A tecnologia chegou de modo distinto nas diferentes instituições de ensino pelo mundo. Enquanto alguns colégios e universidades já se encontram em estágio mais avançado, outras ainda precisam percorrer um longo caminho. Essa é uma prova de que a transformação digital ainda terá muitos desafios para se tornar acessível para a maioria, sobretudo quando falamos em países menos desenvolvidos.
Apesar de já ter iniciado esse processo em suas escolas, o Brasil ainda enfrenta problemas como infraestrutura e falta de formação adequada. É o que indica uma pesquisa realizada pelo movimento Todos Pela Educação.
A pesquisa mostra que mais da metade (55%) dos professores da rede pública já utilizam a tecnologia digital em sala de aula de alguma maneira. Porém, alguns fatores limitantes foram apontados pelos docentes entrevistados. Segundo a pesquisa, a falta de infraestrutura é o principal problema apontado pelos professores, que indicaram a ausência de equipamentos (66%) e a velocidade insuficiente da internet (64%) como principais fatores limitantes.
Os resultados mostram uma tendência que aos poucos vem ganhando mais força no país: levar a transformação digital para dentro da sala de aula. Essa nova forma de pensar a educação tem se tornando pauta nos espaços acadêmicos, com o objetivo de desenvolver práticas diárias e projetos para levaram a transformação digital cada vez mais para a área da educação.
Mudança na maneira de pensar a educação
Nesse processo, é preciso que haja uma mudança na maneira de se pensar a educação. Para o especialista em Administração e Marketing de Serviços e consultor na Ekantika Consultoria, Roberto Mosquera, as mudanças que antes demoravam décadas agora ocorrem em poucos anos e isso vai interferir na maneira como a educação é pensada. “A tendência é que a educação sofra uma mudança muito grande na sua estrutura, principalmente no Ensino Médio e no Ensino Fundamental, trazendo mais experimentação para as crianças. Vai ser uma relação de troca entre os professores e os alunos”, afirma.
“Existe um estudo do Fórum Econômico Mundial de 2017, onde os especialistas da ONU defendem que os estudantes que hoje estão no Ensino Fundamental devem experimentar ao menos 3 profissões durante sua vida. É uma nova maneira de preparar o mercado de trabalho levando em consideração as mudanças trazidas pela transformação digital”, explica o especialista. Para ele, as escolas devem começar a preparar os estudantes para essa nova realidade já em pouco tempo.
Mosquera defende ainda que os cursos universitários que são voltados ao mercado de trabalho devem sofrer com a velocidade das transformações. “O que a gente vê na faculdade, por exemplo, não vai servir tanto para o mercado de trabalho, porque as transformações que vão ter acontecido durante o curso já vão pedir uma nova postura ou novos conhecimentos”, opina o especialista.
Para ele, o mercado vai exigir que os cursos sejam mais rápidos, o que vai gerar uma demanda por atualização mais constante do profissional. “Nós vamos continuar estudando a vida inteira, principalmente por meio de cursos, que são mais curtos e conseguem se adaptar de maneira melhor às necessidades do mercado e às novas mudanças proporcionadas pela transformação digital”, opina Mosquera.
Plataformas digitais e o ensino
As plataformas digitais também chegaram com tudo para oferecer novas possibilidades ao ensino. Elas podem oferecer conteúdos a serem acessados a qualquer momento e de qualquer lugar, mediante uma relação entre os estudantes e seus professores.
Essas plataformas agregam ao ensino, principalmente pela liberdade ao aprendizado. Uma plataforma digital permite ainda que o aluno possa explorar diferentes recursos desde a leitura de material didático até um material multimídia.
A possibilidade de ter contato com um determinado conteúdo a qualquer momento respeita ainda a diferença no ritmo de aprendizagem de cada estudante. Com essa disponibilidade do conteúdo, o aluno pode resolver uma série de questões e se deter nos conteúdos que para ele foram mais complicados de aprender.
Tecnologia integrada à educação
Uma possibilidade que tem se tornado cada vez mais atraente são os cursos online, principalmente aqueles que são gratuitos, conhecidos como MOOC (Massive Open Online Course). A popularização desse tipo de curso é muito visível e é explicada tanto pela sua facilidade de acesso, quanto por não exigirem nenhum investimento financeiro.
Porém, esses cursos também enfrentam alguns desafios. Eles precisam ser acompanhados pela orientação de professores qualificados, assim como ainda precisam trabalhar a adoção de uma cultura digital. Ao mesmo tempo em que favorece a oferta de cursos, o meio digital também cria uma problemática em relação ao efetivo desses cursos. Isso porque alguns não acompanham os alunos de maneira adequada e nem se preocupam com uma avaliação eficiente.
Novos estímulos para crianças
Mesmo já sendo uma realidade, a influência da transformação digital no ambiente escolar ainda enfrenta muitas barreiras, principalmente nas escolas públicas. A escola privada consegue trabalhar com atividades extracurriculares, que ajudam no desenvolvimento da criança e a ensina a pensar diferente, a se adaptar a esse caráter multifuncional que o mercado cada vez mais exige do profissional.
Essas atividades extracurriculares ajudam a desenvolver uma característica empreendedora na criança, além de suprir e se alinhar com as necessidades do mercado. “A nova realidade vai permitir que a criança saia da escola preparada para lidar com as constantes mudanças proporcionadas por essa transformação digital. Isso começa como uma atividade extracurricular, mas a tendência é que ela acabe impactando na educação como um todo”, analisa Roberto Mosquera.
Para o especialista, as escolas médias técnicas são uma forma da escola pública responder às necessidades propostas pela transformação digital. Mas ele lança um questionamento: “é preciso saber se essas escolas vão conseguir se adaptar às necessidades que o mercado vai pedir. Elas precisam ter políticas de atualização, para daqui a cinco anos continuarem se mantendo atualizadas”.
Para ele, esse modelo de ensino mais inovador e que exige mudanças constantes vai ser muito positivo para o desenvolvimento da criança. “O principal ganho é que a criança vai sair de uma postura passiva e se tornar protagonista de sua própria carreira. A escola também sai desse modelo de passividade e passa a estimular as crianças a questionar, estimulando também a criatividade”, finaliza.
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Redação iBahia
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