Até onde um artista pode ir para fazer uma cena impactante? Para Marjorie Estiano, o limite significou um episódio de quase-morte. A atriz relembrou uma cena gravada na novela "A Vida da Gente", exibida entre 2011 e 2012, que chegou neste ponto delicado.
A cena em questão foi gravada embaixo d'água, quando sua personagem Manuela sofre um acidente de carro com a irmã Ana (Fernanda Vasconcellos) e a filha dela, e o veículo cai no lago. Destemida, a personagem de Marjorie é a única que não desmaia, e precisa trabalhar para resgatar as três.
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Diante da tensão, a cena gerou um trauma para uma gravação posterior. "Essa cena foi realmente uma cena em que eu achei que fosse morrer. Fui fazer outro filme que tinha cena embaixo da água de novo, e estava com esse trauma na minha vida. Falei: 'Tenho muito medo dessas cenas de água. Como que a gente vai preparar? Como vamos fazer?'", relembrou em entrevista ao canal Universa.
Marjorie se coloca no lugar da personagem para relembrar a situação. "Minha irmã dormiu e ficou em coma por anos, e eu, a única que estava acordada, tentando salvar ela e o bebê, tudo debaixo da água. Era em Gramado, então [estava usando] cachecol, vários casacos, o que deixou a coisa muito mais pesada e difícil de se movimentar. A gente não tinha feito preparação para aquilo tudo. Sem saber nadar, sem saber lidar com o respirador... foi tenso."
Falta de prática e de comunicação quase fez tudo dar errado
A atriz lembra que estava com a cabeça a mil naquele instante. "Não tinha prática com a fazer cena dentro d'água, onde as minhas únicas preocupações eram: ficar viva, conseguir respirar, guardar ar o suficiente para me manter ali embaixo e fazer a cena. Consumia muito ar, porque você estava ali agitada".
Uma falta de comunicação com a equipe quase causou a tragédia com a atriz. "O rapaz saiu de onde a gente tinha combinado [que era para ele estar], e ele era responsável pela minha respiração. Virei para pegar o ar e ele não estava ali. Falei: 'Acabou para mim. É agora'. Caiu uma ficha de como morrer é estúpido, meio do nada. [Pensei:] 'Não acredito que vai ser agora, que acabou tudo'. É uma fração de segundo, mas para mim foi uma estupidez, coisa idiota morrer dessa forma", contou, em tom reflexivo.
Pouco depois, o rapaz voltou ao lugar, mas Marjorie já estava em estado de surto. "Aí ele veio. Me desesperei porque eu o vi, mas não estava acessível a mim, mas correram e enfiaram o respirador na minha boca. Fiquei muito desesperada, foi difícil voltar para fazer a cena. Voltamos e fizemos e ficou bonito", concluiu, satisfeita.
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Carlos Bahia
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