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Entrevista: Atriz defende gays e critica violência em Salvador

Atriz da TV Globo critica trânsito e violência em Salvador; ela se apresenta na cidade com o espetáculo 'Minimanual de Qualidade de Vida'

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05/05/2013 às 10:00 • Atualizada em 27/08/2022 às 6:56 - há XX semanas
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Alexandra Richter esteve na Rede Bahia para participar do programa 'CBN Bate-Papo'
A multimidiática atriz Alexandra Richter é uma daquelas artistas que mergulha de cabeça em qualquer trabalho. Após protagonizar por mais de três anos um dos maiores sucessos teatrais dos últimos anos, 'A História de Nós 2' - apresentado em duas temporadas na capital baiana -, ela está de volta aos palcos com 'Minimanual de Qualidade de Vida'. Em cena, Richter interpreta Angelina Pimenta, uma palestrante que apresenta à plateia um livro que pretende otimizar o tempo das pessoas, torná-las melhor informadas, manter corpo e mente em harmonia, enfim, toda uma sorte de requisitos 'fundamentais' para a tão almejada felicidade. O minimanual de qualidade de vida é dividido em capítulos, só que a própria personagem não conseguiu ler todos, e isso vai ficando claro no decorrer da peça. Leia outras entrevistas: Mr. Armeng fala sobre preconceito, música e futuro da carreira Ex-bailarino de Daniela Mercury abre o jogo sobre preconceito na dança Thiago Kalu conta tudo sobre 1º disco da carreira e novo show Com direção de produção de Gustavo Nunes, cenografia de Clívia Cohen, a montagem aposta em recursos multimídia para representar as controversas 'verdades' defendidas pela palestrante, e sua interação com a plateia. Trata-se do segundo monólogo da carreira da atriz – o primeiro foi 'Uma Loira na Lua', de 2004 -, uma comédia de Ana Paula Botelho e da roteirista global Daniela Ocampo, que assina também a direção. A comédia é apresentada em Salvador neste fim de semana, no Teatro Sesc – Casa do comercio, às 20h. Na tarte desta sexta (3), a Alexandra Richter esteve nos estúdios da rádio CBN Salvador na Rede Bahia para participar do programa 'CBN Bate-Papo', apresentado pelos jornalistas Scheila Anunciação e Lula Tavares. Com mais de 15 anos de carreira na televisão e também com pequena experiência no cinema, Alexandra Richter conversou com o iBahia logo após participar da atração. No papo, ela falou sobre o novo espetáculo, futuros projetos na TV e criticou o trânsito e a violência em Salvador. Veja: iBahia - Como surgiu a ideia do espetáculo? Alexandra Richter - Quis falar sobre qualidade de vida, sobre o tempo que a gente leva para fazer uma infinidade de coisas que a gente faz hoje em dia. Na época, estava fazendo a peça 'A História de Nós 2', gravando a novela ['Cheias de Charme'], com filha pequena, casa, marido e tudo. Aí eu falava "gente, o dia não tem mais 24 horas". Liguei para a Ana Paula Botelho, que é minha amiga desde os tempos da escola de teatro. Falei queria falar sobre isso e ela pediu para que eu 'computasse' o tempo que levava para fazer coisas simples do dia a dia. iBahia - Você levou para o espetáculo alguma situação inusitada que viveu na vida real? Alexandra Richter - Não, foi o contrário. Por exemplo, agora, se tenho uma coisa que era para fazer naquela semana, e era uma coisa que não era tão importante, mas que estava me aborrecendo, passei a falar "foda-se" [igualmente como acontece no encerramento no espetáculo]. Antes, achava que a casa tinha que estar impecavelmente arrumada. Então, antes de dormir e mesmo sabendo que a empregada iria no dia seguinte, arrumava tudo. Passei ligar o "foda-se" [risos]. iBahia - Que mensagem você pretende passar com 'Minimanual de Qualidade de Vida'? Alexandra Richter - O espetáculo não quer dizer que é para a pessoa ligar o "foda-se" para tudo. Na verdade é para as coisas que você protela para resolver. A peça é para você relaxar, não é para dar dica de verdade nenhuma. É claro que você tem que cumprir as obrigações do dia a dia, mas aquelas coisas chatinhas que estão te aborrecendo é importante dar um "foda-se". No Rio de Janeiro a moda pegou. No fim do espetáculo ela fala "quando a vida começa a te aborrecer, o que é que a gente faz?" e a galera grita em coro o "foda-se". É uma catarse.
