Aos 74 anos, 60 deles dedicados à carreira artística, Neusa Borges diz que está decepcionada com a profissão que escolheu: "tomei nojo da vida de artista. Peço trabalho e dizem que não existe personagem para o meu perfil. Que perfil eu tenho? Sou de outro mundo?", esbraveja ela, que vive em Salvador com a filha e um neto.
A atriz recebe por mês R$ 2.900 de aposentadoria e mantém um brechó na capital baiana. "Não estou passando fome, tenho como pagar a minha cerveja estupidamente gelada do jeito que eu gosto. Mas eu quero atuar", justifica Neusa, que fez seu último trabalho em “Salve Jorge”, em 2012: "devo muito a Glória Perez. É uma pena que só ela lembre que eu exista."
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| Fotos: Reprodução |
O ressentimento de Neusa vai além. Ela não se conforma em estar parada e dependendo do INSS. "Sabe o que não aguento? Gente que começou agora tem carrão, triplex e papéis. Eu perdi meu apartamento em Copacabana por não conseguir pagar as contas", compara a atriz, que vê traços de racismo em seu afastamento involuntário: "não sou chamada porque não tenho olho colorido? Por que sou negra? Dei 60 anos da minha vida para essa profissão que só renega os experientes.
Neusa faz questão de avisar aos produtores de elenco que está ótima de saúde após o AVC sofrido há quatro anos. "Estou ótima, bonita e gostosa (risos). Posso trabalhar", garante ela, que depois de nove casamentos, está solteira e não quer mais saber de relacionamento sério: "todo mundo sonha com um grande amor, mas estou muito satisfeita com a ‘prestação de serviço’ que eu tenho. Não me dá dor de cabeça e é uma pessoa ótima."
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