Goiano, Lee Taylor, 32 anos, estreia em novela com uma sólida formação acadêmica em artes cênicas. O intérprete de Martin, o filho mais rebelde do coronel Afrânio (Antonio Fagundes) em Velho Chico, é bacharel em artes cênicas e mestre em pedagogia do teatro pela ECA/USP.
Lee Taylor estreia na TV aberta interpretando Martim. Com formação teatral, antes na TV ele fez duas séries na HBO (Foto: Divulgação) |
Martim é o oposto do pai mas, ao mesmo tempo, tem um temperamento semelhante que o fez bater de frente com o coronel. Como você vê essa relação? Ser filho de um coronel com caráter execrável, vivenciar os abusos cometido s contra a irmã, ter sido moldado para ser o herdeiro da família, carregar a mácula de ter sido o algoz da própria mãe, além de ter sido violentamente expulso de casa, são acontecimentos que trazem muita complexidade a essa relação. Será que é possível se relacionar com alguém depois desse histórico? Voltar para Grotas já é um grande passo no sentido de uma aproximação por parte do Martim. No entanto, o embate entre pai e filho será inevitável. O tempo e a distância aprofundaram as diferenças e pontos de vista de ambos. Nem se reconhecem mais como pai e filho. Perdoar talvez não seja tão difícil quanto esquecer o passado. Não acho impossível um reconciliação, mas isso só acontecerá se houver uma mudança radical na postura do coronel Saruê.
Em Velho Chico, Martim (Taylor) volta a Grotas após ter sido expulso pelo pai, o coronel Afrânio (Antonio Fagundes) (Foto: Divulgação) |
Ele é um fotojornalista que retorna a Grotas depois de vivenciar uma situação de violência muito marcante. Você acredita que ele voltou atrás de redenção? Como esse retorno de Martim vai interferir na trama?Acredito que tenha sido exatamente essa experiência que fez com que Martim voltasse em busca de suas origens. Ver uma criança morrendo em seus braços, vítima de um tiro, em um país em guerra, deve ter provocado um questionamento existencial e do sentido de sua profissão como fotojornalista. A morte da mãe no parto, o conflito com o passado, o rompimento com o pai, a solidão, o olhar do fotógrafo, a transformação da personagem depois de vivenciar a guerra, a volta às origens, entre outras questões relevantes, que estão sendo apresentadas ao público aos poucos, compõem o universo de Martim. A personagem estabelece laços muito afetivos com a família, sua presença, com certeza, irá provocar muitas mudanças nas relações.
Ele também vai acabar se envolvendo num triângulo amoroso com Beatriz (Dira Paes) e Bento (Irandhir Santos). Como isso vai acontecer? Esse romance vai estremecer ainda mais a relação das duas famílias?Parece que a história se encaminhará por aí. Certamente, se isso acontecer, não será um relacionamento tranquilo e poderá acarretar em mais conflitos entre as famílias rivais.
Martim despertará grande paixão na professora Beatriz (Dira Paes), que namora Bento (Irandhir Santos) |
Essa é sua primeira novela na TV. Apesar disso, você tem uma carreira extensa no teatro, no cinema e, também, como professor. Por que decidiu fazer novela só agora?Desde 2006, minha estreia no teatro profissional, recebo convites para atuar em minisséries e novelas. Sou ator, diretor, pesquisador e professor de teatro e, devido ao ritmo intenso de trabalho nos últimos anos, ainda não havia conseguido me dedicar à televisão. O Luiz Fernando Carvalho, diretor artístico da novela Velho Chico, já havia me convidado para compor o elenco de uma minissérie e a vontade de trabalhar com ele sempre foi recíproca, por reconhecer seu diferencial e sua sensibilidade como artista. No entanto, naquela ocasião, estava em cartaz com um espetáculo, filmando um longa e no meio de uma pesquisa de mestrado e, infelizmente, não pude realizar o trabalho. Agora, o convite para atuar na novela veio em um momento em que me foi possível conciliar teatro e televisão, além de ser uma obra e uma personagem que me deixaram extremamente motivado em participar.
Como está sendo trabalhar com Luiz Fernando Carvalho?Me identifiquei profundamente com o processo criativo do Luiz. O elenco da novela passou por dois meses intensos de preparação, não só para se apropriar das personagens mas, também, para descobrir coletivamente as possibilidades de cada relação. Tivemos uma semana de palestras e conversas sobre o contexto da novela com pesquisadores e artistas, uma contribuição relevante para o processo. Foram procedimentos que considero fundamentais e que sensibilizaram e embasaram a criação. A experiência tem sido estimulante, Velho Chico é um trabalho diferenciado, muito sensível, feito com dedicação por excelentes artistas. Me sinto fazendo parte de uma obra totalmente coerente com a minha trajetória artística, pois não senti nenhuma cisão entre os trabalhos que venho desenvolvendo como artista e a novela. Minha atuação no teatro, no cinema e a singularidade deste trabalho conduzido pelo Luiz, me permitiram uma transição suave de linguagens.
Quem mais sofreu com o longo tempo em que Martim passou sem dar notícias foi a sua avô Encarnação (Selma Egrei) (Foto: Divulgação) |
Tem projetos atualmente fora da TV? Quais?Atuo no espetáculo Na Selva das Cidades, que estava recentemente em cartaz em São Paulo, dirijo um espetáculo de dança que está na fase final dos ensaios e ministro e coordeno um curso de atuação do Núcleo de Artes Cênicas (NAC), projeto artístico-pedagógico que idealizei em 2013.
Seu nome é diferente. De onde ele vem?Meu nome é uma compilação criada pelos meus pais a partir do nome do ator norte-americano do seriado O Homem de Seis Milhões de Dólares, Lee Majors, e do personagem Taylor, interpretado por Charlton Heston no filme O Planeta dos Macacos.
Como avalia a sua primeira experiência com TV aberta? Podemos esperar vê-lo novamente na telinha em outros projetos?Como estou conciliando o teatro e a novela nesse momento, a minha maior dificuldade na televisão está sendo decorar uma grande quantidade de texto com a antecedência que considero necessária para o estudo e uma elaboração mais sensível da cena. Acredito que seja muito cedo para pensar em outros projetos na TV, ainda estou assimilando a experiência.
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Redação iBahia
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