A Diretoria de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Dimus/IPAC/Secult – Ba) apresenta um dos maiores e mais importantes acervos de arte africana do Brasil na exposição Panáfrica, a partir de 25 de fevereiro, às 19 horas, no Centro Cultural Solar Ferrão (Pelourinho/Salvador). A montagem de longa duração trará mais de 860 peças que apontam a riqueza estética e a diversidade da produção cultural africana do século XX, expressada em objetos, sobretudo máscaras, estatuetas e utensílios de uso cotidiano ou ritualístico. As obras foram doadas ao Governo do Estado da Bahia, em 2004, pelo industrial italiano Claudio Masella.
Com curadoria do diretor de Museus do IPAC, Daniel Rangel, e do arquiteto André Vainer, que também assina o projeto expográfico, Panáfrica representa o resultado de uma longa caminhada de trabalho, que teve como último e importante passo a montagem da exposição Sete Áfricas, em dezembro de 2008, que ficou em cartaz até janeiro deste ano. “A primeira mostra serviu para aprofundar e ampliar o nosso conhecimento acerca deste acervo. A partir dela, a Dimus assumiu o compromisso e, ao mesmo tempo, o desafio de dar o tratamento museológico que a coleção merecia. Esse período foi importante para todo o processo de pesquisa e restauração. Por isso, só foi possível montar Panáfrica agora”, afirma Rangel.
Muitas das obras da coleção nunca foram usadas, de fato, no cotidiano nem em rituais religiosos, contudo, representam vários estilos étnicos das sociedades africanas. “A ideia para essa exposição, antes de tudo, foi colocar o maior número possível de peças, porque o que nos interessava era ver a exuberância da coleção, valorizando o conjunto e o trabalho artístico, que apresenta uma identidade”, diz André Vainer. “O visitante terá oportunidade de vivenciar uma espécie de mostra democrática, porque é ele quem vai dizer que peça se destaca, qual é a mais interessante, naquele conjunto”, completa.
Para valorizar o conjunto de peças, Panáfrica foi dividida em três núcleos: no primeiro estão as Máscaras, que no contexto originário eram utilizadas em rituais aos antepassados, nos quais se considerava a presença de entidades espirituais; no segundo estão as Estatuetas, destinadas à representação de seres míticos ou à perpetuação da memória dos ancestrais (reis, rainhas ou chefes de linhagens), e, por fim, no terceiro núcleo, Instrumentos e Utensílios oferecem elementos da vida cotidiana, a exemplo de recipientes, jóias, pentes, cajados, bastões, assentos e outras insignes representativas do poder e do prestígio.
O pesquisador da Dimus Ademir Ribeiro Junior explica que existem, além dos núcleos expositivos, outras duas salas especiais: Ibejis, dedicada às imagens em madeira que remetem aos gêmeos iorubanos, e Colonizadores, com estatuetas de produções recentes que aludem aos conquistadores europeus chegados ao continente africano a partir do final do século XIX. “Em Panáfrica, apesar da separação por categoria de objeto, será possível encontrar, também, uma classificação por etnia. No núcleo das máscaras, por exemplo, veremos peças dos Iorubás, do Benim e de Camarões, entre outras”, diz. “A demanda por obras de arte africana criada pelo mercado internacional impeliu muitos artistas africanos habilidosos a aprenderem as técnicas e os estilos de outros grupos étnicos cujas obras eram mais requisitadas. Assim, alguns tipos de peça, hoje em dia, podem ser produzidos em diferentes localidades da África, caracterizando-se como verdadeiros estilos ‘pan africanos’, tomando a expressão do Prof. PhD. Babatunde Lawal da Virginia Commonwealth University”, completa, justificando o título da exposição.
A partir do dia 02 de março, sempre terça-feira, às 15h, o historiador Ademir Ribeiro Junior vai ministrar visitas especializadas, espontâneas ou agendadas (71 – 3116 6740), à exposição, com o objetivo de construir um diálogo direto com o público. Organizada pelo Núcleo de Arte e Educação da Dimus (NAE/Dimus), a atividade apontará aspectos importantes da cultura africana e afro-brasileira, além de apresentar ao público, de forma mais detalhada, a história da Coleção Claudio Masella.
Serviço
O que: Exposição PANÁFRICA
Onde: Centro Cultural Solar Ferrão – Rua Gregório de Matos, nº 45 - Pelourinho
Quando: Abertura, dia 25 de fevereiro, às 19h (exposição de longa duração). Visitação – de terça a sexta, das 10 às 18h; fins de semana e feriados, das 13 às 17h
Gratuito
Informações: (71) 3117 6357
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