Pela primeira vez após deixar o Sírio Libanês, em São Paulo, onde ficou internado por seis meses, Netinho deu uma entrevista e fez revelações sobre seu retorno ao hospital. Ao apresentador Gugu Liberato, o cantor confessou que passou por um período de depressão, chegou a pesar 50kg e perdeu a fé em Deus. Netinho, que recebeu Gugu em sua casa em Guarajuba durante a Semana Santa, ainda falou sobre uma visita especial que recebeu enquanto esteve internado, as visões e os boatos de morte.
Foto: Reprodução/Instagram |
Perda de peso"Quem quer vai aprendendo com as coisas, não só deixa passar, mas encara tudo como um aprendizado e eu aprendi muito nesse período que eu fiquei doente. Quando eu acordei que eu me vi naquele estado, além de ter tido um susto enorme, eu não entendia por que aquilo estava acontecendo. Foi um choque porque eu tinha 90 kg e cheguei a 50, era pele e osso". Depressão "A previsão para minha tontura passar era em julho de 2014, como havia essa previsão, eu montei um show, mesmo tonto, e me programei para voltar em setembro para a estrada. Como a tontura não passava, fiquei triste, levantava, assistia TV e ia dormir. Depois parei de comer e sentir fome, só bebia água, fiquei três dias sem comer e me convidaram para ir para o Sírio Libanês de São Paulo. Como não quis ir, levaram um psiquiatra lá em casa, que me deu uma injeção e, quando dei por mim, já estava no hospital. Eu chorava por qualquer coisa".
Visita especial"Essa criatura foi lá com a maior a bondade e caridade, brincou comigo, me divertiu. Quando ela saiu do quarto eu fiquei tão feliz que tive outro AVC. Semanas depois tive o terceiro AVC. Foi Ivete Sangalo. Ela é o que ela é na televisão. Ela é aquilo ali. Algumas vezes ela me ligou depois que voltei do Rio, pedi que ela me desse uma semana pra que eu faxinasse a casa e ela pudesse vir. Sabe o ela disse? 'Sou muito boa com faxina'".
Surpresa"Claudia Leitte é outra queridíssima minha. Não sabia do lado dela de fé. Ela fez uma oração fortíssima pra mim, no meu quarto. Começou a rezar tão alto e forte, que chegou a dizer: 'Deus, te prometi que não faria isso, mas é meu amigo que está aqui, é Netinho, Ernesto. Eu tenho que gritar'".
Ausência"Na verdade sempre quis que todo mundo fosse me visitar, mas hospital é uma coisa complicada. É um ambiente difícil. Minha mãe mesmo queria que ela estivesse lá 24 horas comigo, minha filha também que tinha aula. Mas sempre me senti muito bem com todas as visitas que estiveram lá".
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Lição de vida"Ainda estou em aprendizado dela, em relação à vida. Por isso que eu digo que nada mais importante pro ser humano que a vida. Essa é minha lição. Tenho certeza hoje que estamos ligados uns com os outros. Acredito muito nisso de energia. Então que essa energia seja sempre positiva".
Mudanças e recuperação"Tudo isso que aconteceu comigo me construiu - perder a voz, perder peso, passar por tudo que passei. Minha vida está completamente diferente e a forma que vejo as coisas também. Quando saí do Sírio Libanês fiz uma carta de agradecimento e dediquei a todos do hospital, que dedicaram o tempo deles pra mim. Os profissionais se dedicam completamente, não desligam o celular, viajam com o celular pra lhe atender... Então me senti colado a eles. Um dos médicos que me tratou quis aprender música, porque através da música a gente cura também".
Boatos de Morte "Encaro de forma melhor, mas quando eu saí do hospital e vi isso, fiquei chocado porque muitas pessoas dessas que inventaram isso, eu tinha uma certa relação. Não acreditei que elas fizeram isso comigo. Tomei um susto enorme e publicaram isso sem nem confirmarem com o hospital. Que falta de ética, que falta de tudo".
Visões"Todo dia, às 5 da manhã, eu via uma senhora em pé em minha cama, toda de branco, morena, bonita, com o cabelo liso, dividido na frente, me olhando. No final, ela sempre estendia a mão como se fosse me dar alguma coisa. Quando passava a mão, ela sumia. Falei com Cris e ela disse que não tinha entrado ninguém no quarto porque a porta estava trancada e a chave no bolso dela. No dia que eu vim embora pra Salvador, quando olhei pra trás, vi a mulher e ela viu também. É tão incrível falar isso para as pessoas. Teve um dia que eu vi toda a cena e eu me vi. Vi tudo como se fosse um filme. Fiquei com a cabeça virada. Ai saí muito religioso do Sírio, falando de Deus", disse chorando.
Fase ateu"Na depressão, quando cheguei no Sírio, cheguei ateu, não acreditava em nada. Dizia: 'não é possível que esta tontura não passou'. Hoje, depois que passei esse tempo lá, sou espiritualizado. Leio todos os dias, pratico sempre... Então cada um com sua fé, com sua religião. Cada um convive com Deus da forma que quer. Cada um vive de sua forma".
Livro"O nome do livro - 'Nada Como Viver' -, já pensava nele antes de ficar doente, mas depois que fiquei doente não pensava mais em nada, tanto que não queria mais viver. Aí, quando estava no Sírio pensei em fazer novamente o livro pra contar às pessoas tudo o que vivi e senti. Nele contarei sobre tudo, as datas, essa entrevista, o dia em que virei ateu...". Anabolizantes "Eu não sou médico, então qualquer coisa que venha falar aqui, posso passar uma informação errada e outra é um assunto do passado. Foi muito pouca a droga. Isso tem mais de dois anos. Se eu não tivesse tido a infecção (generalizada), não tinha passado por isso. Não adianta ficar discutindo porque cada um sabe de sua vida, agora o importante é saber o que está ingerindo. Mas não foram os anabolizantes que fizeram eu ficar tão doente e sim a infecção". Retorno"Vou voltar logo logo. Já estou conseguindo fazer ensaio com minha banda. Faço ensaio toda semana, de 2 horas em Salvador. Já consigo dirigir. Eu dirigi e não senti nada na visão. Estou muito feliz agora. Achei várias gravações minhas de músicas inéditas em minha casa. Então estou preparando um disco que se chama 'Feito em Casa' até um dia que eu possa cantar com minha voz e ter minha vida de volta, porque minha vida foi tomada. Já estou malhando em casa. Então estou aqui pra passar a alegria de novo". Polêmica“Quando regravei a música Milla, que teve aquele sucesso todo, muita gente me acusou de ter roubado a canção. Nada disso tinha acontecido. Consultei o autor e eles adoraram a ideia. Ficaram muito felizes. Agora, quando a música estourou, me acusaram de roubar a música. Eu nunca fiz isso. Isso. Choro porque, na época, as pessoas me pediam para ir às TVs e aos jornais e contar a história como foi. Eu, ouvindo minha mãe dizendo que as coisas iriam passar, não falei nada porque a vida iria mostrar quem estava certo. Se você pode pegar qualquer entrevista minha da época que eu não comento sobre o assunto. A vida vai mostrar as pessoas o que aconteceu.”
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