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Leandra Leal fala sobre desafio de criar filha e o racismo

"Eu vou me indignar junto, vou consolar, vou lutar junto, vou fazer de tudo para que ela tenha autoestima forte", disse a atriz sobre as situações de racismo

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Redação iBahia

20/11/2017 às 16:13 • Atualizada em 31/08/2022 às 20:51 - há XX semanas
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Filha de Leandra Leal e Alê Youssef, Julia, de 3 anos, despertou muito amor, mas também reflexões sociais importantes na vida dos pais. Em post publicado neste domingo, Dia da Consciência Negra, a atriz divide com seus seguidores seus sentimentos diante dos desafios de ser mãe de uma menina negra em uma sociedade racista, assim como do preconceito que a pequena terá que enfrentar em sua caminhada.

Foto: Reprodução

Confira texto na íntegra:

"Eu, que sempre lutei por liberdade e igualdade, que sempre me indignei contra a injustiça, intolerância, machismo e preconceito. Eu, que sempre me considerei politizada e consciente, cai na terra quando fui mãe. De alguma forma, a maternidade intensificou isso tudo. Acho que toda mãe passa por esse processo: tem medo desse mundo, tem dúvidas de como criar sua filha para ser forte e potente, capaz de autonomia e enfrentamento. Capaz de amar o outro como a si próprio. Ser mãe me fez uma pessoa muito mais conectada ao outro. Agradeço tudo o que eu venho vivendo. A descoberta desse amor e dessa vida, dessa consciência nova, desse novo olhar para o mundo. Dessa vontade de construir um novo normal com a minha filha.

Mas eu, como branca, mãe de uma menina negra, abre-se um outro portal nesse Brasil de hoje. Eu me abri e me coloquei num lugar que, por mais que eu tivesse consciência da sua existência, eu não sentia. E pior, eu nunca vou sentir. Eu nunca vou poder de fato compartilhar o sentimento da minha filha ao sofrer preconceito. Eu vou me indignar junto, vou consolar, vou lutar junto, vou fazer de tudo para que ela tenha autoestima forte, mas essa experiência vai ser só dela. O que eu posso fazer é tornar essa luta minha também. É criá-la forte, como minha mãe me criou, é dar autoestima, consciência, liberdade e amor. É dentro do meu lugar de fala, contar para outros brancos como nós somos privilegiados e como precisamos abrir mão desses privilégios! Como não precisamos ficar provando com discursos que nós não somos racistas, quando na verdade precisamos ouvir quem passa por isso e reconhecer que o buraco é muito mais embaixo. Reconhecer que somos, sim, resultado de um processo histórico onde alguns foram privilegiados e muitos, excluídos. Hoje pode ser um dia para nós, como sociedade, buscarmos a compreensão da nossa realidade: uma sociedade que é diversa, plural, desigual e racista.

Eu, como mãe da Julia, agradeço infinitamente a oportunidade de ser sua mãe e me comprometo a estar do seu lado nessa luta, minha filha. Para todo o sempre."

Processo de adoção discreto

Leandra falou pela primeira vez da adoção da filha em abril deste ano, depois de concretizar o processo, em entrevista a Lázaro Ramos. "Foi muito louco me tornar mãe, acho que só falaria isso em um programa com você. Nunca engravidei, nunca tive filho, mas tive a minha filha da forma mais linda do mundo. Ela me adotou como mãe e isso é muito transformador, puro, louco. Você quer cuidar, quer proteger e ao mesmo tempo quer que essa pessoa cresça e seja livre, linda. A forma como eu me tornei mãe, para mim, foi mágica. Foi um encontro de alma, foi um amor escolhido. Sentir esse amor dá muita força", disse ela, na ocasião.

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