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Bando de Teatro Olodum estreia peça dirigida por Lázaro Ramos

A nova montagem é mais política e questionadora, e traz à tona as diversas chacinas que tiveram como alvos jovens negros

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16/11/2015 às 17:37 • Atualizada em 28/08/2022 às 23:26 - há XX semanas
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“Dizem que quando um velho morre, uma biblioteca se perde. E quando um jovem é morto, precocemente, quem se importa com esse caderno ainda sem escrita?”. Essa é uma das questões levantadas de forma contundente pelo espetáculo Erê, em cartaz no palco do Teatro Vila Velha, encerrando o ano de comemorações pelos 25 anos de criação do Bando de Teatro Olodum. A peça tem concepção geral de Lázaro Ramos, direção de Fernanda Júlia e dramaturgia de Daniel Arcades.A montagem é inspirada no espetáculo Erê pra toda a vida/Xirê, criado pelo próprio Bando de Teatro Olodum, sob direção de Márcio Meirelles, para participação no Festival Carlton Dance, em 1996, com apresentações no Rio de Janeiro e São Paulo, e uma turnê por Londres, sem nunca ter sido apresentada em Salvador.
A nova montagem é mais política e questionadora, e traz à tona as diversas chacinas que tiveram como alvos jovens e crianças negras, como a da Candelária (RJ), Cabula (SSA), Vigário Geral (RJ), Favela Naval (Diadema-SP) e Acari (RJ), tragédias que se abateram sobre a população negra do Brasil, muitas delas impunemente. Foi o caso da favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão-RJ, quando 13 pessoas foram mortas em uma única ação policial, em 1994, e outras 13, seis meses depois, no mesmo local, e até hoje, nenhum culpado foi punido. Injustiças que já levaram o Brasil a ser denunciado em órgãos internacionais como a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Organização das Nações Unidas (ONU).“Os anos se passaram e essas chacinas continuam e o teatro negro segue fazendo a denuncia. Só que neste espetáculo estamos mais exigentes, estamos apontando possibilidades, colocando o poder público no lugar que deveria estar e dizendo que não dá mais para continuar matando negro neste país. São meninos morrendo erês, sem se tornarem mais velhos”, destaca Fernanda Júlia. Erê é o nome dado às entidades infantis na religiosidade de matriz africana, são as divindades crianças, também chamadas Ibejis.
Correio24horas

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