Com a presença de autores mundialmente respeitados, como Julian Barnes, Don DeLillo, Eric Hobsbawm e Hanif Kureishi, a primeira Festa Literária Internacional de Paraty, realizada em 2003, inseriu o Brasil no circuito dos festivais internacionais de literatura. Ao longo de suas edições seguintes, a Flip ficou conhecida como um dos principais festivais literários do mundo, caracterizada não só pela qualidade dos autores convidados, mas também pelo entusiasmo do público e pela hospitalidade da cidade. Nos cinco dias de festa, a Flip realiza cerca de 200 eventos, que incluem debates, shows, exposições, oficinas, exibições de filmes e apresentações de escolas, entre outros, distribuídos em Flip. Programação Principal, Flip - Casa da Cultura, FlipZona e Flipinha. Mais informações: http://www.flip.org.br
Confira a programação principal dos quatro dias de evento
Dia 04 de agosto - Quarta-feira
Horário: 19h- Conferência de abertura
Obra: Casa-grande & senzala: Um livro perene
Mesa: Fernando Henrique Cardoso
Debatedor: Luiz Felipe de Alencastro
Na mesa que abre a Flip 2010, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, autor do prefácio da edição mais recente de Casa-grande & senzala e um dos principais intérpretes de Gilberto Freyre no Brasil, fala sobre as contradições que estão na origem dessa obra seminal do pensamento brasileiro. A seu lado, o historiador Luiz Felipe de Alencastro, um dos maiores conhecedores da escravidão no Brasil, comenta a palestra com ênfase na figura do negro, tal como abordada no clássico de Freyre.
Horário: 21h30
Show de abertura
Edu Lobo
Renata Rosa com Marcelo Jeneci e Quarteto de cordas da Academia da Osesp
Direção artística
Arthur Nestrovski
Dia 05 de agosto - Quinta-feira
Horário: 10h
Obra: Ao correr da pena
Mesa 1: Edson Nery da Fonseca / Moacyr Scliar /Ricardo Benzaquen
Mediação: Ángel Gurría-Quintana
“A escrita é meu veículo. Vaidosamente ou não, considero-me um escritor literário, com uma forma literária de expressão”, declarou Freyre certa vez. Parte significativa da crítica concorda: há consenso de que não há pensador social no Brasil que seja páreo para Freyre no quesito qualidade da escrita. Para analisar esse aspecto decisivo de sua obra, o ficcionista Scliar, o crítico literário Edson Nery e o historiador Benzaquen se juntam em Paraty.
Horário: 12h
Obra: De frente pro crime
Mesa 2: Patrícia Melo / Lionel Shriver
Mediação: Arnaldo Bloch
Lionel Shriver correu o mundo com seu Precisamos falar sobre o Kevin, romance de investigação psicológica sobre uma família que tenta compreender as motivações de um filho genocida. Na prosa contemporânea brasileira, poucos autores dominam o suspense psicológico como Patrícia Melo. Sobre este e outros pontos em comuns deve girar a conversa das duas em Paraty.
Horário: 15h
Obra: Fábulas contemporâneas
Mesa 3: Reinaldo Moraes / Ronaldo Correia de Brito /Beatriz Bracher
Mediação: Cristiane Costa
Moraes fala do universo underground paulistano e da rotina de abusos, drogas e álcool de personagens desregrados. Brito cria um sertão mítico com ecos de parábolas bíblicas. Bracher brinca com o idioma e escreve contos intimistas. O que aproxima três vozes tão distintas? O fato de figurarem entre as mais densas e originais da literatura brasileira. Isso basta para justificar a conversa que travam em Paraty.
Horário: 17h
Obra: Veias abertas
Mesa 4: Isabel Allende
Mediação: Humberto Werneck
Isabel Allende é um sucesso estrondoso de público. Desde A casa dos espíritos, de 1982, foram mais de 56 milhões de livros vendidos em trinta idiomas. Ao lado de Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa e Carlos Fuentes, é um dos nomes mais bem-sucedidos da literatura latino-americana e um ícone do “realismo mágico”, que tanto marcou a prosa criada no continente desde os anos 1970. É sobre essa trajetória singular que ela conversa com o jornalista e veterano da Flip Humberto Werneck.
Horário: 19h30
Obra: O livro: Capítulo 1
Mesa 5: Peter Burke / Robert Darnton
Mediação: Lilia Schwarcz
“O segundo livro publicado na imprensa de Gutenberg era sobre a morte do mercado editorial”, diz uma piada corrente no meio literário. Na primeira das duas mesas dedicadas ao destino do livro este ano em Paraty, dois dos mais respeitados historiadores da atualidade, ambos especialistas em história da leitura e da mídia, mostram como essa discussão remonta aos primórdios da era moderna e está longe de se resumir a Ipads, Kindles e outras novidades tecnológicas.
