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| Lúcia Veríssimo |
Quais caminhos a mente humana é capaz de percorrer para alcançar seus propósitos? Até onde esses caminhos são sadios ou ultrapassam as fronteiras da moralidade? Baseada nessas questões a atriz Lúcia Veríssimo escreveu seu primeiro texto para o teatro: o espetáculo 'Usufruto'. A montagem será apresentada no Teatro Jorge Amado, em Salvador, nos dias 20 e 21 de setembro (sexta e sábado), às 22h e dia 22 (domingo), às 20h.
Veja também: Vai ao teatro? Veja os espetáculos em cartaz na capital baiana O espetáculo mostra o inusitado e intrigante encontro entre uma mulher de 50 anos e um homem com trinta e poucos num apartamento vazio de frente para o mar. Eles disputam a compra do imóvel e ela propõe um jogo, um jogo da verdade, no qual o perdedor desiste. Uma mulher misteriosa e decidida a conseguir o que quer e um jovem homem que tenta realizar um sonho. O texto de Lúcia Veríssimo é um tributo a Roland Barthes, um dos mais importantes filósofos do nosso tempo, que definia seu próprio trabalho como o "saber com sabor". Os diálogos são ágeis e sarcásticos, recheados de humor e malícia, onde são discutidas questões eternas sob uma ótica contemporânea: amor, casamento, paixão e ética. Na tarde desta sexta (20), Lúcia esteve na redação do
iBahia e contou tudo sobre a montagem do espetáculo. Leia a entrevista:
iBahia - O espetáculo 'Usufruto', sua primeira peça autoral, está em cartaz há quase três anos. Qual o segredo para criar uma obra que tenha tamanha aceitação por parte do público? Lúcia Veríssimo - Acredito que não há segredo. Com sarcasmo, diálogos rápidos e sensuais, a gente fala de amor, ética e paixão, entre outros temas, para traçar os rumos que a sociedade tomou. É o que todo mundo quer saber. Além disso, logo após o espetáculo, a gente promove um bate-papo com o público, uma espécie de debate, que é muito legal. Renderia até um documentário, me arrependo de não ter gravado.
iBahia - O texto foi escrito nos intervalos das gravações da novela 'América'. Como é conciliar duas áreas que exigem tanta dedicação? Lúcia Veríssimo - Foi super tranquilo. Escrevi 'Usufruto' em apenas uma semana durante os intervalos de 'América', enquanto esperava a mudança de cenário e luz. O incentivo partiu dos meus colegas de elenco, Rafael Calomeni e Gabriela Duarte. Mas já era uma coisa que queria muito.
| "Queria incomodar, fazer o espectador pensar. Falar sobre hipocrisia" (Lúcia Veríssimo) |
iBahia - A ideia para a história surgiu a partir de onde? Qual foi a sua inspiração? Lúcia Veríssimo - Minha formação acadêmica é de jornalista. Há muito tempo tinha vontade de escrever algo. Já tinha um blog, mas achava pouco. Eu e o diretor José Possi Neto ficamos um bom tempo querendo fazer um trabalho juntos, mas não achávamos um texto. Seria difícil encontrar alguém que falasse o que estava, na verdade, dentro de mim. Queria incomodar, fazer o espectador pensar. Falar sobre hipocrisia.
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| Lúcia Veríssimo esteve na redação do iBahia |
iBahia - 'Usufruto' critica a hipocrisia da sociedade. Qual é a proposta do espetáculo? Lúcia Veríssimo - Para mim, o teatro é o provedor cultural de sua sociedade e através dele seu público pode se espelhar e quem sabe mudar. Vendo nos personagens atitudes que ele mesmo faz, pode se rever e se reinventar. A hipocrisia permeia tudo e todos nessa sociedade. Todas as resoluções, caminhos e discursos são feitos baseados nos princípios da hipocrisia.
iBahia - 'Usufruto' vai virar filme? Lúcia Veríssimo - Ele vai invadir as telonas e virar filme, que começa a ser rodado em fevereiro de 2014 em inglês e fora do Brasil. Não vou atuar, pois quero fazer meu primeiro longa-metragem como diretora. Também desejo que o acesso a obra seja universal e, para isso, o elenco será estrangeiro.
iBahia - Além de 'Usufruto', tem algum outro projeto em vista no teatro? Lúcia Veríssimo - Não, continuo no elenco de 'Amor À Vida', apenas.
