A chegada de um novo ano não era tão aguardada há algum tempo. Depois de um período turbulento no Brasil, onde o desemprego atingiu recordes históricos, a expectativa é de bons ventos soprando em 2018.
Segundo especialistas em recrutamento e em pesquisas sobre o mercado de trabalho, esta brisa — suave, por enquanto — deve vir aos poucos, ganhando mais fôlego a partir do segundo semestre. E vai com mais força em direção a setores responsáveis pela contratação nas empresas e pela relação virtual com os clientes.
As áreas que mais devem criar oportunidades neste ano, segundo eles, são as de Recursos Humanos, principalmente por causa da reforma trabalhista; a de mídias digitais, visto que as empresas estão cada vez mais investindo em diferentes canais com seus clientes; a de tecnologia, seja para desenvolvimento de sistemas ou sua execução; e a de gestão de riscos, compliance e tributação, setores cada vez mais visados e estratégicos nas companhias.
RECURSOS HUMANOS
Com as mudanças nas regras da previdência — que vão redefinir as relações trabalhistas — e o início da retomada econômica, as empresas precisam estar preparadas para contratos já nos novos moldes.
— Isso vai exigir profissionais mais especializados para entender e saber aplicar a reforma nas empresas — explica Nilson Pereira, CEO do ManpowerGroup.
Para ele, não é apenas a reforma que vai mexer neste setor, mas, também, outra lacuna desafiadora para os recrutadores: suprir a escassez de mão de obra qualificada.
— Isso vai exigir que as equipes de recursos humanos desenvolvam políticas de atração de candidato, pois há outros atrativos relevantes além da remuneração, como flexibilização na jornada de trabalho, qualidade de vida e estar ligado a uma empresa ética.
João Marcio Souza, diretor geral da Talenses Executive, consultoria de recrutamento executivo, acrescenta um outro motivo para esta área estar em alta e destaca o cargo de diretor de RH nas empresas. Segundo ele, o atual cenário de instabilidade econômica e política, além dos casos de corrupção e desemprego, tem deixado os profissionais inseguros e estressados.
— Dessa forma, além do aumento da demanda por terapeutas e psicanalistas, as empresas passarão a enxergar o papel dos diretores de RH como vital no mundo corporativo. Além de protagonista e conselheiro dos CEOs e demais pares no nível executivo, esse profissional precisa ter uma visão muito aprofundada e analítica em relação a todos esses percalços, já que as decisões sobre capital humano nas empresas precisam ser tomadas de forma estratégica, mas também cuidadosa, vislumbrando o resultado esperado e a perpetuação do negócio.
TECNOLOGIA NAS EMPRESAS
Outras duas áreas promissoras para focar a carreira em 2018 — que podem ou não estar interligadas — são a digital e a tecnológica. Seja para desenvolver programas ou executá-los, para conectar empresas aos clientes ou gerir as marcas, tanto empresas como agências procuram profissionais como técnicos, gerentes e analistas.
— Há uma grande demanda por funções nas áreas de tecnologia, especialmente para a parte de soluções e TI. E também há escassez de técnicos, porque se você tem tecnologia, precisará de quem saiba usá-la — afirma Pereira.
Carlos Alvim, diretor regional da Stato Rio de Janeiro, explica que, assim como no RH, as oportunidades não serão apenas em empresas especializadas, mas em vários setores e em diferentes formatos.
— As empresas estão ampliando suas redes e, para isso, precisam de profissionais que possam gerir estas relações. Esta demanda é em todos os setores, em agências e dentro das empresas, e incluem vários segmentos, desde marketing digital e mídias digitais a desenvolvedores de tecnologia.
Na onda da digitalização, Alvim acredita que o empreendedorismo também deve crescer.
—Está havendo queda nas taxas de juros, o que é fundamental para as startups conseguirem sair do papel. Nesta área de aplicativos, que está crescendo, tem muita coisa nova sendo criada — aposta ele.
CAMINHO DIGITAL
Esta também é a percepção da Workana, uma plataforma para freelancers. Segundo um estudo deles, profissionais especializados em anúncios do Google, Facebook e SEO (técnicas para melhorar o posicionamento da marca na internet) também terão boas oportunidades em 2018.
— O SEO é algo que demanda muito conhecimento e são poucos os profissionais com bastante conhecimento na área. Por isso, os melhores vêm se destacando e encontrando muitas oportunidades — explica Guillermo Bracciaforte, cofundador da Workana.
No levantamento, outra área que se destaca é o design de infográficos e para a produção de artes, pois as empresas têm procurado oferecer cada vez mais conteúdo de qualidade para engajar os clientes em diferentes plataformas — como adaptar o conteúdo para os celulares, por exemplo.
— As empresas precisam estar no ambiente online, pois é onde os clientes estão. Por isso, os negócios digitais vêm crescendo exponencialmente, e junto com ele, as oportunidades de trabalho na área. A tendência é que as profissões sejam cada vez mais flexíveis e especializadas, com profissionais capazes de executar tarefas específicas — pontua.
TRIBUTAÇÃO E COMPLIANCE
Além do RH e tecnologia, há outras áreas consideradas promissoras para quem busca redirecionar a carreira. Segundo pesquisa da Talenses, uma delas é a de growth hacker. Em bom português, significa ser o profissional que busca o crescimento do negócio como um todo, conectando os setores, através de ferramentas de marketing e meios inovadores.
— Normalmente é para profissionais com formações como administração, marketing e publicidade, e também engenheiros com especializações em negócios & marketing. É necessário que seja um indivíduo que sempre busca inovação, entendendo também como aplicá-las dentro de um negócio — explica Felippe Virardi, gerente da divisão de Marketing da Talenses.
Áreas administrativas e estratégicas, como tributação, finanças e compliance também vão ter portas abertas para profissionais — bem especializados, diga-se — que possam fazer diagnósticos, mensurar riscos e traçar planos para um crescimento sustentável e perene do negócio.
Para Felipe Brunieri, gerente da divisão de Finanças e Tributário da Talenses, o gerente de compliance e riscos é uma das funções que ganharão destaque. O profissional precisa ter conhecimentos e experiência em auditoria interna, controles internos e governança corporativa. Quanto ao perfil pessoal, diz, espera-se capacidade analítica para interpretar uma grande quantidade de dados e de relacionamento interpessoal para transitar entre todas áreas de negócio e lidar com a exposição com executivos.
— O Brasil está vivendo um período de incertezas políticas e econômicas, além da expectativa de retração do PIB e do aumento do desemprego. Nesse contexto, estas áreas desempenharão um papel cada vez mais importante no monitoramento de riscos para evitar que a companhia seja afetada por fatores externos e internos — diz Brunieri.
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Redação iBahia
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