Último capítulo de "Vai na Fé" e já vai batendo aquela saudade da trama escrita por Rosane Svartman que conquistou o Brasil com a saga da batalhadora Sol e das quentinhas mais famosas do Rio De Janeiro, não é mesmo?
Agora que a trama está terminando, também é a hora de avaliar o que funcionou e o que não funcionou na história, afinal, ninguém é perfeito (só Wilma Campos e o seu drink cenográfico). Aumenta o brilho do seu celular ou do seu computador, notebook, pois, agora o assunto vai ficar sério!
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VILÃO CARISMÁTICO
Todos nós sabemos que o Théo Bastos (Emílio Dantas) fez metade da novela sofrer "o pão que o diabo amassou", mas o Emílio se entregou tanto ao personagem que nas cenas cômicas com o vilão era até possível rir um pouco.
O vilão foi manipulador, corrupto, abusivo e estuprou muitas mulheres na história - assunto muito importante e que foi tratado com muita seriedade pela autora. Importante tocar nesse ponto porque foi uma forma de atrair o público, e construir um sucesso como "Vai na Fé" é justamente a forma como você aborda o assunto na novela (mais tarde falo mais sobre isso).
Posso dizer que sim, Théo funcionou muito bem como um vilão na faixa das sete. De maneira bem isenta eu vou dizer uma coisa: caso vejam alguma votação de prêmio para vilão de 2023, esse prêmio é do Emílio Dantas.
QUÍMICA
Quando se fala em química em uma novela, todos já pensam na química no casal protagonistas, não é mesmo? Isso também importa, garante as cenas "calientes", e aqui estou falando da química do elenco.
Eu lembro de novelas que eu assisti e tem muito tempo que eu não vejo um elenco com uma química tão grande. Praticamente todos os personagens conseguiram se encontrar no núcleo, independentemente do peso dele na história.
Ben e Sol demoraram de formar casal, algo que me preocupou muito, e conseguiram encantar todo mundo nas cenas ao som de Garota Nota 100 na voz de Ludmilla, mais uma vez, ponto para Rosane.
Quase todos os casais da novela tiveram química na história, mas teve algo que não foi tão legal assim. A personagem Jenifer Daiane, interpretada por Bella Campos e filha da heroína da história, formou casal com três personagens diferentes, mas acabou ficando com o que ela teve menos química (na minha opinião, sem julgamentos, por favor, não posso ser cancelado antes de participar de um reality).
Acho que o certo mesmo seria ela ter ficado com o personagem Eduardo, interpretado pelo ator Matheus Abreu. Acho que teve um pouco do desejo do público de querer reunir o casal da vida real na ficção, mas nem sempre isso funciona.
Carolina Dieckmann brilhou como Lumiar, assim como José Loreto como o Lui Lorenzo. Em pouco tempo ele conseguiu quebrar a imagem que tínhamos dele do personagem anterior, na novela Pantanal.
KATE: A RAINHA DE TUDO!
Agora eu preciso falar de quem eu queria desde que coloquei a primeira palavra nesse texto: Kate Cristina Ramos, de Piedade para o mundo. Interpretada pela atriz Clara Moneke (em sua primeira novela), a personagem virou um grande fenômeno pelas sacadas e momentos que viveu ao longo da história.
Com um carisma de milhões, a personagem fez tanto sucesso que rendeu participações para a atriz no Fantástico, Encontro e Conversa com Bial. Além disso, ela também vai participar da segunda temporada de "Encantado’s", que será lançada em breve, interpretando a mesma personagem.
Ela foi a personagem que teve química com todo mundo que ela encontrava pela frente. Rainha faz assim, não é mesmo? Ela funcionou muito na novela e já estou ansioso por mais Clara Moneke na tela da TV Globo.
CENAS INESQUECÍVEIS
Muitas cenas ficarão marcadas para sempre na memória afetiva dos telespectadores que acompanharam a novela. Decidi escolher três que são especiais para mim:
Morte de Dora
Eu passei quase uma semana chorando com a morte de Dora. A personagem me cativou muito e toda vez que começava a tocar “Anda, vem jantar, vem comer, vem beber farrear até chegar a Lumiar”, já batia uma alegria retada por mais uma cena de Dora.
A fase da época da doença dela foi retratada de maneira muito delicada. E mesmo sendo um assunto tão série, foi possível retratar de maneira poética.
Julgamento de Théo
Nesse dia meu coração quase parou de bater quando saiu o resultado do julgamento e Théo foi absolvido por abuso de vulnerável. Não esperava por essa, mas tive que aceitar!
Wilma faz discurso sobre etarismo
Logo no início da novela, Wilma Campos, interpretada por ninguém menos que Renata Sorrah, após sofrer boicotes na carreira de atriz por conta da idade, fez um discurso emocionante sobre etarismo, que a fez ganhar mesmo um papel em uma novela, só que não era a personagem que ela sempre sonhou.
FENÔMENO
Vai na Fé se tornou um grande sucesso e destaco os principais motivos aqui:
- Protagonismo de Periferia: é muito importante você ligar a sua TV e acompanhar os conflitos que você vive além da violência. Vai na Fé trouxe isso para o público.
- Engajamento entre os jovens: nomes como Mel Maia e MC Cabelinho influenciaram para atrair os jovens que utilizam as redes sociais para acompanhar a trama.
- Público Evangélico: mesmo não sendo a primeira novela com protagonista evangélica (em 1998, a Globo exibiu Meu Bem-Querer, em que a protagonista e a família eram evangélicas), Vai na Fé conseguiu atrair esse público, talvez porque inseriu elementos da religião na história, como a música e os cultos, sem utilizar o horário para realização de telecultos.
O que é bom dura pouco, e por hoje encerro a coluna já com saudades de Ben, Sol, Wilma, Lui, Lumiar, Kate, Neide (a câmera de segurança que todo mundo tem na rua), D.Marlene e todos os outros personagens que marcaram o horário das sete em Vai Na Fé.
Uma novela que marcou pela qualidade e por não pecar em exageros. Rosane Svartman conseguiu mostrar que assuntos sérios podem ser tratados na faixa das sete com boas dosagens de amor e dedicação.
"Vai na Fé" funcionou muito. Agora é hora de abrir alas, o "Fuzuê" vai começar... Na próxima semana eu estou de volta!
