icone de busca
iBahia Portal de notícias
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
ESPECIAIS

Confira os nomes das Mesas da Flica 2015

Em sua 5ª edição, a Flica já está consolidada na agenda cultural do País

foto autor

02/10/2015 às 16:40 • Atualizada em 01/09/2022 às 3:58 - há XX semanas
Google News iBahia no Google News
O Governo do Estado da Bahia apresenta a Flica 2015 e o projeto tem patrocínio da Coelba, da Oi e do Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e apoio cultural da Oi Futuro, da Prefeitura Municipal de Cachoeira e do Sebrae.Na 5ª edição, a Flica já está consolidada na agenda cultural do País. São cinco dias de imersão literária em mesas de debates com temas que perpassam política, economia, história, biografias e dramas humanos a partir dos olhos e das palavras de importantes autores do Brasil e do mundo.
Mesa da quarta-feira (14)Gentes brasileirasAutores: Antônio Torres e Igor GielowMediador: Jorge PortugalNo agitado mundo das redações, vivido por Antônio Torres e Igor Gielow em tempos diversos, as gentes passam apressadas. Ali, as letras têm pressa em traduzi-las, tendem a cuidar apenas de registrá-las. Não será o caso de um e de outro, fascinados pelo profundo de cada história, sempre pessoal, não há fatos sem gentes. Torres, antes das redações, contava histórias de viventes de sua terra, Junco, no nordeste baiano, escrevendo cartas dos que não o sabiam fazer a parentes.Antônio Torres é homenageado da edição, baiano a orgulhar o estado berço das letras brasileiras na cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras. A presença de Igor Gielow, jovem aprendiz perto dele, mas aprendiz aplicado, excelso, é-lhe parte da homenagem. São diversos no tempo e nos espaços, nos temas e ritmos, porém muito mais os une do que os separa. São dois exemplares (in) comuns de gentes brasileiras, nunca se colocaram fora desse existir, pois o veem como imensamente rico, talvez mais rico do que eles próprios, um tanto alienados pelo mundo das redações, das escritas, do necessário registro.Mesas da quinta-feira (15)Etnias, resistências e mitosAutores: Tâmis Parron e Luiz Claudio Dias NascimentoMediador: Aurélio SchommerA Flica escolhe para conversar sobre etnias, resistências e mitos na história da Bahia e do Brasil, da liberdade e da servidão, Cacau Nascimento e Tâmis Parron não pelo fato de o primeiro ser de Cachoeira e de ter como um de seus temas principais as raízes do hoje benquisto Candomblé, e do segundo ter sido muito elogiado quanto a seu trabalho sobre a escravidão no Brasil no século XIX. Escolhe porque ambos começam e terminam seus trabalhos se perguntando: “Terá sido assim? Foi assim”? Quem sabe? Talvez ninguém, mas nós sabemos que eles também estão em dúvida e não dobram a espinha “a serviço de”, a não ser da memória de um país geralmente desmemoriado ou, pior, de memórias distorcidas, impressões equivocadas sobre fatos até inexistentes.O superficial da profundidadeAutores: João Paulo Cuenca e Lima TrindadeMediador: Cristiano RamosO texto literário deve ser simples, o contrário de cartas de amor rococós. Essa qualidade, a simplicidade, têm a palavra impressa de Lima Trindade e João Paulo Cuenca. Por outro lado, há que se preservar as multidimensões dos personagens, por vezes reveladas (ou relevadas) num retrato opaco, nu, um descritivo linear de fotografias do ser em movimento. O desencanto, paradoxalmente, é o espírito de um tempo de crendices novas e totalitárias.
Paisagem múltiplaAutor: Martha Medeiros e Veronica StiggerMediador: Cristiano RamosMartha Medeiros, em “Feliz por nada”, conta ter estado numa ilha grega, em praias brasileiras, num vilarejo europeu, numa “estrada bela e vazia” e “principalmente, no meu quarto e na minha cama”. O casal de Verônica Stigger no conto “Cubículo” começa num apartamento, muda-se para um banheiro, depois para a privada do banheiro, finalmente da privada para um intestino.Mesas da sexta-feira (16)Adonias Filho, 100 anosAutor: Carlos Ribeiro e Silmara OliveiraMediador: João Aguiar NetoHouve um tempo, na Bahia, em que um tecelão de romances conseguiu tecê-los com sensações, a pena mal se move ou se move agitada, não importa o mover da pena, só se vê as sensações. Se vê, sim, o tecelão as transforma em imagens.O tecelão é Adonias Filho: “Andar, é bom andar, não há portas fechadas. Quando tristes, nas soleiras das igrejas, os mendigos cantam”.Versos, diversosAutor: Clarissa Macedo e Rita SantanaMediador: Roberval PereyrA poesia, no caos literário, é quem chega mais perto do ritmo e da harmonia da música, porém, presa à palavra, permanece dissonante, pois, afinal, os versos são diversos, como diversas suas causas profundas, suas cruéis ou líricas inspirações.Clarissa e Rita não se importam com a dissonância, antes a força do discurso à imitação inútil da música. Exaltam-se contra as fendas interpostas aos desejos, “o túmulo aberto da infância”, para Clarissa, a lembrar ao menino o “seio roído da mãe que já foi”. “Mas não me venha com esperas”, exige Rita, a reclamar reciprocidade a seu molejar (de “mole”, não de “mola”).Mesas do sábado (17)Desejos e Limites do EstadoAutor: Mariana Trigo Pereira e Bruno GarschagenMediador: Aurélio SchommerNo século XVI, enquanto o Estado português ainda lutava pela posse do que viria a ser o Brasil, estava em pleno vigor um sistema de pensões e