O cartunista Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, mais conhecido como Jaguar, criador das famosas vinhetas do "Plim Plim", da Globo, e um dos fundadores do jornal satírico Pasquim, morreu neste domingo (24), aos 93 anos, no Rio de Janeiro (RJ). Ele estava internado há três semanas com pneumonia no hospital Copa D'Or.

A morte foi confirmada por familiares à TV Globo. O hospital informou que ele estava internado devido a uma infecção respiratória, que evoluiu para complicações renais. Nos últimos dias, Jaguar estava sob cuidados paliativos.
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Jaguar foi um dos responsáveis pela fundação do Pasquim em 1969, ao lado de Tarso de Castro (1941-1991) e Sérgio Cabral (1937-2024). O jornal tornou-se um símbolo de resistência à Ditadura Militar (1964-1985), usando humor e ironia para criticar o regime. Entre seus colaboradores estavam nomes como Millôr Fernandes (1923-2012), Ziraldo (1932-2024), Henfil (1944-1988), Paulo Francis (1930-1997) e Sérgio Augusto.
O Pasquim surgiu como resposta à censura e repressão dos militares. Em 1970, Jaguar foi preso após satirizar o Sete de Setembro na publicação, substituindo o lema "Independência ou Morte" por um verso da música de Erlon Chaves, "Eu quero é mocotó". Ele foi detido por três meses e libertado no réveillon daquele ano.
Em 2008, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça concedeu a Jaguar uma indenização superior a R$ 1 milhão e uma pensão mensal de R$ 4 mil como reparação pela perseguição durante o regime militar.

Nascido no Rio de Janeiro em 29 de fevereiro de 1932, Jaguar iniciou sua carreira como cartunista em 1952 na revista Manchete, adotando o pseudônimo sugerido por Borjalo (1925-2004). Inicialmente, ele dividia seu tempo entre o desenho e um emprego no Banco do Brasil, onde trabalhava sob a supervisão de Sérgio Porto (1923-1968), o famoso Stanislaw Ponte Preta.
Jaguar também criou personagens icônicos como o ratinho Sig, que representava Sigmund Freud, o pai da psicanálise, e Gastão, o Vomitador. Sig tornou-se um dos maiores símbolos do Pasquim.
Vinhetas do Plim Plim
As famosas vinhetas do "Plim Plim", criadas para marcar os intervalos comerciais da Globo, foram um dos legados de Jaguar. O som inconfundível - o famoso "plim-plim" - surgiu nos anos 1970 e se tornou uma assinatura da emissora, sempre acompanhado por animações criativas e coloridas.
Com o tempo, essas vinhetas se transformaram em ícones culturais, especialmente nos anos 1980 e 1990, quando passaram a contar com a colaboração de artistas renomados, como Jaguar. Até hoje, o "Plim Plim" continua associado à identidade visual da Globo e à memória afetiva de diversas gerações.
Repercussão
O cartunista Chico Caruso, em entrevista à GloboNews, declarou Jaguar como o "melhor cartunista brasileiro" e afirmou que o visitou no hospital poucos dias antes de sua morte. "Meu amigo querido e é uma perda irreparável para o humor e para o Brasil", afirmou.
"Millôr Fernandes era grande, Ziraldo era grande, mas só ele era o Jaguar. Inigualável, inestimável, inimitável Jaguar", completou Caruso.
Aroeira, também cartunista, destacou o legado de Jaguar: "Jaguar foi mestre, professor, amigo, inspiração, gênio, um dos maiores chargistas que eu já vi no planeta como um todo. Incansável, trabalhou até o último minuto, sempre absolutamente crítico, sempre feroz, sempre amado por gerações e gerações seguidas de cartunistas."
Miguel Paiva, outro admirador de Jaguar, expressou sua reverência ao seu estilo: "Eu queria desenhar como ele, mas nunca consegui."
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