|
---|
João Miguel ao lado de Vinícius Nascimento na pré-estreia de 'A Beira do Caminho', em Salvador |
O baiano
João Miguel faz parte do seleto grupo de atores da terra que deram certo na dramaturgia nacional. Ele volta às telonas com o filme '
À Beira do Caminho', produzido pela Conspiração Filmes e pela Fox Film do Brasil e que conta com as participações de
Vinícius Nascimento (Duda) e
Dira Paes (Rosa). A direção é assinada por
Breno Silveira.
Veja também: Drama brasileiro 'À Beira do Caminho' é destaque no cinema Versatilidade é marca registrada na carreira de João. Vencedor de diversos prêmios, inclusive no Festival de Cinema de Cannes, o ator já trabalhou em diversas vertentes da arte dramática, como circo, teatro, cinema e televisão. Aos 17 anos, foi morar no Rio de Janeiro - cidade onde se consagrou na profissão. Recentemente, ele interpretou o personagem Belarmino na novela 'Cordel Encantado', da TV Globo.
Conheça o canal de cultura do iBahia Em entrevista a reportagem de
iBahia durante a pré-estreia de 'À Beira do Caminho', em Salvador, João Miguel conta detalhes da produção do filme, abre o jogo sobre os próximos projetos e ainda faz um balanço da carreira.
iBahia - Como surgiu o convite para o filme? João Miguel - Foi um convite curioso. O Breno Silveira me ligou no momento em que eu já estava comprometido em fazer outro filme. As datas das gravações chocariam. Expliquei a situação e ele disse que não tinha problema, porque ainda estava definindo como seria o personagem. Fiz a leitura do roteiro de uma vez só. Era uma grande pista do João. Aí desisti do outro filme e fui fazer 'A Beira do Caminho'.
iBahia - Como foi a preparação? JM - Foi uma experiência incrível, não só por contracenar com o Vinícius Nascimento, mas por ter o Breno por perto regendo toda a orquestra. A dificuldade maior foi descobrir o João que estava no roteiro. Me reuni durante três dias com a equipe e sugeri ideias. Isso foi muito importante para poder entender o personagem. Trouxe algumas referências de outros filmes, como o 'Paris, Texas' (1984), do diretor Wim Wenders.
iBahia - Você se inspirou em alguém para interpretar o João? JM - Procurei me espelhar em personagens introspectivos, duros, fechados dentro deles – que é a metáfora do João, que vive em um caminhão. O personagem não quer se comunicar com ninguém até encontrar esse menino e mudar o destino dos dois. Aliás, a química com o Vinícius foi incrível. Passava a bola e ele marcava o gol.
"Foi uma experiência incrível, não só por contracenar com o Vinícius, mas por ter o Breno por perto regendo toda a orquestra". João Miguel |
iBahia – O que você achou dos temas abordados em 'A Beira do Caminho'? JM - A questão da incomunicabilidade é muito presente hoje em dia. Existem muitas questões dentro do filme que são universais, como a valores de paternidade ou de você poder escolher uma família que não necessariamente seja a sua de sangue.
iBahia - Agora vamos falar de questões mais técnicas relacionadas ao filme. Você dirige caminhão? JM - Já sabia dirigir por conta de outro trabalho que fiz. Tinha feito aulas de direção no passado e tomei um curso para aprender a manusear o caminhão mostrado no filme, que é quase um personagem dentro de 'A Beira do Caminho'. Mas a pesquisa dentro do universo dos caminhoneiros foi mais voltada para a personalidade do João. i
Bahia - Quanto tempo durou as gravações? JM - Seis semanas ao todo. Filmamos muito na região de Juazeiro e Petrolina, depois subimos para a Chapada e depois passamos por Paulinia. O Breno conhece muito bem as regiões e procuramos filmar de uma forma que parecesse que tivéssemos passado por várias regiões do Brasil, buscando paisagens e vegetações diferentes, mostrando a pluralidade que o próprio país tem.
"A questão da incomunicabilidade é muito presente hoje em dia". João Miguel |
iBahia - Como está sua agenda agora? JM - Estou com alguns filmes para serem lançados ainda este ano. Tenho vivido experiências variadas no cinema para conhecer a linguagem característica. Já o teatro é um amor constante, a minha base e minha lógica é de ator de teatro. Tenho dois espetáculos que pretendo retomar e um deles é 'O Bispo'.
iBahia - E a televisão? JM - Também é um namoro forte e que está acontecendo aos poucos. Provavelmente vou fazer uma minissérie, mas não quero falar sobre isso ainda. Vai ser uma experiência interessante depois de 'Cordel Encantado', onde interpretei um personagem que cresceu e conquistou o público. Sempre quis participar de uma obra aberta e na novela tive a oportunidade de trabalhar ao lado de grandes atores.
"O teatro é um amor constante, a minha base e minha lógica é de ator de teatro". João Miguel |
iBahia - Você faz parte do seleto time de baianos que conseguiram dar certo nacionalmente com a carreira de ator. Como você avalia o cinema brasileiro hoje? JM - Tenho feito muito cinema no circuito nacional. Tenho grandes pessoas que admiro profundamente, como o diretor Edgard Navarro. O baiano tem uma pegada autoral muito forte e que acredito que vai se potencializar ainda mais nesta nova etapa do cinema, criando parcerias e vínculos com outros olhares. Acredito na lógica da mistura. Sou um eterno torcedor do cinema baiano.
iBahia - Para encerrar, como você decidiu ser ator? Qual o conselho que você dá para os novos talentos que tentam seguir a carreira? JM - Comecei aos 9 anos e isso me permitiu quase que brincar de teatro. Nunca pensei em ser ator e em optar por isso profissionalmente. Aconteceu. Fiz parte de um grupo teatral em que pude protagonizar meu primeiro espetáculo aos 15 anos. Depois fui para o Rio de Janeiro, onde tudo aconteceu. Acho que é importante ser apaixonado pelo que você faz. É um ofício encantador, mas tive que abrir mão de muitas coisas para dar certo. O cinema é um veículo em que podemos contar histórias de brasileiros comuns e plurais. Tem que ter paixão. [youtube mnSgPo22gzA]