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Homenagem ou preconceito?

Sete vezes em que a arte feriu a cultura indígena

Tentativa de homenagear acabou gerando duras críticas e nota de repúdio para algumas obras brasileiras

Redação iBahia • 19/04/2023 às 9:00 - há XX semanas

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					Sete vezes em que a arte feriu a cultura indígena
Foto: TV Globo

Homenagem ou reforço de estereótipo? O que era para ser uma forma de representatividade na mídia, acabou, por muitas vezes, gerando dor de cabeça para a comunidade indígena, que se viu retratada de forma pejorativa e errônea em tramas televisivas.

Alguns sucessos de audiência, por exemplo, acabaram sendo repudiados pelos povos originários pela forma que foram conduzidos na TV, além da ausência de artistas que de fato vivem aquela realidade para poder dar vida e veracidade à história sendo contada.

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Na semana em que se celebra o Dia dos Povos Indígenas, o iBahia traz 7 episódios em que a arte brasileira falhou com a história dos indígenas e foi alvo de críticas. Confira:

A Lua me Disse: a trama de Miguel Falabela, lançada em 2005 na Globo, foi alvo de duras críticas e nota de repúdio por parte de indígenas pela representação no folhetim.

À época, uma carta assinada por Aloir Pacini do Museu Rondon, UFMT e por Eurípia de Faria Silva da Pastoral da Criança Indígena, chegou a ser divulgada publicamente, afirmando que a novela explorava a imagem dos povos indígenas de forma caricata, reforçando estereótipos.


				
					Sete vezes em que a arte feriu a cultura indígena
Foto: TV Globo

"Constatamos com tristeza que a criatividade do Sr. Falabella, na sua mais recente novela (“A lua me disse“), atingiu a imagem do povo Nambiquara, que merece, pela sua história de resistência e sofrimento, o mais profundo respeito de cada um de nós, brasileiros. A índia Nambiquara, na caricatura da novela, está condenada ao estrato mais subalterno da sociedade, quase como se fosse um animal exótico, divertido, digno de riso. Uma imagem que não é totalmente alheia à nossa realidade, onde o preconceito legitima a exploração, a expropriação e o abandono do poder público. Cabe à televisão brasileira o importante papel de educar, todos sabemos. De um autor/ator respeitado pelo seu público esperamos mais do que a confirmação de ideias e valores que os povos indígenas lutam tanto para superar, nas suas mais variadas formas de discriminação das diferenças".

Alma Gêmea: outra novela que também foi alvo de críticas foi a trama de Walcyr Carrasco, lançada em 2006, um ano após 'A Lua Me Disse'. Indígenas questionaram o fato da personagem principal, Serena, ser interpretada por uma mulher branca.

Na trama, a personagem, vivida por Priscila Fantin, é filha de uma indígena com um garimpeiro. A mocinha, protagonista da novela vai para a cidade grande com a missão de viver o sonho descrito pelo pajé na infância dela.


				
					Sete vezes em que a arte feriu a cultura indígena
Foto: TV Globo

Durante a novela, a identidade da personagem é questionada em uma cena que viralizou na web. Na ocasião, Serena justifica: "Meu pai era branco, mas a minha mãe era do povo da mata. E o que importa é o meu coração, meu coração é do povo da mata".

Na reprise da obra no canal 'Viva', a Globo colocou um alerta para os telespectadores sobre a trama: "Esta obra reproduz comportamentos e costumes da época em que foi realizada".

Uga-Uga: escrita por Carlos Lombardi, a novela conta a história do "índio" Tatuapu (Claudio Heinrich), neto de Nikos (Lima Duarte) e órfão de pai e mãe que tenta se adaptar na cidade grande.

A trama, que nunca foi reprisada na TV aberta, foi alvo de duras críticas dos povos originários, que afirmavam que a novela os caracterizavam como pessoas sem capacidade e sentimentos, além de sexualizar os corpos indígenas.


				
					Sete vezes em que a arte feriu a cultura indígena
Foto: TV Globo

Na época, uma carta foi entregue à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, em Brasília, repudiando a forma como as mulheres indígenas eram retratadas, como se estivessem à disposição de homens brancos para o sexo.

"Isso está estimulando a violência sexual contra elas. Recentemente, houve o caso dos soldados que estupraram índias ianomâmis. A Globo está incentivando o homem branco a procurar as índias nas aldeias como se elas agissem do mesmo modo que as personagens da novela", afirmou à época Antônio Carvalho (Werá Kwaray), 34, vice-cacique de uma tribo guarani do Espírito Santo e que era um dos três signatários do protesto.

Silvio Santos bate em bumbum de criança indígena: o dono do baú passou dos limites ao receber no palco do programa, em 1999, a cantora baiana Mara Maravilha acompanhada de crianças indígenas para apresentar a canção 'Curumim Iê Iê'.

Na ocasião, o apresentador bateu nas nádegas de uma criança que estava no palco, após uma entrevista.

Cidade Invisível: a série da Netflix, criada por Carlos Saldanha e produzida pelo canal de streaming, foi alvo de duras críticas da comunidade indígena pela falta de representatividade na tela e nos bastidores.

A socióloga e pesquisadora Lai Munihin levantou o debate nas redes sociais sobre o assunto. “Se quisessem ter feito isso bem feito, teriam contratado indígenas para toda a parte de produção de roteiro, enredo, para além da questão de escolha de atores".


				
					Sete vezes em que a arte feriu a cultura indígena
Foto: Netflix

Entre as críticas, estava o fato de alguns dos personagens do folclore brasileiro terem sido interpretados por atores brancos e negros, como Saci, Boto, Iara, Curupira e Caipora. “Consideradas cinco entidades pertencentes às espiritualidades indígenas e foram interpretadas por não-indígenas brancos e negros”.

Índio - MC Pipokinha: a polêmica MC Pipokinha foi acusada de racismo em 2021 após lançar uma música chamada 'Índio', em parceria com MC Nerak.

A denúncia feita pela rapper Kaê Guajajara apontou diversas problemáticas na música da funkeira, como o estereótipo no jeito de falar, além da cultura indígena ser usada como fantasia por pessoas brancas e negras no clipe.


				
					Sete vezes em que a arte feriu a cultura indígena
Foto: Instagram

A faixa também sexualiza a figura dos povos indígenas, associando costumes a atos sexuais.

"Ser 'índio' na época da invasão era algo ruim e foi o estereótipo que o colonizador criou como um ser inferior a ele, um ser que era um bicho exótico, um animal e não um ser humano. Só fomos considerados humanos em 1988 [com a Constituição Federal]. Isso tudo gerou consequentemente uma ferida para vários povos nossos, que tinham medo e vergonha de falar sua origem. Por muito tempo, não falar foi uma tática até mesmo de sobrevivência para não sofrer nas mãos dos brancos", explicou Kaê na época.

Xuxa leva indígenas no palco: a cena, que aconteceu em 1989, é lembrada até os dias atuais por internautas pelo desconforto dos indígenas convidados pela eterna Rainha dos Baixinhos para assistir do palco uma performance da polêmica canção 'Brincar de Índio'. A apresentação deu o que falar na época e continua a ser lembrada mais de 30 anos depois.

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