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ENTRETENIMENTO

A Bahia das orquídeas

Eduardo Guinle, orgulhava–se de ter adquirido na Bahia, um magnífico orquidário com mais de uma centena de espécies raras

Redação iBahia • 13/08/2019 às 14:25 • Atualizada em 27/08/2022 às 17:05 - há XX semanas

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Os seletos visitantes, dentre os quais muitos estrangeiros, que visitavam o Palácio das Laranjeiras no Rio de Janeiro na segunda década do século XX, impressionavam-se com sua fachada inspirada no traçado de Garnier para o Casino de Monte Carlo; admiravam as belas esculturas de Guillaume e Gardet; as obras de arte espalhadas pelos oito salões; invejavam os finos móveis da Maison Bettenfeld. No meio desse monumento de opulência, ao entardecer sentia-se a fragrância de flores que o seu proprietário, Eduardo Guinle, orgulhava–se de ter adquirido na Bahia, um magnífico orquidário com mais de uma centena de espécies raras.

O empreiteiro e industrial visitava com frequência Salvador, seu irmão Guilherme Guinle era o responsável pela eletrificação dos bondes da cidade alta; mais tarde eletrificaria e modernizaria o Elevador Lacerda. Eduardo tinha sido escolhido por J. J Seabra para construir a Avenida Sete, como contrapartida de sua intermediação junto aos bancos estrangeiros para obter o financiamento da obra. Em uma de suas costumeiras viagens a Salvador conheceu o Coronel Pedro Amorim, proprietário da Chácara Boa Sorte, em terreno de 45.000 M², localizada na rua principal de Brotas.

Foto: reprodução / Pixabay

Eduardo foi conhecer o orquidário, então tido como a maior coleção do Brasil e uma das maiores do mundo. O Coronel Amorim mostrou ao visitante os seus jardins com variedade de crisântemos, hortênsias, avencas, fetos…expôs as suas dez mil roseiras com matrizes adquiridas na Filadélfia e Nova Iorque, junto a Peter Henderson e Conard Jones, os mais seletos fornecedores de rosáceas no mundo e a sua invejada coleção de 30 mil orquídeas. Eduardo Guinle não resistiu, propôs ao Coronel comprar o orquidário, fechou negócio adquirindo um terço dele para o Palácio das Laranjeiras a um custo estimado de 75 contos de reis, valor de um sobrado e de alguns terrenos dados em troca.

Pedro Amorim era um apaixonado por flores, formou a sua invejável coleção de orquídeas ao longo de mais de uma década, adquiria as matrizes de países asiáticos, Europa e de toda a América. Era um hobby e, também, um negócio. Tornou-se o maior fornecedor de flores de Salvador para banquetes, recepções em hotéis, casamentos, aniversários, qualquer evento onde predominasse o luxo. Os baianos adoravam flores e as cuidavam nos jardins públicos e ter uma mesa decorada com orquídeas e rosas em um café fino, ou restaurante, era um privilégio e motivo de orgulho.

Nas festas da primavera a Chácara Boa Sorte participava dos afamados concursos do Ponto Chic, estabelecimento que promovia o principal evento da estação em Salvador. Sempre era premiada. Para manter em dia o seu admirável orquidário o Coronel Amorim mandou construir um reservatório de água com tanque de aço e capacidade de armazenar até 64 mil litros. O famoso orquidário de Brotas, a lamentar, deixou de existir quando ninguém da família deu continuidade à magnífica coleção.

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E assim a Bahia ficou menos cheirosa. Perdeu o aroma das orquídeas do Coronel Amorim; a fragrância dos roseirais da Chácara Pinheiro no Rio Vermelho; perdeu as floradas das laranjeiras com seu cheiro peculiar, no Cabula e outros bairros; viu desaparecer as amoreiras da Baixa do Bonfim e da Avenida Dendezeiros onde os bichos de seda teciam seus ricos fios. Perdeu perfumes e cores. Com o fim das orquídeas a Bahia perdeu um pouco de sua beleza, delicadeza, amor, pureza e elegância, qualidades que o filósofo Confúcio atribuía às flores da espécie.

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