Com uma equipe que inclui o ator Lázaro Ramos, o diretor Fernando Guerreiro, a cantora Margareth Menezes e o iluminador Peter Gasper, a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia apresenta a partir do dia 09 de janeiro, em Salvador, 'Terreiro d´Yesu', espetáculo que mistura efeitos visuais, música e dramaturgia para antecipar ao público a nova iluminação do Pelourinho, prevista para estar totalmente implantada em julho de 2009. O espetáculo tem duração de 25 minutos e ficará em cartaz de 09 de janeiro a 12 de fevereiro no Terreiro de Jesus (Pelourinho), com apresentações diárias em duas sessões abertas ao público, às 19h e às 21h. A iniciativa é uma realização do Governo do Estado da Bahia e da Secretaria de Cultura, através do IPAC e do Escritório de Referência do Centro Antigo, com execução da Cité Luz S/A.
'Terreiro d´Yesu' é uma nova versão dos espetáculos de Som e Luz tradicionais, que em geral trazem uma narração contando a história das estátuas e prédios apresentados. No caso da montagem baiana, a narração é interrompida para ceder lugar a uma encenação dramatúrgica que tem os próprios monumentos como personagens. Sendo assim, o que o público verá é uma história com diálogos entre os cartões-postais do Largo do Terreiro de Jesus, como a Catedral Basílica, a Igreja de São Domingos, a Igreja de São Pedro dos Clérigos, a Faculdade de Medicina e a Cantina da Lua, entre outras personagens. 'Esta montagem tem dois diferencias em relação aos espetáculos de Som e Luz', distingue o diretor Fernando Guerreiro. 'Primeiro, mexe com um tema sociopolítico, e não apenas histórico; segundo, a inclusão da dramaturgia. Para falar de um tema específico, não podia ser só uma narrativa histórica, tinha que ter uma trama'.
A idéia de dar ao espetáculo um caráter teatral e dramatúrgico foi do diretor de teatro e secretário estadual de Cultura, Márcio Meirelles. Segundo ele, a idéia era fugir da obviedade desse gênero de montagem e gerar uma discussão mais ampla sobre o patrimônio local, inclusive a participação popular na sua preservação. 'Foi o povo que sempre manteve isso aqui', afirma Meirelles. Nesse novo formato, os monumentos passam a ser personagens. Eles não apenas ilustram um contexto histórico ou suntuosidade, mas também são porta-vozes de um discurso. Guerreiro aponta, por exemplo, que o negro não está representando por nenhuma construção, como se ele não tivesse registro espacial.
O roteiro do espetáculo é de Sérgio Cerviño Rivero e reflete as relações 'político-poéticas' mantidas pelas representações simbólicas das edificações existentes no Terreiro de Jesus, podendo ser considerado uma fábula inspirada na cultura negra – que mistura humor e poesia para falar sobre poder, Pelourinho e seus moradores, preconceitos e urbanidade. Nêgo da Carrinha, personagem principal interpretada pela voz de Lázaro Ramos, passa por uma pequena odisséia interior para se impor sobre poderes que não concebem inclusão nem transformação, discutindo a importância do negro na construção do Terreiro de Jesus. Além da voz de Lázaro, o espetáculo conta com as vozes de Jackson Costa, Margareth Menezes, Gideon Rosa, Carlos Betão, Fafá Menezes, André Simões, Evelin Buchegger e Ícaro Vilanova.
Todo o projeto de luz leva a assinatura do lighting designer Peter Gasper, um dos mais importantes iluminadores do país. Nascido na Alemanha, Gasper veio para o Brasil ainda criança, fugindo da guerra com sua família. Estudou arquitetura e trabalhou como cenógrafo em diversas emissoras de televisão, entre as quais a Rede Globo. Lá, formou toda uma geração de cenógrafos e acabou direcionando seu interesse para a iluminação, numa época em que pouco se entendia dos efeitos da luz na TV. Seu currículo inclui importantes projetos luminotécnicos realizados, como a barreira de Itaipu, o Sambódromo do Rio de Janeiro, a Catedral de Brasília, o Memorial JK, o Museu de Arte Contemporânea de Niterói e os shows do Rock´n Rio.
O espetáculo 'Terreiro d´Yesu' conta também com trilha sonora original assinada por Jarbas Bittencourt, interferindo diretamente em imagens projetadas. Sendo assim, foi criada uma engenharia de som (de Felipe Pires) com suround system, onde cores e música se unem para pontuar ápices dramáticos. Para isso, o equipamento inclui 400 refletores e 22 moving lights, além de projetores de vídeo (que criam imagens de até 25m X 11m), máquinas de fumaças e outros aparelhos de efeitos especiais, tudo devidamente abastecido por cinco geradores de energia. 'Esse projeto propõe novas questões para todas as pessoas envolvidas', avisa Fabiano Xavier, diretor executivo de 'Terreiro d´Yesu', que desde o início de novembro vem trabalhando com sua equipe para que tudo esteja pronto no dia 09 de janeiro. Considerando a montagem um verdadeiro 'desafio técnico', avisa: 'Não estamos fazendo um espetáculo somente para o turista'.
Todo o arsenal envolvido, unido à dramaturgia da encenação, torna a iniciativa inteiramente diferente de tudo que já foi feito nessa área na Bahia (já foram realizados espetáculos de Som e Luz no Solar do Unhão e Igreja de São Francisco). 'Toda a técnica e o aparato técnico estão em diálogo direto com o processo artístico. É uma interface entre várias linguagens, cada uma com suas especificidades e participação essencial para o resultado', observa Guerreiro.
Para a coordenadora do Escritório de Referência do Centro Antigo, Beatriz Lima, o projeto é uma das principais ações do Plano de Reabilitação do Centro Antigo: 'Para nós do Escritório de Referência, que estamos à frente do projeto de reabilitação sustentável do Centro Antigo, o espetáculo marca um novo patamar da elaboração e execução do Plano de Reabilitação do Centro Antigo, numa nova fase que se inicia em 2009', explica, avisando que a previsão é de que no próximo mês de julho a nova iluminação pública e de 23 monumentos do Centro Histórico esteja pronta, a partir de um projeto conceitual desenvolvido pelo artista plástico baiano Joãozito, que segue tendências internacionais de iluminação de monumentos e de consciência energética.
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