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Mais um ano que se vai, um novo ciclo que se inicia e lá vamos nós começar tudo outra vez. Invariavelmente, entra ano, sai ano, a pergunta recorrente que nos persegue recai sobre as perspectivas para o próximo ano e que convive com as notícias sobre crises como as do mensalão, petrolão... Mas o que isto tem a ver com você ? Como a maior parte da população parece perceber, muito pouco. O brasileiro acostumou-se com a instabilidade e para aqueles afastados do poder as crises políticas e econômicas parecem perder significância. Dito isto, o que esperar para o panorama do emprego em 2015 ? O fato é que o Brasil ainda tem concedido bastante espaço para empregos que requerem uma baixa qualificação profissional, destacando-se a vasta oferta de funções que há muito deixaram de existir em países mais avançados. Nosso relativo fechamento e impermeabilidade às influências externas ainda constituem uma muralha que dificilmente sofrerá alterações nos próximos anos. Este cenário é decorrente de nossa baixa inserção internacional, um fato histórico que reside no mito da autossuficiência alimentado por sucessivos governos de todos os matizes ideológicos. Se há algo que pouco mudou no Brasil foi nosso isolamento e a crença em nossa autossuficiência. Este escudo que protege um meio de vida é o mesmo que permite que nossa baixa produtividade subsista, protegendo os empregos de baixa qualificação e que também ao mesmo tempo impede que aumentemos nossa pauta de exportações e que ampliemos a nossa diversidade exportadora. Uma das certezas, é que continuaremos, em 2015, sustentando uma economia que apresenta o Brasil como um grande fazendão com um grande parque de montadoras de veículos que serão abastecidos pelo mito do pré-sal. Até o momento, a exacerbação deste modelo nos levou até este ponto em que nos encontramos, mas talvez esta estrada esteja bloqueada a partir de agora.
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E o que isto tem a ver com seu emprego ? Talvez nada, de imediato. Mas esta baixa inserção e internacionalização não poderá durar para sempre. O governo tem realizado algumas tentativas de internacionalização, como o programa de bolsas internacionais, que pode contribuir para ampliar nosso contato com o resto do mundo. No seu caso, podemos dizer, se você não está inserido em algum programa como o ciências sem fronteiras, o que você pode começar a fazer para ampliar as perspectivas em sua carreira ? Em primeiro lugar, e em segundo lugar também, leve a sério, se é que você não tem levado ultimamente, a capacitação plena em uma língua estrangeira, pelo menos uma, começando pelo inglês. Somente isto, o pleno domínio do idioma, abrirá as portas para um sem número de contatos e possibilidades em termos de informação e aprendizado disponíveis globalmente. Nosso escudo protetor, ainda que tenha representado uma garantia protetora contra as modificações dramáticas em termos tecnológicos, não poderá nos proteger para sempre. Ainda este mês Stephen Hawking o famoso cientista inglês que ocupa a cadeira que pertenceu a Isaac Newton na Universidade de Cambridge vaticinou que a inteligência artificial poderá acabar com a humanidade. Ainda que tal previsão soe algo excessivamente dramática ou prematura, e sabendo que tudo demora a chegar no Brasil, ainda assim, algum tipo de consequência iremos enfrentar. Embora ainda longe de representar uma ameaça imediata à humanidade, o alerta de Hawking poderá sim ser materializado por uma ameaça efetiva e imediata a algumas formas mais simples de emprego, notadamente aquelas que se revelem excessivamente rotineiras. O exemplo mais citado ultimamente tem sido o de atendente de Call Center, uma das funções mais ameaçadas e na mira dos softwares de inteligência artificial aplicados a sistemas de telefonia de Call Center de alto desempenho. Já se experimentam sistemas que são capazes de interagir como um ser humano, ainda que alguns se revelem ainda toscos. No entanto, estes sistemas começam de fato a ameaçar posições antes impensáveis, incluindo a medicina diagnóstica. Todos sabemos que raros são os médicos que são capazes de emitir um diagnóstico sem antes ter em mãos todos os exames. Pois já existem softwares capazes de inferir diagnósticos e tratamentos na área de oncologia a partir dos exames com um grau de rapidez e eficiência comparável ou superior ao de um médico. No futuro, sistemas de inteligência artificial serão capazes de montar a defesa legal para os clientes. Para aqueles que imaginam que um diploma de médico ou advogado é garantia de emprego eterno, é bom começar a se preocupar com o que está acontecendo. Alguns tipos de atividades relacionadas a direito ou medicina estarão muito em breve e de fato ameaçadas. A melhor proteção contra isto é acompanhar o que está acontecendo e se inteirar a respeito das novas ferramentas de software que, mais do que representar uma ameaça, podem ser encaradas também como uma oportunidade de ampliar a sua produtividade. A maior revolução registrada nos últimos 15 anos não foi a das redes sociais. As redes sociais são apenas uma vertente de um sistema mais complexo e de alcance global que vem se desenvolvendo ao longo dos anos e que vem adquirindo uma consciência e inteligência próprios. Em breve estaremos nos relacionando, indistintamente, com entidades virtuais cuja humanidade não teremos mais capacidade de distinguir, ou que ao menos teremos muita dificuldade de reconhecer, e que serão até mesmo multi-linguais. Uma parte do escudo que nos protege é derivado do nosso idioma um tanto um quanto idiossincrático, e também devido ao nosso afastamento geográfico em relação ao resto do mundo. No mundo das grandes redes globais estes frágeis muros serão derrubados por completo. Depois destes primeiros 15 anos do século, nos próximos 15 prepare-se para a inserção global definitiva. Se você ainda não sabe por onde começar, que tal visitar boas publicações de ciências e dominar, efetivamente, o inglês ? Este já seria um bom começo ! Aproveito para, em nome da equipe da ValoRH, desejar a todos nossos leitores um feliz 2015, pleno de novos desafios e oportunidades!
| Sérgio Sampaio E-mail: [email protected] Consultor de TI da ValoRH. Engenheiro, empresário da área de Tecnologia da Informação, proprietário da IP10 Tecnologia. |
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