Em 2006, quando esbarrou em Paulo Bruscky, o baiano Marcelus Freitas encontrou a motivação necessária. Bruscky: pioneiro da arte conceitual no Brasil, homem multimídia e sempre destinado a propor novas linguagens. Freitas: jovem, curioso, movido pelas artes visuais. Do encontro, surgiu o entusiasmo para Freitas tocar o seu projeto 'Arte em Trânsito', uma espécie de convocatória aos artistas do mundo para fazerem parte de uma exposição - via correio, eles deveriam enviar suas obras.
Como concretização do projeto, 'Arte em Trânsito' finalmente ganha a forma pretendida. Em cartaz na Galeria Sobrado, a exposição reúne trabalhos de artistas argentinos, belgas, italianos, finlandeses, além de brasileiros, como o próprio Paulo Bruscky. “Bruscky, além de inspiração para esse projeto, é uma referência clássica quando falamos de caminhos alternativos para a arte, sobretudo na arte postal”, revela Marcelus.
Arte postal, ou Mail Art, é a porta de entrada para entender o que sustenta o projeto pensado por Marcelus. Surgida na década de 60, no bojo do próprio movimento da arte conceitual, a arte postal é definida pela troca de obras entre artistas de diferentes partes do mundo, uma forma de intercâmbio artístico livre de curadoria rígida. “O que me interessa na arte postal é a possibilidade de reunir artistas que dificilmente seriam vistos em uma mostra convencional, seja pela distancia geográfica, sejam pelas restrições próprias ao circuito das artes. É uma maneira mais democrática”.
Em 'Arte em Trânsito', Marcelus reuniu 31 artistas, 55 trabalhos (todos no formato de cartão postal). Para quem procura um fio condutor, desses que direcionam a mensagem, a exposição não pretende oferecer. Não há uma temática fixa, cada postal/obra passeia por um universo próprio. Também não há uma demarcação técnica – cada artista utilizou aquela que mais se assemelha ao seu processo de comunicação. Alguns são desenhados, grafitados, outros em nanquim, cera e aquarela. Mensagens políticas e humanitárias dividem espaço com postais que buscam apenas a razão estética.
A intercessão entre as obras, no entanto, existe. A linha que baliza todos os artistas está no conceito à frente da exposição. A proposta de produzir o não-convencional, de trabalhar sem conceitos definidos é o que caracteriza não só o projeto, mas as próprias obras. “Cada artista ficou livre para enviar o seu material”, afirma Marcelus. E sobre a suposta seleção das obras (uma curadoria no sentido tradicional), o baiano brinca: “A curadoria ficou a cargo dos correios”.
A EXPOSIÇÃO: Arte em Trânsito. Galeria Sobrado (Alameda das Algarobas, 74). Segunda a Sexta, das 10h às 18h. Até o dia 05/04. Entrada Gratuita
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