“Olha só, meu companheiro/ Hoje a moda é outra, os tempos mudaram/ A mulher é independente/ Bebe, bate e joga o homem pra fora”, canta Roberta Miranda, na companhia de Marília Mendonça, em “Os tempos mudaram”. A música — que também serviria de hino para o atual movimento Feminejo — é single do novo DVD da veterana, cujo lançamento está previsto para o segundo semestre deste ano. Neste sábado (27), às 22h, no Vivo Rio, a Rainha da Música Sertaneja vai adiantar parte desse repertório inédito para o público carioca, que também poderá curtir os maiores sucessos da cantora. É o show de estreia da turnê comemorativa pelos 30 anos de carreira de Roberta, de 58, que conversou com o EXTRA sobre esta extensa e bem-sucedida trajetória.
Seu nome é Maria Albuquerque Miranda. De onde saiu o “Roberta”?
De uma música do Pepino Di Capri, que eu amo. Sou uma paraibana com nome italiano. Sempre fui metida.
Mulher, nordestina, cantora de música sertaneja. Foram muitos os preconceitos enfrentados nesses 30 anos?
Ah, muitos! Minha família queria que eu fosse professora, mulher cantora era malfalada. Mas não teve jeito: estava no meu sangue ser artista, amava Nalva Aguiar. Comecei como compositora. Várias canções minhas estouraram nas vozes de outros artistas, e uma gravadora me contratou só por um ano. Aí veio a surpresa: meu primeiro disco já vendeu 1,5 milhão de cópias!
Ficaram mágoas?
Já ouvi tanta besteira! Jurei que não faria com os novos o que fizeram comigo. Ouvia “não” sem ao menos cantar. Hoje, os artistas já chegam de jatinho. Eu dormi muito em ônibus, em motel, tomei banho em rodoviária...
“A majestade, o sabiá” estourou em 1987. Hoje, é um clássico da vida no campo. Em que circunstâncias foi composta?
Fiz essa letra dentro de um apartamento pequeno, em menos de dez minutos. Nada de rede nem natureza em volta (risos). Lá funcionava um salão de beleza, onde eu cantava para entreter as clientes.
O título de Rainha da Música Sertaneja surgiu quando?
Fico acanhada... Mas foi o povo que me consagrou, por isso aceito. Ouvi isso pela primeira vez em fins dos anos 80. Fiquei emocionada, mas achava que não merecia. Quis construir uma carreira, ter minha arte respeitada, não pensei em fortuna. Por isso tenho tantos sucessos na boca do povo.
Suas canções falam do amor de maneira doída. Refletem experiências suas?
Com certeza! Levei chifre atrás de chifre, mas também coloquei muitos. Chorei lágrimas de sangue para chegar aqui. Hoje, sou louca por mim.
Está solteira?
Não... Tenho um relacionamento turbulento, em montanha-russa, há um tempo.
Você é muito discreta com relação a sua vida pessoal. Na internet, lhe atribuem declarações a respeito de uma suposta homossexualidade...
É tudo mentira. Eu nunca falaria nada assim... Nunca disse que não gosto de homem. Não gosto é de machismo.
As redes sociais te aproximaram de um público jovem. Lá, você se mostra uma mulher bem-resolvida, engraçada...
Minha cabeça é muito “porra louca”! Gosto de brincar. Hoje, meu público é 62% dos 18 aos 25 anos. Meu sobrinho fica envergonhado porque os amigos dizem que a tia dele é gostosa, dá um caldo (risos). Tenho levado muita cantada.
Nos vídeos que posta, você costuma se tratar na terceira pessoa e usa voz infantilizada. Por quê?
Acho que é uma forma de proteção. É como se a Maria Miranda fosse mãe da Roberta, que brinca feito criança boba.
Quando foi mais triste ser Roberta Miranda?
Quando desenvolvi pânico por medo de avião. E quando perdi a voz, há quatro anos. Numa viagem a Angola, peguei um vírus que me deixou com uma faringite aguda. Deu muito medo!
Tem orgulho do legado deixado às novas sertanejas?
Muito! O que fiz há 30 anos, elas estão fazendo hoje. Sempre cantei o amor e a traição. Nesse meu novo DVD, convidei todas elas para subirem ao palco comigo, foi lindo! E elas confirmaram: a sofrência vem da Roberta Miranda.
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Redação iBahia
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