. A gente conhece ela como cantora, ela tem uma determinação muito grande, uma dedicação extrema pra levar a fundo esse personagem e o processo está ótimo. Nós trabalhamos em grupo, nesse processo todo junto a gente acaba descobrindo as sutilezas de cada personagem. As trocas estão sendo bastante proveitosas. Lucy é um afigura adorável. É um privilégio estar ao lado de pessoas como Lucy, Camila, Marcelo... Temos um elenco incrível.
Maria Tereza e Santo vivem um “Romeu e Julieta” menos trágico com a rivalidade entre as famílias. Você acha que os telespectadores estavam sentindo falta de uma história de romance como essas na TV?
Eu acredito que sim. O Grande desafio do trabalho do artista e descobrir onde está a paixão do público. A gente nunca sabe, se soubesse seria muito fácil e tiraria o grande desafio que é o mistério. O grande prazer do nosso oficio é apresentar ao público algo que ele goste tanto, mas ainda não sabia. A gente vive uma situação, que é mundial, em que as relações humanas estão apresentando problemas de diversas formas e trazemos uma história que tem um certo altruísmo, um valor positivo, que aponta uma direção do amor. Acho que vai ser muito bem vindo, acho que o povo vai se sentir acolhido. O Brasil tem muitas cores, estamos pegando uma cor que a muito tempo não é representada e temos um povo que vai se sentir acolhido quando se ver. Vai gerar uma identificação com uma parte importante do país.
Você chegou a gravar cenas no Nordeste?
A gente vai gravar no Nordeste a partir da próxima semana. É maravilhoso poder gravar no local, é um privilégio estar na região, esse é o acabamento que falta para o personagem. Já gravei aí, então são situações em que pude viver isso, dar o acabamento na construção do personagem a partir da vivência no seu local de origem. Então, estamos ansiosos parar ir logo!
Pelas chamadas já dá para ver que o figurino e cenário são peças importantes na construção da história. Nessa novela, especificamente, os figurinos de época ganharam uma dramaticidade especial. E os urbanos bebem de influencias da Tropicália. O que está achando dos figurinos e cenários e como isso te ajuda na hora de compor o personagem?
O figurino é um aparte muito importante, é a casca desse personagem. A primeira coisa que comunica é a imagem. Então, o figurino é muito determinante, pode elevar o personagem a uma dimensão que talvez sozinho o ator não vá conseguir. Esse é um figurino construído em cena, não é trazido de uma maneira aleatória, é idealizado a partir de um caminho estético, mas que é desenvolvido de um material que a gente constrói juntos. Além da beleza, tem uma organicidade incrível. A abordagem do Luiz, que não parte de um realismo, é fabulosa. Você vê que não é do Nordeste, mas acha que tá de acordo com a história. É feito a partir de muita sensibilidade da equipe e do que está sendo construído em cena.
Você tem feito homens fortes nas novelas. Você tem vontade de fazer outros tipos?
Acho que não, acho que os personagens tem variado bastante nas suas características. Fiz o presidente em O Brado Retumbante e acho que era bem diferente do Capitão Herculano de Cordel Encantado, tinha uma linha de conduta própria, era um político. Já Miguel, de Sete Vidas, era um personagem que eu quase não falava. Ele tinha um drama por causa de uma tragédia pessoal que deixou marcas determinantes e, ao mesmo tempo, tinha essa força de que você fala. Tenho passado por personagens que sempre tem traços bastante fortes, porque nossa imagem interfere em alguma coisa, mas com características de personalidade bastante variadas, então estou bastante satisfeito.
Desde sua aparição em Cordel Encantado, você se tornou um dos galãs mais e cobiçados pelas telespectadoras. Como lida com o assédio?
Eu acho que isso tem uma dimensão desproporcional. Não é uma coisa avassaladora, acontece principalmente quando você está no ar. Mas tem uma abordagem tranquila, pedem fotos, comprimentos, até autografo. Eu adoro quando as pessoas pedem autografo (risos), acho bonito, mas é sempre tudo de uma maneira tranquila. Estou me habituando e a gente vai aprendendo a se comportar. No início era mais assustador, mas na grande maioria das vezes é uma atitude muito carinhosa. Quase todas as vezes é uma abordagem elogiosa e me deixa muito contente. Hoje em dia é bastante tranquilo, mas quando é desagradável, quando invade seu espaço, aí passa do limite. Mas nas ruas, aeroportos, eu acho que é sempre muito tranquilo e respeitoso e é um termômetro da qualidade do seu trabalho. Sou muito reservado, gosto de manter minha privacidade e isso desenha um pouco as abordagens comigo.
O que os telespectadores podem esperar de Velho Chico?
Eu acho que eles podem esperar uma novela épica, uma história de superação, apaixonante. É uma história clássica, com narrativa clássica, mas que é composta de uma paixão, de uma verdade atual e ancestral: a verdade da importância do afeto e do amor entre as pessoas.
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