Karol Conka chegou e tombou padrões musicais e comportamentais. Cinco anos após lançar o hit que fez barulho no meio artístico, surge uma Karol com calma. Não que ela deixe de se posicionar. O poder da preta ainda é traduzido na atitude, na poesia e no visual. O jeito de se impor é que mudou. Em “Ambulante”, segundo disco da carreira da curitibana, ela preserva as batidas com críticas sociais e vai além, com declarações de amor, soluções para recuperar o otimismo e reflexos da mudança de postura na vida real:
— Quero ser vitamina para as pessoas assim como elas são vitamina para mim. Recentemente, fiquei um tempo afastada das redes sociais porque estava focada no meu equilíbrio. Preservar a saúde mental é importante. Muita gente se preocupa com a aparência, mas estar equilibrado é fundamental. Estou mais madura, mais centrada. Eu sinto que o pedaço da moleca que tinha dentro de mim cresceu ou foi embora. Tinha uma aqui dentro e eu não sei o que aconteceu com ela. Continuo com a mesma força de vontade de fazer música e escrever, mas tenho outras perspectivas de vida. Já falei daqueles temas, agora é hora da pessoa que está aqui com 30 anos.
Entre as faixas menos aceleradas está o reggae pop “Saudade”, que mexe com o coração da artista: — Penso no meu ex-namorado quando canto essa música. Eu estava com saudade, falei com o DJ Boss In Drama e compus. Escrevi a letra na hora, em cima da música que ele (o produtor) me mostrou. Eu estava com uma dor no peito... Aliviou. Mas não quero mais namorar ninguém, muito menos casar (recentemente, Karol e o produtor Caio Piovesan, do “Superbonita”, puseram fim ao namoro). Quero só trabalhar no lançamento do meu disco, continuar vivendo experiências e sendo uma referência para o meu público.
A Karol Conka ‘‘ambulante’’ vende seu peixe sobre os assuntos explorados no novo álbum:
Força para seguir
“Eu não admito e não aceito gastar minha energia com o pessimismo alheio. Transformo minha energia em força”.
Críticas à cultura
“Não entendo como há quem rebaixe e ataque os artistas. Quem nos atinge assim, de maneira tão ignorante, é também quem liga o rádio quando está dirigindo o carro, quem leva o filho num show para ter entretenimento. Não se pode viver sem arte. É hipocrisia enxergá-la como algo desnecessário e, ao mesmo tempo, necessitar dela. Eu já tirei pessoas da depressão apenas com a minha música’’.
Símbolo da periferia
“É uma responsabilidade ser exemplo, mas eu conduzo isso de uma maneira leve e natural porque minha atitude faz parte da minha personalidade desde pequena”.
Autocobrança
“Sou uma ansiosa. Trato minha ansiedade fazendo meditação e autoanálise. Mas faço sozinha, sou bem capricorniana”.
Lugar de fala
“Procuro me nutrir de informações reais para não ser uma referência oca, sem me apropriar de discursos como muitos artistas fazem por aí”.
Fora do padrão?
“Já tentaram me moldar em diversas situações e eu disse ‘não’. O ruim é que eu acabo ficando com fama de briguenta. Aprendi que, para uma mulher ser levada a sério, ela tem que se impor. Mas ter que fazer isso sempre é muito chato”.
Filho é inspiração
“O equilíbrio emocional que eu busco é em primeiro lugar pensando nele (Jorge, de 10 anos). O ponto de força dele sou eu, e ele é responsável por muita coisa na minha vida. É uma preciosidade para mim”.
Ombro amigo para elas
“Diariamente, alguma mulher me pede ajuda ou manda um relato (de agressões ou relacionamentos tóxicos). Fico extremamente triste em saber que estou longe e não posso fazer muita coisa a não ser usar a arte e informar. A cada minuto tem alguém sofrendo violência ou assédio. Isso é perturbador”.
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Redação iBahia
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