A cantora Daniela Mercury se apresenta nesta sexta-feira (1º) na Praça Cairu, no Pôr do Som. Ela conversou com o CORREIO sobre o projeto, o Ano Novo e os planos para 2016.
1) O Pôr do Som já acontece há quase 20 anos. Como surgiu essa ideia de fazer um show celebrando o Ano Novo?
Sentia um vazio depois do Réveillon e tinha vontade de receber o novo tempo, o novo ano com doces canções. Assim nasceu a ideia de fazer do Pôr do Som um show de MPB que sempre termina com muito Axé.
2) Para alguns, o Ano Novo é uma data como qualquer outra, somente mais uma festa. Para outros, é mesmo o início de um novo ciclo, de uma nova fase. E para você, qual a importância dessa data?
Gosto dos rituais de passagem, acho importante pra nosso amadurecimento, para o nosso auto conhecimento. Acho que a virada de ano nos lembra que a vida é curta e que o tempo deve ser usado da melhor maneira possível. E essas grandes festas, além de nos conectarem com nossas origens, nossa cultura, nos lembram que somos humanos que vivemos com milhões de pessoas na nossa cidade,no país e no planeta e todo esse movimento emocional de festejar a vida com arte promove a paz,pois melhora nossa relação com nós mesmos e com o mundo.
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| (Foto: Agecom) |
3) Qual o balanço que você faz de 2015 e quais os planos de 2016?
2015 foi um ano cansativo, doloroso, mas transformador pra todos os brasileiros. A tensão política, a iminência do impeachment, o desastre humanitário e natural em Minas Gerais e no mundo a guerra da Síria e o sofrimento dos refugiados, os ataques terroristas na França e em outras partes do mundo nos maltrataram muito. Foi um ano de conquistas na área de direitos civis pra a comunidade LGBTI e de perdas de direitos para as mulheres e jovens brasileiros com a absurda decisão de diminuição da maioridade penal para 16 anos! E as mulheres têm que continuar lutando até para derrubar as leis que proíbem a amamentação em público, o uso da pílula do dia seguinte e o atendimento médico a mulher que é violentada. Temos muitos políticos absurdamente corruptos, machistas e maus. Pra nos alegrar, o Papa Francisco quebrou muitos tabus dizendo que casamento não é dogma, acolhendo a comunidade LGBTI, falando que as mulheres católicas não devem ter filhos demais e responsabilizou a todos aproximando a igreja e lembrando que ela é feita de indivíduos. Angela Merkel nos deu uma lição de humanidade recebendo milhões de refugiados na Alemanha. E a ONU lançou sua primeira campanha mundial contra homofobia pra que o mundo reflita sobre seus conceitos. Um ano difícil, mas muito revelador, transformador e portanto muito importante pra todos.
4) A festa terá convidados? E o repertório?
O show será delicado e acústico pra receber 2016 com amor e doçura. Farei algumas músicas do repertório de voz e violão,canções como Dara, Ilê Pérola Negra,como os nossos pais, há tempos, o mais belo dos belos receberão um arranjo mais leve. Pra iniciar as comemorações do Centenário do samba, receberei no palco Mariana Aydar com suas emocionantes interpretações. E em seguida mostro pela primeira vez, ao vivo em Salvador, Maria Casaria, música do novo álbum Vinil Virtual que compus pra Malu! Terá também, do novo álbum, De Deus de Alah,de Gilberto Gil, Três vozes, Alegria e Lamento! Ou seja, alegria não vai faltar pra começar o ano.
5) A festa mudou para a Cayru há três anos. Por que a mudança e qual o balanço que você faz desse novo cenário?
Adoro o lugar, tenho afeto por ele, nesse ano de celebração do samba não há melhor lugar pra acolher essa festa. E está sendo uma importante valorização do centro histórico de Salvador. Feliz ano novo pra todos com música, esperança e alegria, pois um povo que não acredita em si não prospera. Temos que atacar os problemas e não a nós mesmos.
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