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DE RESENHA

Espetáculos do Coletivo Casa 4 desafiam preconceitos na dança de salão

Grupo questiona os tabus e padrões da dança a dois apenas entre pares formados por homem X mulher

Arlon Souza • 15/07/2022 às 18:00 • Atualizada em 26/08/2022 às 18:04 - há XX semanas

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					Espetáculos do Coletivo Casa 4 desafiam preconceitos na dança de salão
Foto: Divulgação

Nem mesmo o saudoso Tim Maia, quando escreveu a canção “Vale Tudo” (1983) - entoando em seu refrão “Só não vale dançar homem com homem/Nem mulher com mulher/O resto vale” - tinha necessariamente a intenção de ser homofóbico. Ele se referia aos bailes funks da época, em que homens se juntavam lançando passos de dança com outros homens, enquanto mulheres formavam grupos com outras mulheres. De certo modo, Tim propunha um vale tudo de quebra do machismo. Embora a composição tenha realmente uma letra ambígua e de interpretação discriminatória - que mais à frente foi corrigida pelo próprio artista.

Tomo essa história como mote para a falar do trabalho do coletivo de dança Casa 4, que está comemorando 5 anos de fundação, voltando a cartaz no Teatro SESC SENAC Pelourinho com os espetáculos “Salão” e “Me Brega, Baile!”. O grupo, formado pelos dançarinos e coreógrafos Marcelo Galvão, Alisson George, Carlos Henrique Araújo e Leandro de Oliveira, rompe com as barreiras de gênero, sexualidade e papéis sociais da dança de salão, cujo os padrões ainda impõem a formação de pares homemXmulher, em sua maioria de orientação heterossexual.

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Desafiando os tabus e preconceitos que norteiam os diversos estilos de dança de salão, o CASA 4 contradiz e questiona o “Só não pode dançar homem com homem/Nem mulher com mulher”, de maneira contundente. E, no caso deles, através de um corpo de baile de dançarinos gays, que trazem para a cena todas as suas experiências de palco, ensino e formação técnica muito consistentes e apuradas da dança a dois. Além disso, não abrem mão da denúncia, em forma de inserções de manifestos artísticos, de relatos de experiências homofóbicas sofridas nesse contexto.

Vale ressaltar que a qualidade artística de ambos os espetáculos, tanto “Salão” quanto “Me Brega, Baile!”, ultrapassa qualquer pensamento de uma narrativa panfletária. As obras coreográficas compõem um painel diverso, contemporâneo e muito distinto em suas propostas de encenação, de forma híbrida entre a dança e a performance. A alquimia e o entrosamento dos intérpretes resultam numa fluidez e numa dinâmica muito ágeis, passeando pelo tango, bolero, samba de gafieira, aerodança e até mesmo citações de danças muito próprias da Bahia, como o arrocha.

As montagens se instalam numa atmosfera de muito romantismo, humor, reflexão e cumplicidade, sem abandonar seu aspecto primordial: a dança. A trilha sonora que ambienta tudo isso é composta pelo cancioneiro clássico, pop e romântico da música popular brasileira, indo de Roberto Carlos a Johnny Hooker. A iluminação nos transporta para um ambiente aconchegante, apaixonado, íntimo e carregado de lirismo.

E chama à atenção a exploração do espaço cênico e a interação direta com o público, principalmente, em “Me Brega, Baile!”, espetáculo este que transpõe o público para o palco, se relacionando e construindo a cena com ele, o tempo inteiro; formando assim uma grande pista de dança ou mesmo um vasto salão, onde “Vale o que vier/Vale o que quiser”, sem papéis e representações sociais impostos nem padrões. É um convite à liberdade, ao respeito às diferenças e à diversidade. E tudo isso transbordando numa grande celebração de amor e festa!

  • Datas: 15 e 16 de julho (sexta e sábado), às 19h
  • Local: Teatro SESC SENAC Pelourinho (Largo do Pelourinho, 19 - Pelourinho)
  • Duração: cada espetáculo tem 45 minutos
  • Os ingressos custam R$40 (inteira) // À venda na bilheteria do teatro e dão direito aos dois espetáculos.
  • Mais informações: (71) 3324-4520

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					Espetáculos do Coletivo Casa 4 desafiam preconceitos na dança de salão

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