O musical “A Coisa” encerra temporada hoje no TCA

O projeto Domingo no TCA encerra o seu terceiro ano de atividades com o espetáculo musical “A Coisa”, no dia 13, às 11h, na sala principal, com ingressos a R$ 1. Sob a direção de Paulo Dourado, o ator Jackson Costa canta textos de Gregório de Mattos, Castro Alves, Sosígenes Costa, Augusto dos Anjos, Fernando Pessoa, José Delmo, Ramon Vane e do próprio Jackson, que ganharam musicalidade densa e primorosa no espetáculo.

“A Coisa” resgata textos do primeiro grande poeta brasileiro Gregório de Mattos (O Boca do Inferno), cujos poemas são testemunhos da criação da cultura brasileira e também da sua ‘língua’.

A sátira e a musicalidade de Gregório dão à sua poesia uma inesperada contemporaneidade. As vozes, os sotaques, os batuques e o violino presentes em Gregório, aparecem também em Castro Alves, com os poemas sinfônicos “O Navio Negreiro” e “O Povo ao Poder”.

Outra marca do espetáculo é o evidente resgate que o ator faz das suas raízes e referências artísticas. O texto que dá nome à montagem é uma prova disso. “A Coisa” é uma das belas criações do ator, autor e diretor José Delmo, reverenciado por Jackson como uma das pessoas que contribuíram para a sua formação profissional.

A poesia é feita com as palavras e as palavras são feitas com sons. Por isso, a proximidade entre a música e a poesia. Formas populares como o ‘repente’, ‘a embolada’ e ‘o desafio’, tradicionalmente unem o som/ritmo da música ao sentido das palavras, construindo uma expressão rica de possibilidades. Sem falar no Rap (Rithm and Poetry) e outras formas de canto falado contemporâneos.

“A Coisa” enfatiza os aspectos sonoros das palavras, refazendo o ritmo e a forma melódica. O som do espetáculo é, fundamentalmente, contemporâneo eletrônico, mas também às vezes percussivo e tribal. “A Coisa” busca reforçar o sentido ou significado das poesias, estabelecendo um contexto contemporâneo igualmente válido para textos antigos e modernos.

Projeto

Com o apoio da Secretaria de Cultura (Secult) e da Fundação Cultural do Estado (Funceb), o projeto do Teatro Castro Alves proporcionou, na temporada deste ano, espetáculos de dança, música erudita e popular, teatro, circo e filmes, em manhãs de domingo a preços populares.

A edição apresentou Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, direção de Luiz Marfuz, o show de gravação do DVD da cantora Mariene de Castro, a peça O Sapato do Meu Tio, com a direção João Lima, o BTCA, com a coreografia Isadora, de Luiz de Abreu, o Grupo Dimenti, com o espetáculo A Mulher-Gorila.

O público também assitiu à banda de rock instrumental Retrofoguetes, os filmes de animação Prisioneiro na Torre de José Vieira e As Aventuras de Gui e Estopa da paulistana Mariana Caltabiano, a banda base da Jam no MAM, o BTCA, com a coreografia Afrika, de Victor Navarro, e o show de Moraes Moreira.