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Marcelo Camelo |
No próximo sábado (20), Salvador vai receber o show do cantor e compositor Marcelo Camelo, que trará para a capital baiana as canções do seu último CD, gravado no ano passado, intitulado 'Mormaço' em uma apresentação voz e violão.
Veja também: Festival de Jazz: João Bosco é ovacionado em show comemorativo dos 40 anos de carreira O repertório inclui músicas de Camelo gravadas por outros intérpretes renomados, como Maria Rita, Erasmo Carlos, Roberta Sá e Ivete Sangalo, não ficam de fora também os sucessos da banda Los Hermanos, todas as canções são apresentadas em roupagem inédita. O evento acontece no Bahia Café Hall, a partir das 22h e contará também com shows de duas grandes atrações locais: BaianaSystem e Maglore que terá ainda participação do cantor Wado. Os ingressos custam R$40 (pista) e R$80 (camarote) e estão à venda em todos os pontos de venda Ticketmix e nos Balcões de Ingressos. Em entrevista ao
iBahia, Marcelo Camelo falou sobre a carreira, contou detalhes sobre as gravações do DVD e ainda abriu o jogo sobre o relacionamento com Mallu Magalhães. Leia:
iBahia - No seu perfil oficial do Facebook, você disse que esse show em Salvador será o único de divulgação do novo trabalho, 'Mormaço', e uma despedida dos palcos por um tempo. Como aconteceu essa decisão? E por que Salvador? Marcelo Camelo - Surgiu a oportunidade, vou tirar um período sabático.
iBahia - 'Mormaço' revisita algumas das suas canções mais famosas e traz uma inédita, todas com uma apresentação mais crua de voz e violão e ao vivo. É difícil segurar uma apresentação tão intimista no palco? Marcelo Camelo - Toco violão há muitos anos, sempre tive vontade de apresentar as músicas assim. Concluir esse trabalho me possibilita tocar as coisas pra frente em qualquer direção agora. A minha arte é fruto dos meus sentidos. Gosto do show como organismo, acho que ele vai funcionando, aquecendo. Sinto que o show é uma coisa viva, pequenas variações fazem ele funcionar ou não. Neste segundo dia de gravação as probabilidades deram certo, estávamos num bom dia, a plateia estava bem... Enfim, correu tudo consoante o planejado e na hora do show eu consegui usar as músicas como um espelho afetivo né. E me emocionar tocando que é o que eu acho que mais importa. Acho interessante de sentir isso acontecendo progressivamente ao longo do show. Acho que nesse nós conseguimos.
iBahia - A gravação do CD e DVD aconteceu no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, com a plateia sentada e de certa forma mais tranquila. Aqui em Salvador a apresentação acontece em uma casa de shows, com uma plateia em pé e duas bandas de abertura bem vibrantes. Tem alguma novidade programada? Qual a expectativa para o show? Marcelo Camelo - Sempre bom tocar aí [em Salvador]. Depois desse show, vou parar para compor as músicas do disco novo. Então será um encontro importante para mim, para poder entrar na nova etapa com esse vento bom da cidade.
"Minha arte vem dos meus sentidos e estes estão ligados ao que está em volta" (Camelo) |
iBahia - No DVD de 'Mormaço', além do show, um filme de 35 minutos parece iluminar o trabalho. No site oficial, outro filme também estampa a página. Da onde surgiu a ideia de registrar esse momentos e transformar essas imagens no vídeo? E por que o nome 'A Dama da Noite'? Marcelo Camelo - Venho me aproximando, por vontade de expressão, da fotografia e dos filmes em película e já tenho uma bolex há um tempo, que e uma câmera de 16mm. Tenho uns trabalhos com fotografia e com scanner e pastel seco, e também um trabalho com filmagem, todos assim um pouco pra passar o tempo, acho que pra ter um contra-ponto da criação musical. O cheiro da flor Dama da Noite me lembra demais o tempo que morei em Jacarepaguá. Escolhi esse nome por me remeter a bons momentos da minha vida. A Dama da Noite é uma planta que tem o cheiro mais forte e gostoso do mundo. É um perfume inesquecível. Tinha muito também lá na minha rua. Acho que, assim como o Mormaço, também característico da região, a dama da noite amolece o espírito, são de ataque lateral, da sedução, como acho que minha música pode ser às vezes. Estou morando num lugar agora que é na mesma região da cidade, depois de 20 anos fora. Acho que representa essa virada de ciclo.
iBahia - Existe algum desejo em mergulhar nesse universo do vídeo ou documentário? Marcelo Camelo - Acho que os meios foram se modificando e hoje existe esse espaço de publicação de vídeo nos sites que é mais um formato onde se ouve música. A imagem é mais um elemento pra se trabalhar na tentativa de criar uma sensação. É um elemento muito forte, transformador. Eu gosto muito e sempre que posso tento fazer alguma coisa por conta própria como os clipes da Mallu, o clipe do 'Wado', as fotos que bato, e também quando eu faço um DVD procuro estar do lado de todas estas escolhas.
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"O público do Los Hermanos é meu público também", acredita Marcelo Camelo |
iBahia - Entre o rock e a música brasileira, entre o passado com a banda Los Hermanos e seu projeto solo. Como você pode avaliar a transformação do seu público? Os fãs da época dos Los Hermanos ainda te acompanham ou você percebe uma nova geração de fãs? Marcelo Camelo - Não sinto uma transformação do público. O público do Los Hermanos é meu público também. E acho isso natural.
iBahia - Apesar de projetos diferentes, não tem como desassociar seu trabalho com o de Mallu Magalhães. Em alguns casos, eles parecem complementares, especialmente com os discos 'Pitanga' e 'Toque Dela'. Parceiros na vida e na música, como funciona esse cotidiano musical? Marcelo Camelo - É tudo muito natural, sem pensar. Minha arte vem dos meus sentidos e estes estão ligados ao que está em volta. Não sei fazer de outra forma agora e pra mim aí não há duas esferas. Acho que o fato de estarmos sempre próximos faz com que isso aconteça naturalmente. Acho que a nossa influência vai pra antes até da musical.
*Colaboração especial de Carolina Andrade [youtube VHbPudS5_tA]