Do iBahia, por Aline Caravina
Na madrugada da quinta-feira, 07, o cantor Tuca Fernandes e o DJ Ricardo Ferraro lançaram o TF&RF, no Rio do Janeiro. O iBahia, esteve na capital carioca para acompanhar o lançamento do projeto musical e bateu um papo com os dois músicos. Na entrevista exclusiva, eles falaram como nasceu a ideia do TF&RF, entre outras curiosidades. Confira!
iBahia.com - Como surgiu a idéia de criar esse projeto paralelo e como você define o TFRF?
Tuca - Eu sempre tive vontade de ter uma história eletrônica. Sempre gostei pra caramba de música eletrônica e um dia eu tava lá em casa, em um churrasco, e sabia que Rambo era meu vizinho e aí ele coloca a cabeça no muro e fala: ‘Poxa, um vizinho curtindo churrasco ouvindo música eletrônica. Que beleza!’. Aí eu chamei ele lá pra casa, a gente começou a conversar e a esposa dele adorava ‘Soberano’ – que é uma música minha, da época que eu tocava na banda de rock Diário Oficial, e aí ela pediu para eu gravar a música no violão e dar para Rambo para ele fazer o remix. Ela pediu tanto que eu acabei dando a música para ele, e quando ele me devolveu a roupagem eu fiquei louco. Aí disse que eu tinha mais música para fazer e ele topou. Quando a gente começou a fazer, quando viu já tava montando o repertório. Brincando, brincando eu já tava com o repertório e aí a gente vislumbrou uma coisa maior, uma coisa moderna. Aí eu falei pra ele que a gente podia fazer um show com esse som. Ele na pick-up e eu na guitarra e na voz. Ele topou! Passei a idéia para Cris (produtora) ela adorou. Passei para meu irmão, ele também gostou. A 2GB veio e comprou a idéia também e a gente começou a desenvolver. As músicas são próprias, é a mesma música com outro arranjo e com a nossa cara. Isso que é legal. Tem uma história.
iBahia.com - Esse é um projeto onde o público vai conhecer mais o seu lado compositor?
Tuca - Vai, com certeza. Nesse projeto as músicas são todas minhas
iBahia.com - Quando você costuma compor, já que leva uma vida corrida com a agenda do Jammil e agora com esse novo projeto?
Tuca - Não tem um momento específico para compor. Adoro a minha casa, adoro ficar em casa e como eu durmo tarde, sempre rola alguma coisa de madrugada. Aí eu pego o violão, começo a tocar aí vai surgindo. Eu tenho um estúdio no quarto, ai eu ligo e deixo tocar 15 minutos de música. Eu vou garimpando, pegando as coisas legais. É sempre muito solto. Eu vou pegando as partes legais e vou compondo. Às vezes também você tá num momento da vida que emociona, aí eu chego em casa e toco, aí rola.
iBahia.com - Como funciona o trabalho de construção das músicas da TF&RF?
Rambo - O remix funciona de duas formas. Ou você tem uma música feita e faz uma outra releitura. Ou você pega um pedacinho da voz, como se faz muito com Lady Gaga, e se faz uma outra coisa. A música fica tendo uma lembrança do que ela é original, mas com outra pegada totalmente diferente. O que a gente faz muito é pegar uma introdução, por exemplo do Nirvana, para deixar a galera sentir a emoção e depois coloco uma outra cara na música, porque aí o público já entrou na onda. Eu não posso fazer isso com o Tuca, por que o Tuca tem que cantar. Então o que a gente faz, ele pega o violão, canta, pega uma única batida, que já tem uma intenção eletrônica para ele sentir, e com aquilo eu tenho que fazer um misto de eletrônico, mas que seja uma coisa cantada o tempo todo. Por isso que a nossa versão é mais vocal do que uma música padrão de boate. Esse é o diferente do projeto. Criar uma fusão, dos teclados, das tendências eletrônicas, da guitarra que ele traz muito bem, da influência com o rock, da voz dele e das versões que a gente faz, que é diferente de qualquer outra coisa.
iBahia.com - Você é uruguaio, toca teclado em uma banda de axé music e discoteca música eletrônica. Como é que entrou a música na sua vida, essa mistura de ritmos?
Rambo - A diferença do Uruguai para o Brasil, é que o Uruguai não tem essa quantidade e qualidade musical que o Brasil já tem. A gente depende muito do que vem de fora, muita coisa do Brasil, dos EUA. Eu ouvia muito rock, muita musica brasileira, porque minha família é vidrada, e eu acabei pegando. Aí estudei música clássica, música erudita e curti essa coisa dos teclados, e é o que representa muito a música eletrônica. Aquela batida que as pessoas escutam na boate não é uma coisa que veio de agora, tem anos e anos de história. Só que há muito tempo era um tipo de música para você ouvir, tinha muito do clássico, não era para dança, e eu amava aquilo. Aí um dia eu vim para Bahia conhecer, toquei em um piano bar, no Porto da Barra, e acabei ficando. Vendi um teclado para o Durval Lelys, e aí o resto todo mundo já conhece. Ele me convidou para ficar e eu fiquei. Para sintetizar, o sócio do Asa me disse que precisava fazer um som eletrônico antes das apresentações da banda e me convidou para fazer. E de lá pra cá virou um vício. O público aceitou e funcionou bem. Porque você apresentar música eletrônica para um público de carnaval é complicado, mas funcionou bem e aí paralelamente eu comecei a produzir música eletrônica, com remixs.
iBahia.com - Pude navegar pelo site e percebi que apesar do lançamento do projeto para o público só acontecer agora, já existe todo um material previamente pronto, como clipes, vídeos e algumas músicas. Desde quando vocês se dedicam ao TF&RF?