Dia 06 de agosto - Sexta-feira
Horário: 10h
Obra: O livro: capítulo 2
Mesa 5: Robert Darnton / John Makinson
Mediação: Cristiane Costa
Nenhum autor contemporâneo foi tão fundo no estudo sobre o futuro do livro quanto o historiador Robert Darnton. Diretor da biblioteca de Harvard, ele acompanhou de perto as negociações com o Google para a digitalização de todo o acervo da universidade e registrou as implicações da proposta numa série de artigos recém-lançados em livro no Brasil. John Makinson é o CEO da editora Penguin e está na vanguarda do processo de transformação por que passa o mercado editorial em todo o mundo. Os destinos da palavra escrita são o ponto de partida da conversa de que participam em Paraty.
Horário: 12h
Obra: Além da Casa-grande
Mesa 7: Alberto da Costa e Silva / Maria Lúcia Pallares-Burke / Ângela Alonso
Mediação: Lilia Schwarcz
Apesar de muito vasta, a obra de Gilberto Freyre costuma ser lembrada apenas por Casa-grande & senzala e Sobrados e mucambos. A proposta desta mesa é examinar a obra de Gilberto Freyre para além de seus livros mais famosos. Nordeste será o tema do africanista Alberto Costa e Silva. A historiadora Maria Lúcia Pallares-Burke fala sobre Ingleses no Brasil. E a socióloga Ângela Alonso discorre sobre Ordem e progresso.
Horário: 15h
Obra: Chá pós-colonial
Mesa 8: William Boyd / Pauline Melville
Mediação: Ángel Gurría-Quintana
Tanto William Boyd como Pauline Melville são associados a um tipo de literatura que se convencionou chamar “pós-colonial”. O rótulo é vasto e decerto não exprime com precisão a particularidade do trabalho dos escritores a ele associados. Mas vale para autores que examinam, por meio da ficção, o destino de países que foram colônias num passado próximo o suficiente para que as cicatrizes da exploração ainda se façam notar. É o caso dos dois, que encontram nesse tema um ponto de partida para a conversa que travam em Paraty.
Horário: 17h15
Obra: Promessas de um velho mundo
Mesa 9: A. B. Yehoshua / Azar Nafisi
Mediação: Moacyr Scliar
Yehoshua é um dos grandes nomes da prosa de Israel, ao lado de Amós Oz e David Grossman. Como os colegas, é voz ativa no debate sobre o processo de paz no Oriente Médio. Azar Nafisi é o grande nome da literatura iraniana, país cujo regime teocrático critica de forma feroz em seu trabalho. Nesta mesa, os autores dão testemunho sobre o papel da literatura como caminho para um diálogo entre as culturas em conflito.
Horário: 19h30
Obra: Em nome do filho
Mesa 10: Salman Rushdie
Mediação: Silio Boccanera
A obra mais recente de Salman Rushdie, Luka e o fogo da vida, terá lançamento mundial durante a Flip. Mas a conversa não se restringe ao assunto do livro, uma fábula para jovens da mesma linhagem de seu celebrado Haroun e o mar de histórias (1998). A ocasião também serve para Rushdie falar de sua condição de autor-síntese da literatura multicultural e de sua visão sobre temas políticos contemporâneos.
Dia 07 de agosto – Sábado
Horário: 10h
Obra: Andar com fé
Mesa 11: Terry Eagleton
Mediação: Silio Boccanera
Além de um dos mais influentes críticos literários em atividade, o britânico Terry Eagleton é autor de um livro recente que polemiza com Richard Dawkins, convidado da Flip de 2009. Eagleton argumenta que o ateísmo pregado por cientistas como Dawkins se baseia numa concepção simplista e equivocada de religião. A obra gerou grande polêmica, e é sobre ela que Eagleton fala em Paraty.
Horário: 12h
Obra: Albany, Nova York e outras aldeias
Mesa 12: Colum McCann / William Kennedy
Mediação: Ángel Gurría-Quintana
O irlandês Colum McCann ganhou o National Book Award por seu último livro, um painel da comunidade imigrante irlandesa em Nova York nos anos 1970. Nos sete livros de seu “ciclo de Albany”, o americano William Kennedy faz da pequena cidade um microcosmo da sociedade norte-americana. Nos dois casos, a cidade se apresenta como personagem central e suscita a questão que deve nortear a conversa dos dois em Paraty: falar da própria aldeia é de fato o caminho mais curto para ser universal?
Horário: 15h
Leitura
Obra: Alguma Poesia
Chacal / Antonio Cícero / Ferreira Gullar / Eucanaã Ferraz
Um tributo a Carlos Drummond de Andrade com uma leitura de Alguma poesia, seu primeiro livro de poemas, que completa 80 anos em 2010. Participam da leitura os poetas Antonio Cicero, Ferreira Gullar, Chacal e Eucanaã Ferraz, que também assina a direção do evento.
