A noite de ontem foi mais especial em Salvador. Isso porque o Teatro Castro Alves recebeu a estreia da ópera O Barbeiro de Sevilha, de Gioachino Rossini, realizada pela Cia Brasileira de Ópera. O maestro John Neschling é responsável pela direção artística do espetáculo, que tem produção de José Roberto Walker e apoio de 70 artistas e técnicos.
A ópera conta a história de Fígaro, um barbeiro que faz de tudo em sua cidade: arranja casamentos, receita remédios, dissemina boatos, dentre outras coisas. No decorrer do espetáculo, ele tenta ajudar o Conde de Almaviva a conquistar e casar com a doce Rosina, pupila de um velho e tirano médico, D. Bartolo, que tem planos de se casar com ela. O médico é muito ciumento e mantém Rosina confinada em casa. O sucesso do desfecho da história se dá graças a sempre fértil imaginação do'barbeiro de Sevilha'. Uma ópera-cômica bastante divertida e irreverente.
Com uma proposta visual inovadora, o espetáculo apresenta cenários e personagens, desenhados pelo cartunista ítalo-americano Joshua Held, que interagem com os cantores reais. Efeitos visuais de tirar o fôlego, com cores que parecem 'dançar” ao som da orquestra e caricaturas animadas.
As árias, composições musicais escritas para uma ópera, e os libretos, letras da ópera, originalmente italianos, ganharam uma tradução no formato de legendas que apareciam num telão instalado sobre o palco. Assistir ao espetáculo leva o público a sentir um misto de emoções. Alegria, tristeza, incerteza e amor, são algumas.
O lamentável é que um espetáculo dessa magnitude tenha levado tão poucas pessoas ao teatro, que não estava nem com metade de suas cadeiras ocupadas. Isso leva a crer que o público baiano não está habituado ao formato. Atualmente óperas não são a forma de entretenimento que diverte ou emociona a 'massa'. Mas engana-se quem pensa que ópera não é um tipo de arte popular. Esse gênero artístico era uma forma de lazer muito comum em séculos passados, quando as pessoas se encontravam para a realização de saraus.
Um espetáculo leve, repleto de belas mensagens, que encerra a apresentação com o desejo de que “o amor e a fé reinem sempre nos corações”. A montagem da ópera O Barbeiro de Sevilha permanece em cartaz na sala principal do Teatro Castro Alves até domingo, dia 19 (confira programação).
Curiosidades - Diz-se que Gioachino Rossini escreveu O Barbeiro de Sevilha para pagar uma dívida e que ele teria escrito a ópera em apenas treze dias, um tempo recorde para uma obra dessa magnitude. A estreia, em 20 de fevereiro de 1816, foi marcada por alguns incidentes: um gato saltou para o palco durante uma ária suave, uma corda de viola arrebentou-se durante a execução e um cantor deu um passo em falso e caiu. A plateia vaiou e gargalhou durante todo o espetáculo. Mas a segunda apresentação, no dia seguinte, foi um grande sucesso. Diz-se que, envergonhado, Rossini não estava presente para receber os aplausos.
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