Quando a Disney decidiu investir em um musical juvenil (formado por alunos do ensino médio que gostam das aulas, respeitam os pais, são solidários e adoram cantar) não esperava muita coisa. Era um filme feito para a TV, com um orçamento modesto, para uma faixa etária cada vez mais entretida com a internet. Mas, como é recorrente na história do estúdio, o filme se transformou em um fenômeno pop. Ganhou duas sequências, elevou seus atores a ídolos.
Agora, dois anos depois do último filme da série, uma versão brasileira estreia nos cinemas: “High School Musical – O Desafio”, resultado de um reality show promovido pelo Disney Channel, é a aposta do estúdio na possibilidade de renovação da franquia. Saem nomes como Troy, Sharpey e Wild Cats, e entram Olavo, Lobos-Guará, Renata, samba e Olodum. “O Cezinha (apelido de César Rodrigues, diretor do filme) sempre falava pra gente buscar um jeito brasileiro, um olhar nosso, porque se não fosse assim ia acabar virando uma caricatura”, revela Olavo Cavalheiro, ator protagonista da versão brasileira.
Caricatura o filme não é. Mas a tentativa de alcançar um jeito brasileiro em “High School Musical – O Desafio” não funciona. Os meninos jogam futebol, as letras são em português, a trilha sonora flerta com ritmos brasileiros, o cenário é o Rio de Janeiro e, no entanto, nada soa realmente nacional. O universo Disney é um território definitivamente americano, e uma vez deslocado desse cenário, toda a ficção sofre com a mudança.
Os valores morais personificados pelos personagens de High School dizem respeito ao próprio universo folclórico americano. Walt Disney, ao criar um império em cima da magia de seus desenhos, estava dialogando com o american way of life e com o conjunto de conceitos que fundamentaram os EUA enquanto nação. Mickey, Pato Donald e High School (versão original) só deram certo porque estavam sustentados por essa lógica. Sem ela, não há como comprar a verdade de suas histórias e nem a de seus personagens.
“High School Musical – O Desafio” pode, no entanto, agradar aos pré-adolescentes fãs da série original – Olavo Cavalheiro tem o maxilar de um galã, e Renata Ferreira, a atriz mocinha da história, transparece meigice suficiente para fazer da produção um desejo de fim de férias escolares.
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