O reggae roots, o reggae da MPB, do surf, do axé, do pop... O som de diferentes tribos marcou a gravação do DVD Natiruts Reggae Brasil, uma grande celebração ao gênero musical que aconteceu no Wet’n Wild, em Salvador, ano passado. Gravado ao vivo com um público de 30 mil pessoas, o show da banda brasiliense ganha lançamento em CD e DVD, pela Sony Music.
No registro afetivo, o reggae aparece na voz de uma grande turma: de um lado, nomes representativos do gênero, como os cantores Edson Gomes, Sine Calmon, Duda Sepúlveda (Diamba), e bandas da nova geração, como Ponto de Equilíbrio, Maskavo, Chimarruts e Planta & Raiz. Do outro, artistas de outras tribos como Gilberto Gil, Saulo, Ivete Sangalo e Toni Garrido.
Mais do que uma celebração, o CD/DVD Natiruts Reggae Brasil faz um breve passeio pela trajetória do reggae nacional, através das músicas que marcaram sua história. Assim, os hits da banda anfitriã dividem espaço com clássicos do gênero interpretados por cada convidado.
Alexandre Carlo e Ivete Sangalo (Foto: Divulgação) |
Ou seja, estão lá o Perdido de Amor do cantor Edson Gomes, o Nayambing Blues de Sine Calmon, o Presente de um Beija-Flor do Natiruts, o som pop do Desenho de Deus do cantor gaúcho Armandinho, A Sombra da Maldade de Toni Garrido e por aí vai.
Claro que o repertório inclui duas versões de Gil para clássicos do eterno Bob Marley (1945-1981): as músicas Vamos Fugir (Give me Your Love) e Não Chore Mais (No Woman no Cry). “Me chamaram e eu vim. Sou uma espécie de tio mais velho da turma”, brinca Gil, 73 anos, nos bastidores do DVD.
“Talvez tenha 40 anos de reggae brasileiro. Nesses anos, muitas pessoas importantes passaram e ajudaram esses estilo maravilhoso que só prega a paz, o amor, a união entre as pessoas e começou lá na Jamaica, com Bob Marley”, destaca o vocalista do Natiruts, Alexandre Carlo, 41, que prepara um documentário sobre os 20 anos da banda e um disco de inéditas para 2017.
Legado
O critério de seleção de cada artista, segundo o líder do Natiruts, é muito claro: todos queriam fazer uma homenagem ao gênero. Assim, Gil foi escolhido “pela trajetória na música”, especificamente, dentro do reggae. “Ivete e Saulo são assumidamente fãs do estilo. Edson Gomes é um ícone nacional. Assim como o Cidade Negra e o Sine”, explica Alexandre. “E tem a geração mais nova como Ponto, Armandinho, Planta... Todos com estilo próprio dividindo o mesmo palco”, completa.
A afetividade característica de uma reunião entre amigos marca o show, assim como os expressivos painéis de LED assinados pela A7MA Galeria. As telas exclusivas variam de acordo com a apresentação de cada artista e tentam criar narrativas a partir de imagens que exploram temas do reggae e personagens que remetem à fauna e à flora brasileira.
Toda a tecnologia utilizada no show, inclusive, trouxe um momento tenso para o grupo: “Sem dúvida, a chuva antes e durante o show. Era uma infinidade de aparelhos ligados à rede elétrica, arriscados a entrar em colapso a qualquer momento. Pensávamos que era castigo de São Pedro. Mas depois vimos que foi bênção de Yemanjá”, conta Alexandre.
Show do Natiruts gravado no Wet’n Wild, em Salvador, contou com participação dos cantores Gilberto Gil, Saulo, Edson Gomes, Ivete Sangalo, Toni Garrido, Sine Calmon e Duda (Diamba), além de bandas da nova geração Ponto de Equilíbrio, Maskavo, Chimarruts e Planta & Raiz (Foto: Ivan 13P/Divulgação) |
DNA
Um dos pontos altos do DVD é a participação de Saulo, que canta Quero Ser Feliz Também, do Natiruts, ao lado das crianças do projeto DM de Boa, do Nordeste de Amaralina. Os jovens percussionistas são recebidos no escuro pelo público, que ilumina o Wet’n Wild com isqueiros e celulares.
“Vigee... Foi incrível! Nem acreditava que eu estava lá. Alexandre é um cara muito especial e foi um dia mágico. Seu Gilberto com Edson Gomes, imagine! Tinha que ser na Bahia esse DVD. Baiano que é baiano é do reggae! Bravo, Nati!”, vibra Saulo, 38 anos.
O reggae no DNA baiano foi uma das justificativas apontadas por Alexandre na escolha de Salvador como cenário do show. “O primeiro motivo é mostrar que somos o que cantamos. Acreditamos em liderança que quer unir todo mundo e caminhar junto. Em Salvador, o reggae é cultura e não apenas um estilo musical”, defende.
Um dos pioneiros do reggae na Bahia, o cantor Edson Gomes, 60, comemora a reunião de gerações. “Foi incrível participar dessa celebração, junto com a nova geração do reggae. E mais incrível ainda é dar de cara com essa energia altamente positiva dessa galera que segurou e absorveu o reggae”, elogia.
Em resumo, o DVD Natiruts Reggae Brasil é como uma reunião de amigos que amam o reggae acima de tudo. Sobre o trabalho que mostra a pluralidade do estilo, Alexandre não hesita: “Representa a sensação de saber que nosso sucesso não é só utilizado para alimentar nosso ego ou os tabloides da fama. Serve para dar exemplo que influencia milhares de pessoas, serve para unir quem achava que isso era impossível. Um novo começo para o reggae nacional”.
Veja também:
Leia também:
AUTOR
AUTOR
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!
Acesse a comunidade