Pouca gente percebeu, mas Luiza Brunet esteve na posse de Jair Bolsonaro, na última terça-feira (1). Preocupada com a reação que sua presença pudesse gerar diante de um país tão dividido, preferiu ficar distante dos holofotes. “É necessário abrir diálogo com o poder público para reduzir os índices de violência contra mulher no Brasil”, diz. Aguerrida no tema desde que, em 2016, teve quatro costelas quebradas pelo ex-marido, o bilionário Lírio Parisotto, Luiza sabe de cor as estatísticas da violência doméstica: “No primeiro semestre de 2018, quase 80 mil mulheres foram agredidas. E no segundo, o número de homicídios contra elas cresceu 12% em São Paulo”.
Em uma entrevista, a ex-modelo de 56 anos reviveu momentos de dor, confessou estar sendo ameaçada de morte por uma seguidora do Instagram e disse que, depois de dois anos “sem beijo na boca”, não vê a hora de voltar a namorar.
Que balanço faz de 2018 e o que deseja para 2019?
Foi um ano de muitas conquistas. Meu filho, Antônio, de 19 anos, está fazendo faculdade de Nutrição em São Paulo, morando sozinho, superindependente. Yasmin (a primogênita, de 30) está megaenvolvida em causas ambientais. E eu, depois de tudo o que sofri, ganhei voz na luta contra a violência doméstica. Estive na ONU, em Genebra, no fim do ano. Me chamaram para fazer uma campanha internacional contra a violência.
Seria cruel dizermos que há males que vem para o bem?
Não. Doeu demais, mas cresci muito como mulher, como pessoa. Sou muito mais útil agora. Transformei minhas redes sociais num consultório. Não sou psicóloga, nem tenho pretensão de ser, mas converso com as mulheres, as ajudo a reconhecer os sintomas de um relacionamento abusivo.
Quando começaram as agressões?
Do segundo para o terceiro ano. Ficamos, ao todo, cinco anos juntos. Ele me agredia física e verbalmente, mas eu o amava. Acreditava quando ele dizia que ia parar. As pessoas me perguntam: “Por que você não saiu fora logo depois da primeira vez?”. Não é tão simples. O agressor tem, por padrão, ser tão doce quando se arrepende, a ponto de fazer a vítima acreditar que aquilo não irá se repetir.
A Justiça negou seu pedido de união estável com Parisotto e determinou que você pagasse R$ 1 milhão em honorários à defesa dele. Como está isso?
Nós recorremos. Lírio diz que eu era uma das várias namoradinhas dele. Fez, inclusive, com que um sommelier famoso, meu amigo, que vivia lá em casa, no barco com meus filhos, fosse sua testemunha dizendo que eu não passava de uma ‘peguete’. As pessoas têm medo dele. Uma amiga minha que depôs a favor do Lírio, chegou a dizer que eu vivia drogada de tarja preta, sendo que nunca tomei remédios. Mas olha, viveria tudo outra vez se fosse para aprender tanto quando tenho aprendido.
E a Justiça, o que diz?
Ele foi condenado por agressão em primeira instância e entrou com recurso, alegando que eu inventei. Acha que eu seria capaz de bater no meu próprio rosto e me quebrar costelas? Fiquei um lixo humano. No fim do mês sai a sentença final.
Fez terapia?
Não, fiz um lifting. Me levantei, literalmente. Meus amigos diziam que eu tinha que fazer terapia. Mas não curto. Tentei outras vezes e não dá certo, falo demais, me sinto entrevistada. Eu conversava com as pessoas, pintava o cabelo, fazia a unha. Me cuidava para não deprimir. Sou feminina, amo unha comprida, salto alto. Terapia para mim é lavar a louça e arrumar a casa. (As feministas) Não gostam que eu fale isso, mas é verdade, me faz bem.
Parisotto tem fortuna estimada em US$ 1,6 bilhões, o que faz com que muita gente a chame de interesseira. Isso chateia?
Fui chamada de vagabunda, piranha, trambiqueira. E, principalmente, pelas mulheres. Depois de quatro costelas quebradas, um olho estourado e o psicológico destruído, fui agredida por elas. Movi ação contra duas que pesaram mais pesado e estou sendo ameaçada de morte.
Por quem?
Quando estava na Suíça, recebi ameaça de uma suposta Suzi Cortez, via direct message, no Instagram. Não sei se é um usuário fake, mas já tomei as medidas cabíveis. (Na troca de mensagens, que você confere aqui, um usuário chamado Suzi diz: “Pare de tocar no nome dele ou você vai ter problemas comigo, mando te matar”).
Por falar em Instagram, em agosto, você bateu boca com uma seguidora e pediu desculpas. O que houve?
Perdi a cabeça porque ela falou com muita propriedade sobre a primeira instância da união estável que eu tinha perdido. Perguntei se era a empregada que trabalhava lá em casa para saber de tantas coisas. Mas não a chamei de negra nem fui racista (como sugeriram). Só perguntei se era empregada. Fui doméstica durante anos e tenho o maior orgulho. Minha mãe era pobre, dividiu a gente em várias casas para termos onde morar e ajudarmos nas contas. Somos cinco mulheres e um homem. Trabalhei em casa de família dos 12 aos 15 anos. De tão menina, passava roupa vendo desenho animado. Uma vez queimei a camisa do patrão e joguei fora com medo de levar um safanão.
Sua mãe também foi vítima de violência doméstica?
Ela é uma guerreira. Aos 17 anos, foi morar no Mato Grosso do Sul e se casou com meu pai. Teve seis filhos. E ele, frustrado por só viver de bico, começou a beber, ficou agressivo. Batia muito nela.
Já pensou em transformar sua história em livro ou filme?
Vou fazer um filme com a Carolina Kotscho, que fez “Dois filhos de Francisco”, a minissérie e o longa da Hebe Camargo. O projeto é similar ao da Hebe, estamos conversando com a Globo Filmes.
Quem deve fazer o seu papel?
Alguém desconhecido. Se pegarmos atriz conhecida, não será o filme da Luiza, mas da Isis Valverde, da fulana de tal, sei lá...
Você está namorando?
Não, estou há dois anos sem transar nem beijar. Desde que me separei, não estive mais com outro homem.
A dor a esfriou?
Pelo contrário. Estou fazendo reposição hormonal e voltando com tudo. Me aguarde (risos). Já tinha tirado o útero, o que mexe com a libido, e fiquei doente depois de tudo, precisei me cuidar. Fiz tratamento, coloquei um monte de chips (de hormônios), menos o da beleza, porque não aguento ficar mais bonita (risos). Não tenho mais enxaqueca, mau humor. E tô com o tesão afloradésimo!
Nunca entrou no Tinder?
Imagina! Jamais conseguiria olhar o cara num aplicativo e ligar. Não sou do sexo casual. Sou de namorar, cozinhar, coçar a cabeça, botar no colo. Prefiro fazer as coisas no tempo delas. Não estou desesperada para ter um homem na minha cama nem na minha vida. É bom ficar sozinha.
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Redação iBahia
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