Espetáculo discute a construção de identidade com personagens homossexuais

Antes de assistir o espetáculo “O Melhor do Homem”, muitas pessoas podem não entender porque dois homens, com jeito e fama de machões, se envolvem intensamente. O espetáculo se passa em uma Manhattan (EUA) atual, mais ainda cheia de preconceitos e convenções da sociedade. É na cidade que dois ex-presidiários, Dean e Skyler, se encontram.

Assim como no filme O Segredo de Brockback Montain, se rejeitam inicialmente, mas, como dizem, amor não escolhe raça, idade, religião e muito menos sexo. Eles não têm aparência afeminada e fazem questão de mostrar como são viris. Após muita resistência, se entregam à paixão, numa relação marginal e sexual. Para delírio da platéia, composta essencialmente por um público GLBTTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros) – e alguns desavisados, o romance ultrapassa a paquera e as insinuações.

Cenas fortes para a maioria das pessoas – os atores chegam a ficar nus no palco - mas sensacionais para alguns. Com iluminação dura, aquela que produz sombras bem definidas, e cenário simples “O Melhor do Homem” consegue prender a atenção do espectador do início ao fim. A proposta do espetáculo é discutir a construção de identidades, tema de pesquisa para o diretor Djalma Thürler, responsável pela tradução do texto da norte-americana Carlota Zimmerman.

O texto é provocativo e desconcertante, mas impressionantemente verdadeiro e atual. E a interpretação dos cariocas Duda Woyda e Gláucio Machado é primorosa. Não é das tarefas mais fáceis dar vida, mesmo que no teatro, a uma relação homossexual, numa sociedade tão machista. Vale a pena se despir dos preconceitos e assistir “O Melhor do Homem”.

Serviço:
Peça “O Melhor Do Homem”
Local: Teatro Martim Gonçalves
De quinta a domingo até 13 de junho
Horário: 20h
Ingressos: R$20 (inteira)