Horário: 17h15
Obra: Gullar, 80
Mesa 13: Ferreira Gullar
Mediação: Samuel Titan Jr.
No ano em que completa 80 anos, prestes a lançar livro novo e poucas semanas após receber o 'Camões', o mais importante prêmio da língua portuguesa, o poeta Ferreira Gullar é o homenageado desta mesa em Paraty. Ele passa em revista sua trajetória e lê trechos de “Em Alguma Parte Alguma”, seu aguardado livro de poemas.
Horário: 19h30
Obra: A origem do universo
Mesa 14: Robert Crumb / Gilbert Shelton
Mediação: Sergio Dávila
Mesmo com diversos nomes estelares da literatura mundial no currículo, a Flip raras vezes pôde trazer aos palcos de Paraty uma lenda viva. Esta mesa é uma dessas vezes: num evento para entrar nos anais da cultura brasileira, o mais influente artista de quadrinhos de todos os tempos e ícone da contracultura passa em revista sua carreira, com destaque para o último trabalho: uma versão em quadrinhos do Gênesis. A seu lado, o não menos carismático Gilbert Shelton, que forma com ele a dupla perfeita para falar da história dos quadrinhos contemporâneos e do underground americano.
Horário: 21h45
Obra: Filme José & Pilar
Miguel Gonçalves Mendes
Mediação: Arthur Dapieve
Exibição de trechos do documentário José & Pilar e cenas inéditas não incluídas no filme, do diretor português Miguel Gonçalves Mendes, co-produzido por Fernando Meirelles. O público da Flip poderá assistir a uma edição de cerca de meia hora feita especialmente para a ocasião e participar em seguida de uma conversa com o diretor do filme.
Dia 08 de agosto – Domingo
Horário: 09h30
Obra: Zé Keber Paraty: passando o futuro a limpo
Mesa 15: Victor Zveibil / Ana Carla Fonseca Reis / Luís Perequê
Mediação: Sergio Dávila
O desafio está posto às cidades brasileiras do século 21: como planejar e controlar o território municipal conjugando potenciais e limites do meio físico, social, cultural, político e econômico a favor de um desenvolvimento urbano sustentável? Criatividade! É a criatividade, construída através do debate plural das idéias de cidadãos e do governo, a responsável pelo sucesso das políticas públicas municipais. Trazendo este desafio para Paraty, a mesa Zé Kleber deste ano vai abordar o tema cidade criativa, aquela que pode passar seu futuro a limpo, projetar a si mesma no tempo, colocar-se com clareza na imaginação de seus habitantes e governantes.
Horário: 11h45
Obra: Gilberto Freyre e o século 21
Mesa 16: José de Souza Martins / Peter Burke / Hermano Vianna Robert Crumb / Mediação: Benjamin Moser
Na mesa que encerra a homenagem a Gilberto Freyre, três de seus maiores intérpretes analisam a atualidade da obra do sociólogo. Herdeiro da tradição uspiana, José de Souza Martins explica por que Freyre tornou-se um clássico incontornável. Um dos maiores praticantes da história das mentalidades no mundo, Burke analisa o pioneirismo de Freyre nesse segmento. E o antropólogo Hermano Vianna discute a questão da miscigenação e da identidade nacional na obra do autor pernambucano.
Horário: 14h30
Obra: Cartas, diários e outras subversões
Mesa 17: Wendy Guerra /Carola Saavedra
Mediação: João Paulo Cuenca
A cubana Wendy Guerra faz dos diários uma ferramenta ficcional importante para dar conta de sua experiência e das contradições que marcam a história política de seu país. Carola Saavedra valeu-se de cartas para compor alguns de seus livros, que fizeram dela uma grata surpresa da literatura brasileira nos últimos anos. A diferença é que Carola escreve numa democracia onde a liberdade de expressão é respeitada; os livros de Wendy, nunca é demais lembrar, estão proibidos de circular pela ditadura cubana.
Horário: 16h30
Obra: Nacional, estrangeiro
Mesa 18: Benjamin Moser/ Berthold Zilly
Mediação: Claudiney Ferreira
Tanto para o americano Benjamin Moser, biógrafo de Clarice Lispector, como para o tradutor alemão Berthold Zilly, o Brasil é uma referência decisiva. Ambos se aproximaram da cultura brasileira de forma casual, mas se transformaram em grandes intérpretes da literatura produzida no Brasil. A visão desses dois autores é uma síntese do papel ambíguo ocupado pela literatura brasileira no exterior, tema dessa conversa de que participam em Paraty.
Horário: 18h15
Obra: Livro de cabeceira
Mesa 19: Convidados da Flip leem trechos de seus livros prediletos
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