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O cotidiano de uma das cidades mais efervescentes e cosmopolitas do mundo, Nova York, é o centro da exposição que o fotógrafo Antonio Mari apresenta, pela primeira vez em Salvador, a partir desta quarta-feira, dia 29 de junho, na Galeria ACBEU (Corredor da Vitória). A mostra "New York Street Scenes" expõe a produção de Mari, natural do Espírito Santo, capturada ao longo dos 27 anos em que esteve radicado nos Estados Unidos, onde trabalhou para jornais como New York Times e New York Post. A exposição fica em cartaz até o dia 16 de julho, com visitação de segunda a sexta-feira, das 14h às 20h. A entrada é gratuita. Para compor a mostra, Antonio Mari procurou as fotos que, ao longo de sua carreira, foram as mais marcantes, ou pela estética ou pelo inusitado da situação. Está presente, por exemplo, a foto que conseguiu fazer para o jornal New York Post, na época do Natal, de um grupo de quase 60 “Papais Noeis” que foram obrigados a tomar o metrô conjuntamente pelo não comparecimento do ônibus que os deveriam conduzir para a sede da ONG Volunteers of America, para a qual trabalhavam.A exposição “New York Street Scenes” tem curadoria de Dilson Midlej e reúne 21 imagens, entre elas duas fotografias iluminadas por trás (conhecida por backlit Duratrans) e ampliações coloridas e em preto e branco sobre papel.
New York Street ScenesAs imagens de “New York Street Scenes” foram feitas desde meados dos anos 1980 até os dias atuais. É uma compilação de quando o artista cursava seu Mestrado em Fotografia pela NYU-New York University, bem como de viagens posteriores feitas aos Estados Unidos, sendo constituída exclusivamente de flagrantes de pessoas, da arquitetura e da movimentação urbana de Nova York. Cenas de parques, estações de metrô e trânsito que refletem o agitado cotidiano dessa que é uma das mais instigantes e populosas cidades do mundo ocidental.
Antonio MariAfastando-se um pouco da sua marca etnográfica, Mari revela-se um atento observador do cotidiano, sem se comprometer em fazer uma síntese dos costumes inerentes a essa que é a mais celebrada das metrópoles. Na mostra, ele inclui desde imagens em preto e branco, capturadas em filme Kodak Tri-X com uma Nikon FM2, até a era dos mega pixels. Influenciado pelo fotojornalismo, Antonio Mari expressa em seu trabalho um pouco da experiência que acumulou ao trabalhar em jornais diários. Foram nesses veículos que ele começou a desenvolver seu estilo, impulsionado pela adrenalina do fechamento, pela competição interna e externa. “Era comum o assignment editor nos instruir a rodar de carro em busca de uma imagem peculiar da comunidade. Em um dia de poucas ou irrelevantes notícias os editores preferiam publicar essas chamadas "feature shots" de temática local, ao invés de imagens obtidas nas agências de notícias”, conta Mari. Segundo ele, uma frase clássica no jargão jornalístico americano é "f8 and be there" (f oito e esteja lá), numa referência à abertura ideal de diafragma f 8.0 para uma foto nítida e a obrigação de estar na hora certa e no lugar exato. “Ou como diria (o fotógrafo) Bresson – le moment décisive - de apertar o botão e eternizar um flagrante da realidade. Para mim, o desafio é muito maior na fotografia do que no vídeo, uma vez que na primeira, uma única imagem estática tem que carregar um grau de informação suficiente para invocar sentimentos, despertar curiosidade e aguçar sua imaginação”, diz ele.