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Análise: 'BBB' 19: Entre alienados e militantes

Conversas sobre racismo e gordofobia têm provocado um choque de realidade em quem vê o mundo como uma micareta

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Redação iBahia

27/01/2019 às 14:30 • Atualizada em 27/08/2022 às 21:25 - há XX semanas
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Há três louras entre os atuais participantes da nova edição do “Big Brother Brasil”. Até aí, não há novidade alguma. Há sempre louras no “BBB”. Mas Isabella, Hariany e Paula são tão parecidas que, quando assisti aos primeiros programas da nova temporada, pensei que fossem trigêmeas. Nada de novo ainda. Louras do “BBB” são sempre parecidas. Há também rapazes brancos e musculosos. Mas há algo estranho no ar.
Foto: Reprodução
Por mais que se esforcem, as louras e os musculosos não parecem à vontade. Há um outro grupo de moradores que teima em trazer para a casa o mundo real. Identidade de gênero, racismo, gordofobia, violência e outros assuntos em pauta aqui fora estão provocando um choque de realidade na turma que acredita que o mundo se resume a uma micareta.
Bem que as louras tentam reagir para não perder o protagonismo. Outro dia, Isabella reclamou que sofria racismo por ser branca. Gabriela não deixou passar. “Racismo vem de um sistema de opressão. Para nós sermos opressores, a gente tinha que estar no poder, e não estamos no poder.” Gabriela é negra, homossexual e toca percussão numa banda só de mulheres. Isabella ficou quietinha.
Na turma de Gabriela, também se destaca Rodrigo. Ele é negro, “agitador cultural” e exibe alguns quilos a mais do que se habituou a ver entre os usuários da academia de ginástica que a produção do “BBB” sempre oferece aos participantes. Rodrigo já deu uma palestra no programa que deixou os companheiros de confinamento perplexos. “Existia uma ideologia de embranquecimento para melhorar as condições econômicas, sociais e políticas do Brasil”, ensinou. “Então, teríamos que embranquecer o Brasil. Aí que nasce a nomenclatura pardo. Em vez de falar que as pessoas são negras, você diz que é pardo.”
Pardo como cor da pele já havia surgido num desabafo de Danrley. Ele é o mais interessante da nova safra de personagens do programa. Tem 20 anos, mora na Rocinha, estuda Biologia e vende picolé na praia nos fins de semana para complementar a renda que consegue dando aulas particulares. Ele e Gabriela (sempre ela) já travaram um diálogo emocionante.
— Quem é negro na sua família? — quis saber ela.
— Meu pai, minha avó...
— Sua mãe é branca?
— Minha mãe é branca. Mas meu pai é tipo negão mesmo.
— Você é negro.
— O que eu me considero? Branco, branco, eu não sou. Na certidão, eu sou pardo.
Danrley já havia demonstrado que, mesmo deslumbrado com as mordomias da casa (nunca tinha provado geleia de damasco), mantém os pés no chão. À beira da piscina, o assunto era violência, e ele parecia atualizado com os debates do último período eleitoral.
— Aí chega alguém falando assim: “eu vou acabar com o crime, vou matar um bando de bandido e prender todo mundo”. Se matar bandido fosse acabar com alguma coisa, cara, hoje não teria mais bandido, porque o bando de gente que já morreu...
O público do “BBB” está acostumado a dividir a casa entre grupo do bem e grupo do mal. Deve estar surpreendido com uma casa dividida entre alienados e militantes. Resta saber quem será considerado vilão ou mocinho nessa luta de classes, de raças e de ideologias.

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