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Segundo Sol: Vladimir Brichta diz: 'O público quer ele vivo'

Despedida precoce do cafajeste na história não está sendo festejada pelo público

Redação iBahia • 02/09/2018 às 10:00 • Atualizada em 28/08/2022 às 12:37 - há XX semanas

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Saber que está na boca do povo faz Vladimir Brichta abrir um discreto, porém, orgulhoso sorriso. Afinal, o vilão Remy, que começou “Segundo sol” com o pé no freio, talvez um pouco aquém do talento de seu intérprete, deslanchou à medida que o primogênito dos Falcão explodiu em maldades. A despedida precoce do cafajeste na história — ele morre assassinado no dia 8 — não está sendo festejada pelo público, ávido pela permanência do diabólico personagem na trama das nove.
"Quando se começou a falar da morte dele, eu me lembro das pessoas me dizendo que queriam que Remy se retratasse, se tornasse um cara bacana. Mas chegou um momento em que não deu mais, e eu passei a ouvir: “Realmente, ele não tem jeito”. Só que a torcida ainda era para que o personagem não morresse. O público quer ele vivo. Não por ser um cara que presta, mas porque as pessoas gostam de acompanhar um tipo assim, por mais canalha, mau-caráter que seja", analisa o artista de 42 anos.
Brichta sabia que não chegaria ao fim da trama desde a sinopse. Entretanto, a morte é uma novidade em sua carreira na telenovela, assim como o papel do terrível.
"Nunca morri numa novela. Nem sequer fiz vilão desse porte, que provoca, ameaça, agride, é sádico, sarcástico. É um lugar novo e traz um frescor para minha carreira que não é recente", garante o ator, que brinca com o fato de o carisma do golpista surfar no talento do intérprete, com 25 anos de atuação.
"Tem uma máxima que diz: 'O ator quando sai do palco tem quem deixar saudade'. A gente trabalha com máximo de afinco, empenho e dedicação para que as pessoas guardem e sintam falta. É muito bacana quando isso acontece, e, pessoalmente, estou satisfeito, porque fiz meu trabalho bem-feito".
O discurso de Brichta parece ser mesmo de ponto final para o personagem. Mas há controvérsias. Situações deixadas no texto vão colocar uma pulga atrás da orelha do telespectador, criando a possibilidade de a morte de Remy ser uma farsa apenas para incriminar Luzia (Giovanna Antonelli), a grande suspeita pelo crime. diz que já ouviu de tudo, mas, pelo que viu, “ele morre mesmo, tem velório....”.
"Continuarei de stand-by para a novela, porque podem acontecer, eventualmente, flashbacks. Férias mesmo só quando a trama acabar. Então, não sei...", disfarça o ator, afirmando que qualquer coisa acerca da morte de Remy será surpreendente. "Se o pai dele, num acesso de fúria, o matasse; se Beto (Emilio Dantas), com raiva de ter sido traído a vida inteira por ele e Karola (Deborah Secco), fosse o assassino; até se Remy continuasse vivo ou se ele morresse e nunca mais aparecesse, nem em flashback, seria uma surpresa para mim".
Foto: João Cotta/Rede Globo/Divulgação
O inesperado para Brichta, na verdade, foi o encontro que ele teve consigo mesmo ao gravar na Bahia. Nascido em Diamantina (MG), mas criado em Salvador desde os 4 anos, o ator, que deixou a capital baiana há 17, confessa ter ficado com os olhos brilhando ao ver que a história seria numa Bahia urbana, contemporânea.
"Queria participar disso de alguma forma, um pouco por pertencimento. Nem eu sabia que seria tão valioso para mim, que teria uma experiência incrível desde o primeiro momento. Eu me reconectei com a cidade de um jeito que em anos, indo e voltando, não conseguia", constata.
Nessa viagem ao centro de si mesmo, o artista assistiu ao clássico Bahia x Vitória pela final do Campeonato Baiano, o que não acontecia há décadas (“Minha torcida foi para o Bahia”, diz); comemorou o fato de ser reconhecido pelas pessoas como o baiano (“Antes, quando voltava pra lá, o pessoal perguntava se eu estava gostando da Bahia. Eu ficava ofendidíssimo”, lembra); voltou a surfar em águas soteropolitanas; e reencontrou amigos que não via há anos.
"No programa da última peça que fiz ,“Arte” (2012), que se tratava de amizade, escrevi um texto em que, no finzinho, dedicava o espetáculo a eles. Dizia algo como: “Só sei quem eu sou, só me reconheço por ter convivido com vocês”. É um grupo seleto de oito a dez nomes, a começar pelo meu irmão, meu primeiro amigo. Foram essas pessoas as quais reencontrei, são amigos que o tempo distancia, mas não quebra. Então, foi sensacional, o vínculo é total. É um negócio...", estanca Brichta, visivelmente emocionado com a lembrança.
