O capixaba que virou o pupilo da MPB vai desembarcar em Salvador. Silva se apresenta na cidade nesta sexta-feira (28), na sala principal do Teatro Castro Alves, a partir das 21h, com o show da turnê 'Brasileiro', seu novo álbum de trabalho.
No disco, que leva o mesmo nome da turnê, o músico passeia por ritmos como o pop, pagode romântico e até o antigo axé. "Eu me diverti muito fazendo esse disco e pretendo levar as coisas cada vez mais assim daqui para frente", contou ao iBahia. A maturidade na carreira é visível em seus novos projetos, tanto nas canções em si, quanto nos audiovisuais. "Muita coisa mudou na minha vida e isso refletiu no meu jeito de fazer música", explicou.
O novo projeto de Silva, por sinal, veio em um ano decisivo para a política: as eleições para Presidente. Para o cantor, o álbum pode, quem sabe, vir a ajudar: "acho que nossa autoestima como povo está bem balançada no momento e quero poder contribuir de alguma forma para que isso melhore". Além de política, o artista comentou também sobre mudanças, Anitta - com quem divide a música 'Fica Tudo Bem' -, internet e ainda revelou o motivo de não ter vindo com a turnê 'Silva Canta Marisa' para a capital baiana. Confira entrevista completa:
iBahia: Seis anos se passaram desde o seu primeiro álbum até este mais novo e não tem como não observar o quanto mudou. Não só o Silva, mas o estilo de suas canções também mudou. O que houve? Há uma sensação de amadurecimento nos seus novos trabalhos, tanto nos álbuns em si, quanto nos audiovisuais.
Silva: Acredito que muita coisa mudou na minha vida e isso refletiu no meu jeito de fazer música. Quando comecei eu era muito novo e tinha só 22 anos quando assinei contrato com a gravadora que estou até hoje. Sempre priorizei a música, mas fui aprendendo a ser artista e acho que ainda tenho muito para aprender. Quanto mais o tempo passa mais eu vejo que tenho coisas para evoluir e melhorar, como pessoa e como músico. Me acho muito melhor hoje que no início.
iB: De 2012 para cá houve arrependimento de algo?
S: Várias coisas (risos). Não sou o tipo de pessoa que diz que não se arrepende de nada. Eu já fiz várias escolhas erradas e aprendi bastante com elas, mas isso não anula o meu arrependimento. Sou muito grato por poder viver fazendo o que mais amo.
iB: 'Brasileiro' saiu exatamente do jeito que você imaginava?
S: Posso dizer que sim. Sou apaixonado pelo processo inteiro de se fazer um disco, da composição à finalização. Foram muitos meses de trabalho, mas não chamaria só de “trabalho” porque foi extremamente divertido e prazeroso. Quando chamo algo de “trabalho” parece que foi algo entediante. Eu me diverti muito fazendo esse disco e pretendo levar as coisas cada vez mais assim daqui para frente.
iB: Como lançar um álbum que levanta a bandeira de 'sou brasileiro' em um ano tão decisivo para a gente? Não ficou com receio?
S: Fiquei receoso, sim, no começo, mas logo percebi que o disco ia além de uma afirmação de nacionalidade. Quando me chamo “brasileiro”, eu falo é do nosso povo, da nossa cultura, da nossa música que já foi e ainda é tão relevante no mundo todo, dos nossos bons escritores, do nosso jeito caloroso de ser, dessas coisas é que a gente não pode esquecer. Isso atravessa crises, obstáculos, preconceitos, mas a parte boa do brasileiro continua viva. Acho que nossa autoestima como povo está bem balançada no momento e quero poder contribuir de alguma forma para que isso melhore.
iB: Por sinal, pra você, música e política se misturam? Se posicionar politicamente, no momento delicado em que vivemos na era digital, seria o correto a se fazer? Anitta, sua convidada neste projeto, sofreu nos últimos dias por conta disso.
S: Acho que a música pode cumprir muitos papéis e olhando para a história da música podemos ver que sempre foi assim. Alguns compunham peças para missas, outros para a nobreza, músicas com finalidades completamente diferentes. Há música feita para pensar, outras para dançar e algumas para meditar. Nem todo mundo no mundo da arte precisa ser ativista político, porém eu acredito que quando você alcança um nível de influência grande, você deve ter noção do quanto isso influencia pessoas. Se manifestar contra um candidato machista, homofóbico e racista é algo que pessoas públicas não deveriam deixar de fazer.
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iB: Por falar em Anitta, vi muita sintonia entre vocês em 'Fica Tudo Bem'. O que deu essa 'liga' (risos)?
S: Foi a música que deu essa liga. Nós não tínhamos nem mesmo amigos em comum, mas quando a versão demo da música chegou até ela, ela logo entrou em contato comigo dizendo que topava gravar. Foi uma experiência incrível trabalhar com Anitta, ela é inteligente, talentosa e pensa grande. Fico feliz que nosso encontro aconteceu de forma espontânea.
iB: A internet te ajudou de alguma forma? Há artista que ainda tem um pé atrás em entrar para o universo do 'Spotify', 'Youtube' e afins...
