Uma partida de futebol tem90 minutos, divididos em dois tempos de 45, mas aqueles 15 minutos em que os jogadores entram no vestiário para recuperar o fôlego às vezes parecem ser muito mais do que isso, se alongam o suficiente para um time esquecer tudo de bom ou de ruim, feito antes. Esta foi a minha impressão ontem, ao acompanhar as partidas envolvendo os dois principais clubes do estado.
Em Camaçari, o rubro-negro atropelou o time da casa no primeiro tempo, fez dois gols e poderia ter construído uma goleada se a turma tivesse caprichado um pouco mais na pontaria. Destaque para o bom início de partida da dupla Nikão e Elkeson, os dois se apresentaram bemno ataque e marcaram. Elkeson vemse firmando com uma boa sequência e calando a boca de muita gente que andou por aí a duvidar da sua capacidade de vestir a camisa rubro-negra.
Mas, quando o Vitória voltou para o segundo tempo, deve ter esquecido a vontade de jogar entre as ataduras usadas jogadas no chão do vestiário. A etapa final deu sono, o Vitória apenas administrou a vantagem e o adversário, incapaz de criar boas chances, praticamente se entregou em campo, aliás, um péssimo campo.
Lá do Sudoeste, a diferença entre o primeiro e o segundo tempo também foi grande, só que o protagonista não foi time visitante, mas o próprio Vitória da Conquista. No começo não deixou o Bahia jogar e o time da capital realmente não joga nada desde aquela partida contra o Feirense, na Quarta-Feira de Cinzas. O elenco é bom, talvez o mais qualificado do estado, mas não está apresentando o futebol esperado.
Sem acertar nada em campo, os jogadores do Bahia apenas assistiram o Vitória da Conquista trocar passes, rodar bola de um lado para outro em busca dos muitos espaços e criar chances claras de gol. Nei fez um a zero, depois teve uma bola na trave e um pênalti não marcado pelo juiz em cima do Alex, aos 41. Na volta para o segundo tempo, a maldição do vestiário apareceu de novo. O Bahia não melhorou em nada, mas o Conquista deixou de jogar bola, de atacar e foi punido pelos Deuses do futebol.
E foi aí que o lateral Marcos entrou em cena, dando uma de Pelé e outra de Mané. Primeiro fez um golaço acordando o Bahia, o Ramon, mas não o Tressor, este dormiu até ser substituído. O Bahia ainda fez o segundo de pênalti, mas Marcos, que no primeiro tempo ninguém viu, estava mesmo disposto a ser visto e comentado. Nos acréscimos fez uma falta grosseira e deveria ter sido expulso. Como ficou em campo, viu a bela cobrança de falta de Nei, empatando a partida e deixando os torcedores tricolores muito chateados. Não foi lá aquele início de segunda fase esperado por todos, mas, como em uma partida, tudo ainda pode mudar e que seja para melhor, espero.
Jony Torres é jornalista da TV Bahia e escreve às segundas-feiras. Coluna publicada na edição impressa do jornal Correio* do dia 21 de março de 2011
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