O desejo de expor a relação entre homem e natureza, explorada amplamente através de elementos abstratos, psicodélicos e também palpáveis, foi o ponto comum que reuniu dois artistas plásticos de diferentes partes do continente americano na capital baiana. Eder Muniz, 30 anos, saiu de Castelo Branco, periferia de Salvador, para juntar seu estilo, formado sobretudo no grafite, ao americano da Filadélfia Paul Santoreli, 37, com experiência acumulada em mais de 20 anos de atuação artística em locais como Paris, Dinamarca e México. O resultado desse encontro poderá ser conferido na exposição Mutantes, que entra em cartaz amanhã, na Galeria Acbeu, no Corredor da Vitória, e fica em cartaz durante todo o mês de março. “Queremos mostrar com a exposição o reconhecimento da natureza como uma coisa mutante. Temos que entender que não podemos apenas extrair dela. Temos que dar algo de volta também”, explica Muniz. As obras unem técnicas de grafite, pintura em tela e colagens em diferentes suportes e foram produzidas conjuntamente pelos artistas para a mostra. Além das pinturas nas paredes da galeria, eles também vão expor instalações, esculturas, desenhos e pinturas em tecido. “O nosso trabalho fala da natureza, além da questão ambiental. Há também conflito humano nas nossas obras: unimos natureza e os conflitos da própria existência”, prossegue o baiano. No espaço, também serão expostos trabalhos individuais dos artistas, sendo que alguns deles serão comercializados. Intercâmbio Os dois se conheceram em 2010, quando Paul visitou a Bahia para realizar uma oficina com jovens. Na época, o americano deixou sua marca no bairro de Castelo Branco, onde Eder reside até hoje. Pouco depois, o baiano foi morar em Nova York e encontrou novamente o artista. “Eu sempre tive atração pelo Brasil e suas manifestações culturais como música, cultura, dança. Existe uma grande mistura de raças que gera uma identidade única no país e isso se reflete nas artes”, explica. De acordo com Eder, a vontade de ambos é que a parceria se estenda para outros pontos da cidade. “Nosso desejo era fazer uma obra em um prédio no centro de Salvador, mas ainda não encontramos local”, lamenta. Da primeira visita à Bahia, Paul recorda também do encontro com o artista plástico Bel Borba. “Combinamos ainda de produzir uma obra juntos. Sei que ele está em Nova York e cheio de trabalho por lá”, pontua. “Depois desse encontro ele desapareceu (risos), mas ainda espero que a gente consiga realizar algo juntos”.
Grafite Eder começou nas artes pelo caminho da pichação. “De repente, senti que aquilo era pouco pra mim e era apenas o sinal de uma rebeldia de quem não tinha muita experiência”, relata. Encontrou então no grafite a maneira de expressar o viés artístico que sempre sentiu ter. Atualmente, o artista tem trabalhos expostos em vários pontos da capital baiana, como Pirajá, Castelo Branco, Rio Vermelho, Amaralina e Rua Carlos Gomes. Paul estudou na escola de Artes Visuais na Universidade do Arizona e, desde então, se dedicou a espalhar sua arte em diferentes partes do mundo. “Aprendi mais sobre técnicas de grafite em Paris, onde conheci expoentes da área como Os Gêmeos, Psycho e Nunca”, conta. A experiência em Salvador difere um pouco do estilo aplicado na maioria das suas obras. Normalmente, ele prefere as misturas díspares, como preto e branco ou materiais macios e densos. “Gosto de unir coisas diferentes como a casca de um caranguejo e água-viva”, detalha. Além da mostra na Acbeu, o americano vai deixar um pouco de sua arte no interior do estado. Ele visita a cidade de Filadélfia, a 344 quilômetros da capital baiana, onde deixará registradas suas tintas em um muro local. Atualmente, Paul Santoreli faz parte do City of Philadelphia Mural Arts Program (Programa de Artes em Muro), que busca a inclusão social de jovens através das artes plásticas. “Vim para Salvador com o apoio deles para trazer um pouco do nosso conceito de arte”, finaliza. Matéria original: Correio 24 horas Mostra na Acbeu une o baiano Eder Muniz e o americano Santoreli
Eder Muniz e Paul Santoreli se conheceram em Salvador, em 2010 |
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