S: Eu vim da internet, mesmo. Lembro que postei minhas primeiras músicas no SoundCloud em 2011 e a partir disso meu trabalho começou a se espalhar. Me acharam original e aí as gravadoras vieram entrar em contato comigo. Não precisamos ter medo da internet, é só usarmos para o bem e saber que ela ajuda nossa música a chegar a muitos lugares.
iB: Você também sente um certo 'favoritismo' do público em duas das canções do álbum e qual a sua preferida e por qual motivo?
S: Sempre tem aquelas favoritas de todo mundo né? (Risos). Isso sempre me surpreende. Por exemplo, 'Duas Da Tarde' é uma música que muita gente vem me dizer sobre ela, sobre o quanto ela mexe com os sentimentos e quando fiz não imaginava que ela seria uma das prediletas. Minha favorita do disco no momento, até porque isso muda de tempos em tempos, é 'Prova Dos Nove'. É a única do disco que eu não compus e sou apaixonado por ela desde a primeira vez que ouvi a versão original de Dé Santos.
iB: Você disse em uma entrevista que a letra de 'A Cor é Rosa' foi seu irmão quem fez, inspirada na lenda dos orixás - como se Iansã cantasse para Iemanjá. Você é religioso, segue alguma religião e acredita no que tem ali na letra?
S: Eu tive uma criação muito religiosa, super doutrinado, porém decidi que não seguiria mais nenhuma religião. Acredito em Deus, acredito em energia e respeito muito quem leva religião de um jeito sério e coerente. Há alguns anos descobri a meditação e isso supre minhas necessidades espirituais. Sobre os orixás, é um mundo novo pra mim e o que me deixou fascinado primeiro foi a música que está ligada à religião. É uma das coisas mais preciosas que temos no Brasil, culturalmente falando.
iB: Há alguns anos, ouvi um podcast que você se abriu e falou de literalmente tudo - bissexualidade, drogas, política. Hoje te vejo mais discreto. Sua vida pessoal é pouco exposta, até mesmo em suas redes. O canceriano mudou (risos)?
S: Hoje mesmo vi uma notícia sobre um amigo meu na internet dizendo que ele beijava um amigo ao sair de um restaurante no Rio. Isso foi notícia em pleno 2018! Como se a gente não tivesse que se preocupar com um candidato maluco almejando a presidência. Sempre achei essa coisa do “assumir” muito antiquada e tratada de um jeito bobo. Quando expus minha vida foi porque senti uma necessidade enorme de me manifestar sobre isso. Contei de uma vez por todas que eu acredito que o amor é algo muito maior que todas essas caixinhas que tentam colocar a gente, coloquei à prova até a questão da monogamia. Ultimamente fiquei mais quieto porque acho que já dei meu recado sobre isso. Agora todo mundo já sabe o que penso e quero mesmo é que minha música fique em primeiro plano.
iB: Aliás, falando profissionalmente, o que você diria para o Silva de 2012, antes dele lançar o primeiro trabalho?
S: Diria algo que eu realmente fiz (risos). Diria: cara, não ouve esses teus amigos que te dizem para investir em um estilista maravilhoso, invista em terapia. Esse sim é um dinheiro bem investido.
iB: Antes de 'Brasileiro' você rodou por alguns lugares com 'Silva canta Marisa' e Salvador ficou de fora. O que aconteceu?
S: Foi uma falha na logística mesmo. Minha carreira é muito recente. Eu comecei do zero junto com meu irmão, que não entendia muita coisa do mercado musical, mas hoje virou um empresário incrível e talentoso. Agora sabemos como nos mover e estamos rodando o Brasil inteiro, o que me deixa muito feliz. Salvador foi onde fiz meu primeiro show na vida, lá em 2012. Tenho o maior carinho por essa cidade.
iB: Pra finalizar, quero saber o que a Bahia remete a você e quem daqui você sonha em fazer uma parceria?
S: A Bahia produziu e produz tanta coisa bonita que eu não sei o que seria do Brasil sem a contribuição dos baianos. Meus cantores prediletos são baianos, todos eles. Não sei nem o que dizer, amo muito. Uma parceria que iria adorar fazer seria algo com Illy, que é minha cantora brasileira predileta desses tempos de hoje. E ela é o que, minha gente? Baiana!
SERVIÇO
Silva - Brasileiro
Local: Teatro Castro Alves
Data: 28 de setembro (sexta-feira)
Horário: 21h
Valores: Fila A a P – R$ 100,00 ( inteira) e R$ 50,00 (meia)
Fila Q a Z6 – R$ 80,00 ( inteira) e R$ 40,00 (meia)
Fila Z7 a Z11 – R$ 60,00 ( inteira) e R$ 30,00 (meia)
Vendas: bilheteria do teatro, site ingressorapido.com ou SACs Shopping Barra e Bela Vista
Informações: 71 3003-0595
Classificação: Livre
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Redação iBahia
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