A trancista mineira Rafa Xavier falou sobre empreendedorismo negro nesta segunda-feira (14), durante um evento do YouTube, na sede do Google, em São Paulo (SP). A profissional foi uma das participantes de um painel sobre economia criativa, inserido na programação, que reuniu dezenas de influenciadores digitais brasileiros no espaço.
Após a discussão, Rafa conversou com exclusividade com o iBahia, e deu dica sobre negócios na área em que atua. Inspirada em Salvador, a trancista relacionou a potência da cidade, que é considerada a mais negra fora da África, com a importância de empreender com a ancestralidade de forma consciente.
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"Quando a gente fala em Salvador, que é uma das maiores expressões de negritude do país, a gente sabe muito bem que a gente precisa ter esse olhar para a cultura, para a história e para a ancestralidade, mas entender a potencialidade de fazer dinheiro com isso também. Então, sim, as trancistas precisam falar sobre dinheiro, sobre negócios, sobre empreendedorismo, porque as duas coisas estão aliadas. As riquezas que a gente consegue trazer através de algo que é tão ancestral quanto trançar".
Rafa ressaltou também a necessidade de ter conhecimento na administração do negócio para prosperar, com autoestima e empoderamento. Assista abaixo
Vídeo: Danutta Rodrigues/ iBahia
"É muito importante a gente ter essa atenção de que, por mais que eu saiba bastante sobre a técnica, eu não posso ignorar todo esse lado da educação, do empreendedorismo, da gestão financeira, do atendimento ao cliente... porque, muitas vezes, a gente deixa isso de lado", disse.
"Falta uma autoestima profissional. Estamos falando sobre mulheres pretas, periféricas em sua maioria, que estão trabalhando com a autoestima. Então, eu acho que o maior recado é a gente se empoderar da nossa história, da nossa ancestralidade, desse local de empreendedorismo, e entender que as duas coisas andam alinhadas. Para que a gente possa usar desse ofício para continuar prosperando e tendo essa independência financeira que a gente sempre fala", continuou.
Confira abaixo um pouco do que Rafa disse no painel
Rafa Xavier
“O meu trabalho é pensado majoritariamente para mulheres pretas, que estão também empreendendo. Entender a importância desse trabalho, que é ancestral, é fundamental. Equipe de 22 pessoas, uma cadeia que vai crescendo, expandindo, à medida que as coisas vão se desenvolvendo. Comecei trançando na casa da minha avó”.
“Quando fui tendo mais visibilidade, mais possibilidades de clientes, essa equipe foi tomando corpo. Temos um salão em BH voltado para a estética negra”.
“Foi muito importante ser reconhecida É impossível dissociar a raça da forma como o dinheiro circula. Existem muitas pessoas pretas com potencial para criar, mas a falta do investimento faz com que as coisas não saiam como esperado. Para mim sempre foi impossível priorizar a produção de conteúdo. Aí quando o YouTube vem, foi a primeira vez que pude parar e me dedicar à produção de conteúdo. Quando a gente é uma pessoa preta produzindo para a área da beleza, mas visando a educação, o caminho torna-se ainda mais importante. Sou muitíssimo grata ao Vozes Negras".
“Além da técnica, estamos falando de negócios. Esse lugar de se conectar com seus clientes de formas diversas. O que faço no físico influencia no digital. E essa perspectiva de negócios que me diferencia”.
