Adaptar uma história é um grande desafio. Quando a trama é uma obra de grande sucesso como “Elas por Elas”, o desafio é ainda maior. A trama adaptada por Thereza Falcão e Alessandro Marson, e inspirada na obra homônima do saudoso Cassiano Gabus Mendes, foi encomendada aos autores em janeiro de 2023, após as críticas e polêmicas envolvendo a novela histórica "Nos Tempos do Imperador", escrita por eles em 2021.
A história substituiu “Amor Perfeito”, uma novela solar, leve, lúdica e de época: a receita perfeita para uma novela da faixa das seis. Fugindo do padrão, “Elas por Elas” apresenta uma história contemporânea e nada solar (falta luz inclusive).
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Uma semana de novela e eu já tenho o meu veredito sobre a trama de maneira geral. Vale a pena continuar assistindo? A história faz sentido? Vou explicar tudo agora. Aumenta esse brilho aí do celular, tablet, notebook ou computador, porque vou contar tudo agora e não pretendo esconder nada!
A HISTÓRIA É BOA?
Eu sempre tive muita vontade de assistir a versão original de “Elas por Elas” e em janeiro o Globoplay me agraciou quando disponibilizou a novela no serviço. Maratonei em três meses, e a década de 1980 se tornou uma das minhas favoritas por inúmeros motivos. Destaco três: Mário Fofoca, confusões vividas pelas amigas e a comédia em dosagem certa.
Quando uma história possui como um dos seus principais elementos a comédia, uma das maiores preocupações do autor e da direção é a dosagem da quantidade de cenas cômicas unidas ao drama que toda novela precisa.
Aqui, o grande gênio Cassiano Gabus Mendes conseguiu um feito incrível e transformou o principal personagem cômico, o Mário Fofoca, brilhantemente interpretado pelo Luis Gustavo (e agora pelo nosso baiano Lázaro Ramos), como um dos personagens mais lembrados da teledramaturgia brasileira.
A história é simples: sete amigas do tempo da escola se reencontram vinte anos depois e os problemas do passado e do presente se unem em conflito, que colocam à prova a verdadeira amizade que existe entre elas.
Toda confusão por culpa de um possível assassinato ou acidente (não vou contar muitos spoilers).
MUDANÇAS NECESSÁRIAS?
Quando eu falei no começo que um remake ou reboot é arriscado, eu não estava mentindo (nunca estou). Agora vou explicar melhor o motivo de ter dito isso.
Quando o remake é de uma novela de sucesso (nunca vi remake de fracasso, mas enfim), o público saudosista insiste que a obra precisa ser adaptada na íntegra ou que poucas mudanças sejam realizadas.
Mas isso levanta algumas discussões, como: fazer um remake ou reboot é copiar e colar?
A resposta é não. Fazer uma adaptação de uma novela é você produzir novamente uma história já conhecida pelo público e que já teve uma ou mais produções anteriores com ajustes mais modernos e tecnológicos.
"Elas por Elas" veio aí com muitos ajustes modernos (não estou falando somente da utilização de pen-drive e celular), e que, de certo modo, representam a mudança e avanço da sociedade.
O grande destaque desse ajuste na trama é a personagem transsexual Renée Ferreira, interpretada pela atriz Maria Clara Spinelli, que se tornou a primeira protagonista trans da história da telenovela brasileira.
MÁRIO FOFOCA
Na nova versão de “Elas por Elas” , o personagem Mário Fofoca está sendo vivido pelo baiano Lázaro Ramos (eu sei que já falei isso, mas vale destacar que ele é Made In Bahia).
Logo na primeira chamada foi possível notar que Lázaro estava confortável com o personagem. Mesmo sendo um dos maiores atores da geração atual e se saindo bem em tudo, ele sempre prova que para comédia não tem outro. O destaque sempre vai ser ele!
Mário Fofoca promete entregar tudo e mais um pouco com seu jeito atrapalhado e espalhafatoso.
ABERTURA (MINHA MAIOR DECEPÇÃO)
A abertura da versão original foi uma verdadeira obra de arte, e é inesquecível (se você não acha isso é porque nunca assistiu).
Produzida pelo designer Hans Donner e sua equipe, o tema musical ficou com o grupo The Fevers. A canção é homônima a novela e na versão atual é interpretada por Ivete Sangalo, Preta Gil e Duda Beat.
Na abertura original era exibida uma festa da década de 60 em preto e branco. A imagem de uma jovem na festa era fixada após um efeito de flash de câmera fotográfica. A cena se transformava numa foto, e a moça fotografada saía desta foto, se fundindo com a imagem de uma atriz do elenco, na atualidade, já colorida.
Quando eu soube que em 2023 as atrizes gravaram a abertura, imaginei algo nesse nível ou melhor. Recebemos um stop motion bem humilde, e que fez bater uma saudade de "Malhação". Pelo menos temos Veveta, Preta e Duda na música, não é?
JESUS ACENDE A LUZ
Esse reboot é dirigido por Amora Mautner, conhecida por dirigir novelas como: "Avenida Brasil", "Joia Rara", "A Regra do Jogo", "A Dona do Pedaço", "Verdades Secretas II", dentre outras.
Ela quase sempre entrega bons trabalhos, mas se tem uma coisa que não podemos negar é que parece que esquece de ligar as luzes do estúdio, ou usa filtros escuros nas cenas. Isso é pavoroso e está tirando toda a essência da novela das seis. De solar aqui, nem as cenas externas, que até foram pouquíssimas.
Meu maior desejo era ir ao estúdio ligar as luzes de emergência. Pelo menos, já iria melhorar bastante.
Mas, afinal, vale a pena assistir "Elas Por Elas"? Sim, pela primeira semana foi possível notar que a história promete esquentar ainda mais e se tornar um grande sucesso.
Falando em remake, qual novela você acha que merece um remake? Na próxima semana, falaremos mais sobre o assunto. Será que estamos na era dos remakes?
David Cardoso/Tô certo ou tô errado?
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