O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, marca a luta e resistência do povo negro contra a opressão e a desigualdade racial. Essa data remete à morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, símbolo da resistência contra a escravidão no Brasil.
É um momento importante para refletir sobre a história, a cultura e as contribuições dos afrodescendentes, além de promover a igualdade e o combate ao racismo. A Consciência Negra nos convida a reconhecer a importância da diversidade étnica e a lutar por uma sociedade mais justa e igualitária para todos.
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Qual é a ligação de tudo isso que falei com o assunto novelas? Senta que lá vem um papo gigante sobre um assunto importante.
Qual foi a primeira vez que você viu um ator ou atriz negro/a protagonizando uma novela ou com um personagem de destaque sem ser as últimas novelas exibidas na TV Globo? Poucas vezes, não é? E isso chama atenção para algo importante: a falta de representatividade nas telenovelas.
Sobre as novelas
A primeira novela do Brasil que teve uma protagonista negra foi “A Cor da Sua Pele” em 1965. A história foi um grande sucesso e teve a bailarina e atriz Iolanda Braga como protagonista, uma trabalhadora doméstica que se apaixonava pelo patrão e precisava enfrentar as armações das irmãs preconceituosas e maldosas, que faziam de tudo para separar o casal.
Na década de 1960 e 1970, atores brancos frequentemente interpretavam personagens negros, uma prática conhecida como blackface, que visava restringir oportunidades de protagonismo para atores negros.
Quatro anos após “A Cor da Sua Pele”, a gigante e talentosa Ruth de Souza protagonizou “A Cabana do Pai Tomás” na TV Globo. Essa foi uma trama extremamente problemática. Ao invés de escalarem um ator negro para o protagonista, Tomás, o ator Sérgio Cardoso fazia Blackface para interpretar o personagem.
Anos depois
Depois de 27 anos da “A Cabana do Pai Tomás”, Taís Araújo protagonizou “Xica da Silva” na extinta TV Manchete. Na ocasião, Taís se tornou a terceira atriz negra a protagonizar uma novela. Ela interpretou Chica da Silva, mulher negra escravizada que entrou para a história pelo fato de ter ascendido socialmente durante o período do Brasil Colonial.
Em 2004, já na TV Globo, Taís protagonizou “Da Cor do Pecado”, grande sucesso escrito por João Emanuel Carneiro.
Em 72 anos de produções de novelas, foram poucas vezes que tivemos atores negros protagonizando telenovelas. E 2023 marcou como um ano que significativamente uma nova história começou a ser escrita, três novelas ao mesmo tempo com protagonistas negros: "Amor Perfeito", "Vai na Fé" e "Terra e Paixão".
Mudança Necessária
Nos últimos anos, temos testemunhado uma importante mudança no cenário das novelas brasileiras, com a crescente representatividade negra ocupando papéis de destaque.
Essa transformação reflete a busca por uma maior inclusão e diversidade nas produções televisivas, rompendo com estereótipos e promovendo uma sociedade mais igualitária.
Antes dominadas por protagonistas brancos, as novelas agora abrem espaço para atores e atrizes negros, quebrando padrões estéticos e valorizando a pluralidade de histórias e experiências.
Personagens como protagonistas negros têm conquistado o público, trazendo à tona questões como racismo, empoderamento e identidade racial, contribuindo para uma maior representatividade na tela.
Além de ampliar o leque de histórias contadas, a inclusão de protagonistas negros nas novelas também tem um impacto significativo na sociedade. Ao verem pessoas que se parecem com elas ocupando papéis de destaque, a autoestima e o sentimento de pertencimento da população negra são fortalecidos, inspirando novas gerações e desconstruindo preconceitos enraizados.
Representatividade
Essa mudança também reflete a pressão e mobilização da sociedade civil, que tem cobrado uma maior representatividade tanto na TV quanto em outros meios de comunicação. Movimentos como o "Vidas Negras Importam" têm impulsionado essa discussão, levando as emissoras a repensarem suas produções e a investirem em histórias mais plurais e inclusivas.
A representatividade negra no protagonismo das novelas é um avanço importante, mas ainda há muito a ser feito. É necessário que essa inclusão se estenda também aos bastidores, com a valorização e contratação de profissionais negros em todas as áreas da produção.
A luta por uma televisão mais igualitária e representativa continua, e as novelas desempenham um papel fundamental nesse processo de transformação social.
Novela se tornou um produto de identificação para o público e assistir algo e se identificar naquilo é incrível. Eu lembro que na minha infância quando via algum ator negro interpretando alguém importante nas novelas eu ficava muito feliz e tenho certeza que outas pessoas negras também se sentem assim. Representatividade é uma luta muito importante e necessária!
Para encerrar…
Na próxima semana vamos falar sobre uma novela que está chegando ao fim na TV Globo e com o selo de sucesso na exibição no streaming e na tv aberta. Já sabem qual é? Fui!
David Cardoso / Tô certo ou tô errado?
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