Tuca - O primeiro clipe que a gente colocou no site foi no dia 20 de maio. Foi tudo muito rápido. A gente não esperava que fosse fazer um show tão cedo, assim.
iBahia.com – Vocês tem a pretensão de lançar algum disco?
Tuca - Temos, com certeza. Por enquanto ainda é cedo. É aquela história, começamos devagar. Primeiro fizemos os clipes, aí paramos de fazer as músicas inéditas, para montar um repertório pro show. Nós temos quatro músicas inéditas, então estamos fazendo com calma para montar uma história. Mas eu acredito que o disco não seja para curto prazo. Agora a gente quer mostrar o trabalho, sentir a aceitação. A gente nunca pegou um público, é a primeira vez. A gente precisa senti isso antes. E a banda você cria um corpo de acordo com o público também, você vai ali interagindo, para ver o que funciona mais. Eu vejo várias pessoas falando. Hebert Viana, mesmo, falava: “caramba, a gente faz uma música e acha que vai funcionar e quando você joga para o público, nem funcionou tanto. Já outra coisa que você nem botava muita fé, estourou”. Então esse feddback a gente tem que ter. É errado a gente botar um disco agora sem ter ido para estrada.
iBahia.com - Alguma composição que você goste mais?
Tuca - “Sobernano”, que foi o que deu início a tudo é uma música muito forte e que eu gosto bastante. Mas “Nada”, que a música de trabalho, é a minha paixão.
iBahia.com - Porque lançar o TFRF no Rio de Janeiro, e não na Bahia?
Tuca - O Rio de Janeiro é um lugar de uma visibilidade muito grande. Qualquer coisa que você faça aqui, ela repercute no Brasil de uma forma muito rápida. Porque o Rio tem muitos formadores de opinião, é centro. Por exemplo, hoje tem aqui contratantes de Minas Gerais, de Brasília, de São Paulo. Temos parceiros aqui, que tem um know-how muito grande de shows. E foi juntando todos esses fatores que a gente escolheu o Rio.
iBahia.com - Em alguns momentos da carreira, Rambo mistura um pouco do eletrônico com o axé - faz isso em algumas versões remixadas do Asa de Águia, já trabalhou em parceria com o cantor Alexandre Peixe fazendo o remix de um CD dele. Com o TF&RF é diferente, já que não possui nada de axé?
Rambo - Não. Eu vou ser bem sincero. Dentro do Asa de Águia a minha participação sempre foi de fazer arranjos de teclado e dar esse toque do teclado que só, modéstia parte, o Asa tem. Se você me pedisse para produzir um disco de carnaval eu diria que tem gente que vai fazer muito melhor do que eu, porque é uma pegada que a pessoa tem que ter. A minha pegada do axé ela vem a calhar muito bem dentro do Asa. Agora o que eu tô fazendo é voltando a fazer o que sempre fiz, eu sempre brinquei disso em casa. Eu levava essa brincadeira para o Asa de Águia, para o trio. No primeiro disco ao vivo do Asa, que eu fiz uma introdução para a música “Não Tem Lua”, só de teclado, já é uma coisa meio trance, bem eletrônica. Eu não to abandonado minha roupagem de carnaval e vendo o que dá. Eu to, na verdade, assumindo o que eu sempre fiz. O desafio para mim foi ter conseguido participar de um movimento tão brasileiro e tão baiano, que foi o carnaval . Isso pra mim agora é uma facilidade.
iBahia.com - Não tem como falar de um projeto paralelo ao Jammil, sem levantar a hipótese de uma suposta saída do grupo. Existe essa possibilidade, por mais distante que esteja?
Tuca - Não. O projeto é paralelo. O nome já diz que é paralelo mesmo. Adoro o que eu faço no Jammil, tenho a maior paixão pela banda. Os fãs, eu adoro todos os eles. Eu acho que é muito bom um artista poder se reinventar, poder mostrar um outro lado, com profissionalismo, com dedicação, com amor, então eu não vejo problema nenhum você mostrar um outro lado da história. Estaria dando um tiro no pé se eu estivesse montando uma banda de axé, aí seria terrível. Mas montar um projeto paralelo, que não tem nada haver com a história do axé, não vejo problema. Eu vejo muito isso como um aprendizado, tenho crescido muito como músico. As experiências que eu tenho vivido com Rambo no estúdio e agora no palco só me fazem crescer.
iBahia.com - Manno Góes e Beto Spínola, seus parceiros no Jammil, apoiam esse seu novo projeto?
Tuca - Todos eles. É muito legal, mesmo. Me dão a maior força, os caras adoram.
iBahia.com - Como você vai fazer para conciliar as duas agendas - Jammil e TFRF?
Tuca - Esse que é o problema (risos). Essa semana, mesmo eu fiz show segunda, em Porto Seguro (BA), ontem passei o som aqui (RJ), hoje eu faço show, amanhã eu sigo para Fortaleza, Teresina, só chego em casa quarta-feira que vem.
Após o lançamento aqui no Rio, como vai seguir a agenda da TFRF?
Tuca - Tem vários contratantes de fora que já vieram com várias propostas. Aí vamos para Salvador, alguns deles vão também para ir fechando a agenda.
*A repórter esteve no Rio de Janeiro a convite da produtora 2GB
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