O cabelo repartido para o lado, com uma pomada que não o deixa sair do lugar; a camisa preta lisa, sem uma prega amassada; e os óculos redondinhos de armação fina, sem nenhum arranhão, com os quais Klebber Toledo chega ao encontro com a Canal Extra não nos deixam mentir: ele é mesmo um sujeito bem alinhadinho. Até já passou pela cabeça do ator andar mais desajeitado por aí, na tentativa de ser visto com outros olhos, e quem sabe ganhar elogios além de “príncipe”. Aqui neste ensaio, nós demos uma forcinha, e o rapaz comprou o personagem que dá umas puxadas na calça de moletom aqui, deixa escorregar uma mão ali…
— Eu me diverti nessas fotos, estava entre amigos. Fui criando historinhas, entrei na onda, ouvi uma música... Cara, não me acho sexy. Eu me acho normal. Na verdade, todo mundo tem um lado sensual, brega e por aí vai. Não fico andando na rua sensualizando (risos). As pessoas me veem em fotos ou em eventos em que estou superarrumado... Não sei... Aí idealizam — despista o galã, que logo brinca: — Bom, a Camila (Queiroz, sua mulher) deve me achar sexy.
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Dispostos a desvendarmos o lado mais devasso desse menino de Bom Jesus dos Perdões, interior de São Paulo, logo percebemos que falar da atriz, com quem está casado há quase um ano, ajudaria a apimentar o papo.
— Camilinha é muito linda mesmo. Às vezes, vejo umas fotos dela e falo: “Meu Deus do céu, olha como é bonita, como é que pode?”. Ela acordando é mais linda ainda — derrete-se: — Sabe, não é estar pelado, ou com uma roupa específica, ou de perna aberta ou fechada. Eu me sinto mais sensual para Camila na hora em que eu a surpreendo. Seja quando faço uma comida especial, quando dou um beijo que ela não está esperando, quando faço um carinho diferente… Atitude certa no momento certo é o que dá mais tesão.
Assim, o ator logo entrega que é estimulado por qualquer provocação, desde as que são só sugeridas até aqueles toques em pontos fracos.
— Sou despertado por tudo. Não tenho tempo ruim. E não precisa de nada também, cara. Estamos aí, vamos lá — diz, aos risos bem envergonhados.
A timidez de Klebber de avançar em assuntos íntimos combinam bem com seu estilo, o par de olhos azuis, o rosto de traços delicados e toda sua aura angelical, que contrasta com um corpo de quem está dedicado a manter a academia em dia.
— Eu tenho cara de bom moço mesmo, sou correto no meu trabalho, na minha vida pessoal... Isso é o mínimo e é uma coisa que me facilita a vida. Se já é difícil sendo correto, imagina não sendo? Mas posso ser bem maluco também. Gosto de esporte radical, de adrenalina e, às vezes, não vejo sentido na vida se não tiver um certo risco. Como curto pegar onda, quero evoluir nisso. Se gosto da função de diretor, também invisto nessa área. Eu quero sempre me colocar num lugar de onde posso cair. Essa sensação de “agora vai ou vai” me move bastante — diz o ator, de 33 anos, pensativo, com o olhar perdido no horizonte.
Numa profissão em que a aparência importa tanto, o estereótipo de príncipe perfeito que Klebber carrega acaba limitando seus trabalhos. Mas tomar tempo olhando para o guarda-roupa no dia a dia, com a intenção de provocar um olhar diferente por parte dos outros, não é mesmo um de seus hobbies.
— Meu armário é todo preto, branco e cinza. E organizado por cor. É que aí, até no escuro, eu consigo achar tudo. Gostaria de ser mais ousado na minha forma de me vestir, mas não tenho paciência. Sou prático. Aí, vim de preto. Vou usar isso todos os dias se puder. Eu até tento me bagunçar mais, mexo no cabelo... Mas quando vou ver… “tooiin”, ele está caindo de lado. Outro dia, fiz um ensaio numa piscina, saí da água, e meu cabelo foi de novo para o mesmo lado. Não é possível! — relembra Klebber, aos risos, exibindo os dentes brancos e retinhos.
Após o tom de brincadeira, veio uma reflexão, quase em tom de desabafo.
— Por que eu preciso me mostrar mais bagunçado para ter a chance de fazer um personagem diferente? Se eu interpretar um drogado, não vou me drogar. Posso ter perdido trabalhos com pessoas legais por simplesmente ter sido rotulado. Estou na Globo há 13 anos, sou responsável com tudo, tenho respeito pelo que faço e posso levar um conteúdo bacana a quem nos assiste. E, falando como diretor, o que espero é olhar para um ator e pensar como eu vou desconstruí-lo e não como vou pegar uma pecinha montada e colocar em um quebra-cabeça.
Em momento algum, o discurso de Klebber esbarra na idea de “sofrer por ser bonito”. O ator reconhece que, aos poucos, tem conseguido sair da zona de conforto, como em “Ilha de Ferro”, seriado em que fez o vilão Bruno e apareceu com uma aparência suja, um aplique no cabelo e uma maquiagem que simulava vários ferimentos.
— Não quero deixar de trabalhar! E, se não tiver uma proposta mais ousada, não posso falar: “Eu só vou fazer coisa diferente”. Ué, eu preciso pagar as minhas contas. Então, não vou ficar recusando tudo. Mas, aos poucos, quero me mostrar. Todo mundo encontra barreiras na profissão, eu não sou coitado de nada e comigo não tem disso de ficar me lamentando por ser visto como um rostinho bonito. Meu problema é que a gente vive num país em que a cultura é mais banalizada, que a gente tem pouco espaço para muitas mentes brilhantes, muitos bons atores batalhando por um lugar ao sol.
— Estou vivendo um momento de busca de novos desafios, de formatos e métodos diferentes. Tinha acabado de sair de uma série muito densa e, de repente, me chamam para fazer uma novela das sete, escrita por duas autoras que admiro, naquele estilo Jorge Fernando (o diretor), que é só dele... E ainda para fazer par com Claudia Raia! Sem falar que minha mulher estava no projeto, então a gente teria férias juntos (risos)... Não tinha como não topar. Estava precisando dessa leveza.
— Eu morro de vergonha de ficar sem camisa, não é fácil de fazer e estou vencendo barreiras internas. Estou ali, em uma cena, rebolando para cem pessoas! A forma que eu danço é uma, o Patrick dança de outro jeito. Eu não fico de tanguinha e vestido de oncinha pra ninguém (risos). Mas não interessa, ali não sou eu. Então, tenho que virar a chavinha. O jeito de olhar não é meu, aquela postura, com os ombros arqueados, e a boquinha presa, também não. E não é uma sensualidade apelativa, de graça. Tem sempre um contexto, uma brincadeira. Patrick é uma libertação — afirma.
É isso aí, Klebber, libera geral!
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Redação iBahia
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