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NEM TE CONTO

Crítica de TV: roteiro de ‘Alto Astral’ se mostra promissor

Pelo viés da comédia, trama apresenta temática sem compromisso com a filosofia kardecista

• 14/11/2014 às 9:17 • Atualizada em 01/09/2022 às 8:16 - há XX semanas

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Em 1994, escrita por Ivani Ribeiro, a Globo levou ao ar ‘A Viagem’, novela com temática espírita que ora causava medo ao telespectador, ora instigava com os preceitos da doutrina. Com cenários que passavam do céu ao inferno, elenco afiado e trilha sonora grudenta do grupo Roupa Nova, A Viagem até hoje é uma das tramas mais lembradas e elogiadas pelo público. Dos anos noventa para cá, vira-e-mexe bruxas ruivas, fantasminhas, médiuns e magos fazem a festa nos roteiros dos folhetins eletrônicos da emissora, a exemplo de ‘O Profeta’, ‘Eterna Magia’, ‘Escrito nas Estrelas’ e ‘Amor Eterno Amor’. Sempre que vão ao ar, todas são comprometidas com a vida após a morte e, consequentemente, seus produtores têm a certeza que irão despertar a curiosidade e cair no gosto do público porque mexe com uma das doutrinas religiosas mais expressivas do país.
Se até então as telenovelas causavam frisson com a obscuridade das suas tramas espíritas, se depender do autor Daniel Ortiz, responsável pelo texto de Alto Astral (Globo, 19h), a partir de agora esse assunto será visto pelo ângulo da comédia. Para o telespectador que rejeitou as aventuras selvagens de ‘Além do Horizonte’ e a onda digital de ‘Geração Brasil’, ‘Alto Astral’ se mostra convencional no melhor sentido. É a clássica telenovela que sabe explorar os ingredientes tradicionais folhetinescos, como o romance e a vilania, além de saber trabalhar com mal-entendidos e segredos que garantem bons ganchos para o intervalo ou o capítulo seguinte. Para completar, cuidadosamente, o roteiro explora assuntos contemporâneos sem precisar ser didático, como é o caso dos personagens vividos pelos atores Guilherme Leicam e Nando Rodrigues, dois nadadores que querem ascender no esporte ao ponto de disputarem as Olímpiadas de 2016.Com um roteiro típico da faixa, que mistura mistério e comédia, além de pitadas sobrenaturais, Alto Astral fala sobre a disputa de dois homens, o mocinho Caíque (Sérgio Guizé) e o vilão Marcos (Thiago Lacerda), por uma mesma mulher, a jornalista Laura (Nathalia Dill), e da briga antiga de duas mulheres, Úrsula (Silva Pfeifer) e Maria Inês (Christiane Torloni), pelo mesmo homem, Marcelo Barbosa (Edson Celulari). No meio disso tudo, os espíritos são personagens que atuam paralelamente à trama principal que é a história de amor dos mocinhos. Bella (Nathalia Costa), a fantasminha legal, chega a provocar acidentes para promover um encontro dos protagonistas.A menina também brinca com o fato de poder ultrapassar paredes e árvores, assim como Castilho (Marcelo Médici), cirurgião que já incorporou em Caíque e operou Laura com um canivete e linha de costura numa estrada. Ele precisa que Caíque cumpra um acordo feito numa encarnação passada para que o mocinho tenha evolução espiritual. Mas é Claudia Raia, que vive Samantha, uma médium trambiqueira, tão falsa quanto a raiz de seu cabelo loiro, quem faz graça. Exagerada, a começar pelo figurino, a personagem abre espaço para comentários cômicos, como o mau uso da facilidade com a comunicação com outro mundo, com o charlatanismo espiritual.

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Se, por um lado, parece ser preciso tratar, nas novelas espíritas doutrinárias, de assuntos complicados como ligações cármicas, espíritos auxiliadores e predestinação (e algumas vezes até provoquem algum tipo de polêmica com erros ou fantasia além da conta na temática), as descompromissadas, como é o caso de Alto Astral, estão mais ou menos livres para exagerar nos clichês românticos, na ingenuidade, na comédia leve, sem a ordem da filosofia kardecista.Da mesma maneira, ao colocar as crenças no sobrenatural - quaisquer que sejam, de fundo mais ou menos religioso ou simplesmente derivadas de uma vontade de acreditar em explicações não racionais no centro das tramas, aposta-se numa espécie de vale tudo irrealista, que deve, de alguma maneira, trazer conforto escapista ao público acostumado com obras repletas de sexo, dramalhões e violência. Alto Astral, nesse sentido, a julgar pela segunda semana de exibição, tem sido exemplar. Com elenco que mesclam veteranos e atores pouco conhecidos, direção de Jorge Fernando, locações e fotografia de encher os olhos, ‘Alto Astral’, com seu espiritismo light, é simples, sem ser simplória, como toda telenovela deve ser.*Com orientação e supervisão da repórter Marília Galvão

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