Para completar o cenário especial, o ator ainda tem Adriana Esteves, de 48 anos, sua mulher há 14, como companheira de set. Com a morte de Remy, o artista e a intérprete da cafetina Laureta quebrarão uma rotina diária de estarem juntos em casa e no trabalho.
"A gente se diverte junto. Isso é legal e, de fato, acaba. Talvez agora possa ajudá-la um pouco mais, porque não terei as minhas falas para decorar. Nunca estudamos muito juntos. Mas assistimos às cenas, discutimos, sempre tentando entender como é o tom", conta Brichta, que não contracenava com a mulher numa novela desde “Kubanacan” (2003); só teve uma ceninha com ela na série “Justiça” (2016). "Justamente por estarmos tanto tempo sem dividir o mesmo trabalho, ficamos temerosos na época, até porque fazíamos um sotaque pernambucano: “Será que vai chegar na hora e vamos rir num momento sério?”, pensamos. Mas deu tudo certo, e foi então que reativamos o jogo cênico".
Em “Segundo sol”, Laureta confessará a Karola ser a mandante do crime contra Remy. Brichta não acha impossível a versão ser verdadeira, já que tem a impressão de que a vilã “mata com facilidade”. Porém, acredita que ela é quem tem menos motivos para cometer o assassinato. E se diverte com a declaração de Adriana de que Remy, por tudo que vem apresentando, poderia ser um discípulo de Carminha, personagem antológico da atriz em “Avenida Brasil” (2012).
"A semelhança se dê, talvez, pela presença da vilania, do humor e de uma certa desfaçatez", resume.
A trama de João Emanuel Carneiro é a segunda novela de Brichta após uma lacuna de 11 anos. Ele voltou ao gênero em “Rock story” (2016)e mostrou que não perdeu o traquejo. De lá para cá, ainda flertou com a série “Cidade proibida” (2016).
"Eu tinha que dar um tempo, havia feito cinco novelas em cinco anos e comecei a questionar a qualidade do meu trabalho. Fui repensar a vida profissional e percebi que não precisava topar todas as coisas para as quais era convidado, podia exercer minha escolha. Decidi que só voltaria, especialmente para novela, se de fato tivesse muito a fim de contar a história. Tentar não ser movido pela vaidade, ambição financeira, mas pela vontade contar aquilo ali", relata o pai de Agnes, de 20 anos, e Vicente, de 12, que ainda é padrasto de Felipe, de 17, fruto da relação de Adriana com Marco Ricca.
E, por falar nos meninos, sua primogênita vem seguindo os mesmos passos do pai e da madrasta.
— Ela sempre demonstrou interesse, faz teatro desde os 5 anos. Tentei influenciar o mínimo possível, além da minha presença. Mais do que isso, não posso prometer nada. Ela tem os pais com a mesma profissão, mas isso não garante nada em relação a ela. Então, as coisas ficaram claras rapidamente. Agnes faz CAL (Cada das Artes de Laranjeiras) e faculdade de Psicologia. O que ela escolher terá o nosso apoios. E ela tem calma, a impressão que me dá é que na hora certa vai dar os passos precisos. E a gente acompanha tudo. Na verdade, eu até perdi algumas apresentações dela, mas Dri vê tudo — conta Brichta: — Já Felipe está na música, além da faculdade de Direito. Ele forma com Rodrigo Silvestrini a dupla Cai Sahra, que está gravando músicas autorais.
Com filhos bem crescidos, o baiano é tranquilo e até bem-humorado no que diz respeito à passagem do tempo.
— Eu a vejo com a vista cansada (risos). Ainda não uso óculos, porque a máxima é que se deve prolongar isso. Noto sinais, uns não me incomodam, outros me atrapalham muito, como a limitação física. Sentir dores na coluna, no joelho... Isso freia as coisas que me dão prazer, como surfar. Aí me aborreço profundamente. Por outro lado, a passagem do tempo dá a tranquilidade que liberta. Descobri que poderia fazer escolhas, a gente vai sendo mais honesto conosco, admitindo o que de fato se quer — discursa o ator.
Enfim, com o tempo livre após deixar a trama, Brichta sabe bem o que fazer:
— Vou dar uma surfadinha, terminar os livros que comecei, descansar. Neste mês, o pessoal que trabalha em casa estará de férias, então, vou ter que meter a mão na massa, lavar muita louça (risos). Sou dos que ajuda, mas não gosto. Gosto mesmo de rede, de ler, assistir, comer e dormir (risos). Mas participo, não posso ser acusado de ser ausente no trabalho doméstico. Não deixo toalha molhada na cama, meia no chão... Tive um pai que deu um belo exemplo.

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