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Joel Santana: "Esse 'todo mundo já sabia' não existia" |
A técnico Joel Santana apareceu no Fazendão na tarde desta sexta-feira (3). Com atraso, ele concedeu a última entrevista coletiva antes de embarcar para o Rio de Janeiro, onde assumirá o comando do Flamengo. Falta só assinar. Irreverente, deixou o clube com as portas abertas e não descartou um possível retorno no futuro. Prometeu levar a bandeira do Bahia no caminho para nova "missão" e, ao fim do bate-papo com os jornalistas carregou a bandeirinha que enfeitava a mesa antes de ir embora.
"Vim me despedir como agradecimento. Quero deixar claro meu agradecimento ao presidente (Marcelo Guimarães Filho) por todo o apoio. Jantei com o presidente ontem (quinta), ele foi um gentleman. Queria que eu ficasse, mas ele entende o que eu estava fazendo. Queria agradecer a torcida pelo apoio nesta longa jornada", começou Joel, que disse não ter conversado com a presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, apesar de estar fechado com o clube carioca. "A Patricia Amorim não tem nem meu telefone, mas existe o convite. Ainda não sei quando assumo lá, precisamos ver. Não estou me despedindo, é um até logo. É a quinta vez que estou voltando ao Flamengo. Eles têm o mesmo carinho".
Ao explicar as razões da saída do Bahia, o treinador não foi específico, mas disse repetidas vezes nutri carinho pelo Tricolor. "Isso é o momento do futebol. Estou indo, mas posso voltar. Nada vai separar a paixão que nós temos. Nada vai acabar o meu carinho do Bahia. O mundo do futebol muda a todo momento. Estou indo lá para uma missão. Mas se não der certo, quem sabe, o Bahia quiser, e eu estiver disponível, eu volto. O que me levou para lá é questão particular. Se amanhã a BBC de Londres te convida pra cumprir uma missão, você pode estar bem, mas algo pode tentar você a ir. Isso aconteceu ontem, na quarta-feira não existia nada. Esse 'todo mundo já sabia' não existia".
Segundo Joel, ele só deu início as conversas com o Flamengo depois que a demissão de Vanderlei Luxemburgo foi confirmada, contrariando
declarações do presidente Marcelo Filho. "Eu só conversei com as pessoas do Flamengo quando o Luxemburgo não estava mais no cargo. Conheço o Luxemburgo desde a Arábia. Ele não era nem treinador. O Melo, preparador do Luxembrugo, é como um irmão pra mim. O que aconteceu foi ontem. Me ligaram e pediram", contou.
"O nome do Flamengo não pesou. O Bahia é do mesmo tamanho. Minha gratidão pelo Bahia é de quando eu não era ninguém. O Bahia dá sorte na minha vida. Todas as vezes que eu cheguei aqui as coisas mudaram. Ontem era um dia diferente, era um dia de Iemanjá. A coisa mudou. A minha vida é de cigano. Eu vou andando como a vida se apresenta", afirmou.
Sem saber qual será o seu substituto no Esquadrão, ele tem fé no sucesso do atual elenco. "Com esse grupo o Bahia vai longe. As coisas aqui estão acontecendo. Não tive nenhum tipo de problema aqui. Problema de horário, de nada. Estou deixando o Bahia porque a vida é assim. A vida muda a qualquer momento. As coisas aqui no Bahia estão mais perto de acertar. Esse vai ser um campeonato difícil, mas o time está perto de acertar. Quem chegar tem que deixar esse grupo motivado".
Flamengo - Perguntado sobre o novo desafio, Joel Santana mostrou estar confiante. A queda de Luxemburgo está diretamente ligada a desentendimentos com Ronaldinho Gaúcho, mas ele disse não temer o craque. "Onde eu chego meu império tá montado. Ele pode não ter trabalhado comigo ainda, mas ele já ouviu falar. Ele é que vai decidir pra mim. Não vou pro Flamengo criar problema". Para finalizar, Joel ainda foi indagado sobre a possível ida do gestor Paulo Angioni para o Fla, mas desconversou. "Se o Angioni (diretor de futebol) vai? Não sei. Para de fazer pergunta difícil". O preparador físico Ronaldo Torres e os auxiliares Marcelo Salles e Mauricio Albuquerque também vão para o Flamengo junto com o técnico.