"Acho que talento e vocação são coisas que já nascem com a pessoa"
iBahia - Você é uma artista plural e que faz, além do teatro, televisão e cinema. Existe algum meio de comunicação que você prefere mais? Alexandra Richter - Não tenho preferência, gosto de todos os veículos. Meu foco é o público, sempre. É claro que no teatro me realizo mais, porque produzo também. Escolho as coisas que vou fazer e com quem vou trabalhar. Então isso já é um ponto a favor. iBahia - Você acha que para fazer teledramaturgia o ator tem que passar pelo teatro? Alexandra Richter - Não necessariamente. Uma das atrizes que mais admiro é a Glória Pires e ela nunca fez teatro. Não tem essa questão. Acho que talento e vocação são coisas que já nascem com a pessoa. É como o médico, que sabe tudo e poderia ser um clínico geral, mas optou pela endocrinologia ou a pediatria. O cara pode saber tudo, mas optou por aquilo, entende? Não tem isso de ter que passar pelo teatro, entretanto ele te dá uma boa base porque o público está ao vivo. Então, ou você é bom, ou você é bom. No teatro você não engana. O público rejeita se você for ruim. Tem uma questão física e de disciplina de estudo que o teatro te impõe, porque você tem que estar inteiro no palco. iBahia - Você já tem algum novo projeto para a televisão? Alexandra Richter - Recebi um convite do diretor Dennis Carvalho para participar da nova temporada de 'Malhação', sendo a vilã cômica. O novo núcleo de veteranos será composto por mim, Paulo Betti, Tuca Andrada e Isabela Garcia. Estamos todos muito bem animados, porque vai dar uma mexida. A personagem é deliciosa. iBahia - Como vai ser trabalhar com o público jovem? Alexandra Richter - Fiz muitos anos de teatro infantil e fiz muitas peças infanto-juvenis. Acho que o público independe da idade. Ele quer ver uma história boa. Se a gente estiver fazendo bem e contando bem a história, o público embarca. Outro dia me perguntaram se o público tem preconceito em relação a casal gay na televisão. Respondi que não. O público não gosta da história que não tem verdade. Seja casal gay, hétero, de diferentes idades, de etnias diferentes... o público torce para casais que têm química.
A montagem aborda, de forma leve e bem-humorada, uma das questões mais delicadas (e pertinentes) do homem contemporâneo: como organizar a própria vida tendo como parâmetros os 'padrões de qualidade' estabelecidos pela sociedade
iBahia - Já que você tocou no assunto, você é a favor do beijo gay na televisão? Alexandra Richter - Olha, acho que não estamos numa época de censuras, né? Então, acho que é o momento até de dar uma escancarada maior, até por conta desse [Marco] Feliciano, né? No espetáculo, minha personagem fala que até o Papa renunciou e ele não. É inadmissível que a gente esteja em 2013 e a gente tenha uma pessoa como essa. Isso me incomoda muito! Uma pessoa que está me representando, porque quem paga imposto somos nós, então ele está trabalhando para mim e dando esse tipo de declaração com essa postura que é triste. iBahia - Você vem sempre a Salvador. Existe algo que te chame a atenção no público baiano? Alexandra Richter - Eu adoro Salvador. Em um ano e meio, já é a terceira vez que me apresento aqui. Adoro o baiano, o jeito do baiano. Só fiquei impressionada com o trânsito. A última vez que tinha vindo para cá foi na época da eleição e percebi que a cidade está igual a São Paulo e Rio de Janeiro. Fiquei preocupada da última vez, porque achei mais violenta. Até falei "ih gente, os bandidos do Rio vieram para cá" [risos]. iBahia - Violenta como? Você passou por alguma situação em especial? Alexandra Richter - Não, não, não. [Estranhei] um pouco, assim, na abordagem quando a gente foi no Pelourinho. A gente sente, né? Como a gente vem a trabalho e também faz turismo, a gente sente porque o Rio era muito violento. O carioca é muito cismado, né? Viemos de um histórico de anos de violência. Mas adoro vir para cá. Sou sempre muito bem recebida e muito bem prestigiada.

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