outro de auxílio aos mais necessitados. Pensionava-se a quem o Estado devia favores, como o arquiteto Luís Dias, responsável pelas obras da cidade original de Salvador, enquanto as misericórdias e ordens católicas, espécies de ONGs da época, mas em simbiose com o Estado, cuidavam dos socorros aos que de socorro dependiam. Mem de Sá deixou em testamento parte de sua fortuna para os “pobres de Salvador”, representados no inventário pelos jesuítas da cidade, defensores autoatribuídos de seu quinhão de pobres.Para Mariana Trigo Pereira, coautora de “Cuidar do futuro: os mitos do estado social português”, as “despesas sociais” são necessárias e viável seu financiamento. Para Bruno Garschagen, autor de “Pare de acreditar no governo”, mitos há na direção oposta, pelo menos em terras luso-tupis.DiálogosAutor: Helon Habila e José Carlos LimeiraMediador: Maria Anória de Jesus OliveiraOs indivíduos dos romances de Habila pedem para se livrar da sobrecarga da narrativa histórica colonial, baseada em geografias e povos, mas acabam se dando conta, desolados, que interagir como indivíduo é uma construção política, seja colonial, pan-nigeriana, intraétnica ou nos mal-entendidos do amor e da amizade entre dois. Mas aí já será um drama igualmente europeu ou americano, um drama comum a todos, embora estes não sofram de memórias de opressões colonias.Em TrânsitoAutor: Sapphire e Lívia NatáliaMediador: Mário MendesMilitância. Todos militam, viver o é, nem todos fazem por merecer o selo “militante”. Elas merecem, pela poesia ou pela prosa de ficção, contravozes, contrapalavras, na definição de Hildalia Cordeiro para Livia Natália, mas que bem poderia se aplicar a Sapphire, a reportar o comum tido por incomum por antes não ter sido dito.Esta é uma mesa sobre identidades Bahia – Estados Unidos, fortes identidades, etnicidades de raízes e desenvolvimentos em comum, sobre identidades femininas, sobre identidades negras, sobre identidades literárias, sobre identidades militantes.Fantasias NoturnasAutor: André Vianco e Ana Beatriz BrandãoMediador: Aurélio Schommer“Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor?” (Camões).Em português foi escrita a melhor síntese sobre a natureza do amor occitano, cortês, romântico, séculos de noites de acontecimentos sublimes a marcar a paixão mortal que se quer na entrega ao outro eleito, sensatamente ou não, geralmente não. O que nos diz Camões é que a amizade é fria, calculista, evita a morte, evita a dor; enquanto o amor, strictu sensu, amor de cavalheiro, clama pela morte, pela dor, é quente mesmo quando sereno, é imune aos apelos da vã e ilusória razão.Jamais se saberá o que é a verdade. Da ilusão bem sabem Ana Beatriz Brandão e André Vianco, e é adorável conhecê-la por eles. Duas gerações, duas entre 40 gerações desde os primeiros encontros noturnos em túneis de castelos da Aquitânia, amor roubado, escondido, disposto a tudo pela imortalidade d’alma amante, entregue, a desejar a fusão de dois a ponto da troca literal de sangues. Dois exímios descritores do mais puro desejo, escritores das mais imortais fantasias.Hansen Bahia, XilogravurasliteraturasAutor: Rubem Grillo e Antonio S. CostellaMediador: Evandro SybineComo Hansen, Cachoeira-São Félix a traduzir uma alma que viveu com Haile Selassie em Adis Abeba (Jah Rastafari) e mesmo assim morreu de saudades da Bahia adotiva, Antônio Costella igualmente escreve palavras, poemas e contos, breves impressões, decerto não tão profundas quanto os traços de suas gravuras.Muito mais que escritores, Hansen, Antônio e Rubem são tradutores em ranhuras da finitude e da permanência, do que nos iguala e nos diferencia, bastando para diferenciar uma réstia de traço. Xilogravurasliteraturas, homenagem ao que, por ter ir cedo, estará ausente. Ausente? Sem recorrer ao sobrenatural, faremos Hansen, esse “artista dos melhores que pisaram o solo baiano”, nas palavras de Jorge Amado, presente, resgatado em sua serenidade atenta.
Sobre Palavras e PrincesasAutor: Meg Cabot e Paula PimentaMediador: Cristiano RamosNo blog/site de uma leitora de Fortaleza, casada e mãe de dois filhos, há apurada resenha de “O livro das princesas”, coletânea de contos com Paula Pimenta e Meg Cabot entre as autoras. “Basta ter um coração romântico e ser apaixonada por contos de fadas para se encantar com esse livro”, diz ela, que, em sua própria definição na esmerada página, conta “transformar pensamentos e sentimentos numa viagem de palavras”.Não, nós somos bons, nem os personagens de contos de fada o são de todo, mas eles podem melhorar, como ensinava Jane Austen, influência exercida sobre Meg Cabot, também, direta ou indiretamente, sobre Paula Pimenta. A leitora de Fortaleza igualmente não o é. A literatura a faz melhor, alimenta seu “coração romântico”, que por sua vez é um ideal, uma meta para quem, não sendo bom nem mau de origem, e mesmo superando esse dualismo filosófico primário, deseja e ambiciona algo melhor para si; ao fazê-lo, para os demais, pois se apaixona pela vida como ela pode ser se nos dermos a ela, como bem ensinava Jane Austen.A Flica 2015 tem o apoio da Caixa, Oi Futuro, prefeitura de Cachoeira, Sebrae e Odebrecht.

Leia também:

Foto do autor
AUTOR

AUTOR

Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!

Acesse a comunidade
Acesse nossa comunidade do whatsapp, clique abaixo!

Tags:

Mais em Especiais