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Alderli, o Baiano: a história do ex-jogador do Bahia que hoje é taxista e mora em Itapuã

Baiano surgiu para o futebol na Portuguesa ao lado de Denner, de quem era amigo e lembra com saudade. Ele jogou no Bahia em 1996

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16/09/2011 às 14:58 • Atualizada em 27/08/2022 às 10:34 - há XX semanas
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Alderli, o Baiano, parou de jogar em 2000, aos 30 anos
Alderli Carvalho Barbosa tem 41 anos e é um dos tantos taxistas que rodam por Salvador. Tímido e pacato que é, sua história certamente passaria desapercebida diante dos seus passageiros. Ela só veio à tona graças a Roberto Reis, seu amigo. Arderli, ou melhor, Baiano, é ex-jogador de futebol revelado pela Portuguesa e com passagem pelo Bahia em 1996. Aposentado dos gramados desde 2000, vive em um condomínio no bairro de Itapuã a recordar o passado, especialmente durante as tardes e noites. Porque, pela manhã, o volante é parceria.Baiano aparece em uma foto observando Bebeto Campos em matéria do iBahia Esportes, que resgata o ex-volante do Bahia e do Vitória. Daí surgiu a pauta. Roberto Reis entrou em contato com a Redação e deu todo o serviço. "Sou admirador do futebol dele e queria prestar essa homenagem", diz o amigo. Nossa equipe foi atrás do ex-jogador e descobriu, por exemplo, que Baiano subiu para o time profissional da Portuguesa junto com Denner, de quem era amigo desde a divisão da base da Lusa. "Éramos muito próximos. Quando ele estava em Salvador, vinha para a minha casa e eu sempre ia na dele lá em São Paulo. Chamava ele de Rei. Vivemos mais de seis anos juntos", relembra.A perda do amigo: "comoção muito grande"Por ordem do destino, Denner morreu em uma acidente de carro em 1994, quando defendia o Vasco, e interrompeu uma carreira descrita como promissora pelos sacerdotes do futebol brasileiro. "Aquele era craque, jogava muito. Tinha tudo para ser o melhor do mundo. Lembro muito daquela época. Fui ao sepultamento dele e foi uma comoção muito grande. Gostava muito dele", diz. Ao lado do atacante, Baiano conquistou a Taça São Paulo de Futebol Júnior de 1991. No profissional da Lusa, atuou com o lateral Zé Maria, o volante Capitão e o atacante Bentinho. Tinha também Emerson Leão como técnico, de quem Baiano guarda boas lembranças. "As pessoas acham que ele é esquentado, mas Leão é a pessoa mais calma do mundo. Ele só exige do jogador, gosta de disciplina".
Portuguesa no Morumbi: Baiano (em destaque) e Denner (o segundo da direita para esquerda entre os agachados) era amigos
Baiano saiu da Portuguesa em 1994 e passou por Ponte Preta e Paraguaçuense-SP antes de desembarcar no Fazendão, em 1996. Veio por indicação de Jorginho, ex-zagueiro do Bahia, com quem jogou na Lusa. "No Bahia eu fiz gols. Eu era volante de marcação e João Francisco e Fito Neves me colocaram para jogar adiantado", recorda. Um deles, lembra, em um BaVi, no Barradão. "Estádio lotado e eu abri o placar. Mas o Vitória empatou e o jogo acabou 1 a 1. Marcar em clássico é muito emoção". O outro rendeu até o troféu Zuza Ferreira. "Fiz um contra o Fluminense de Feira que foi eleito o gol mais bonito do campeonato. Ganhamos de 4 a 1". Segundo suas próprias contas, Baiano marcou nove gols na carreira.Era a primeira vez que o volante jogava profissionalmente em sua terra natal. Pouco tempo atrás, ainda sem a alcunha boleira, Alderli chegou a treinar no Vitória durante seis meses, aos 18 anos. Entre o estudo e o trabalho, o futebol não encontrou brecha e ele acabou desistindo. Restavam os babas no clube da Associação Atlética da Bahia (ABB) e foi lá que sua vida mudou. "Veio um olheiro de São Paulo levar um menino de 16 anos, mas a mãe não deixou porque ele tinha vida estável, era classe média. Para o rapaz não perder viagem, me indicaram e eu fui", conta.
Baiano defendeu o Tricolor em 1996. No estadual, marcou o gol mais bonito da competição e ganhou o troféu Zuza Ferreira
"No Bahia, o mês tinha 90 dias" De família humilde, Alderli só recebeu o aval da mãe para ir porque a passagem e a hospedagem eram por conta do olheiro."Fui bem em uma competição que disputamos lá e já fui direto para o time júnior da Portuguesa. Nem voltei mais. Só liguei para minha mãe e comuniquei que ia ficar por lá", diz. O apelido não demorou. "Meu nome é difícil. Quando não acertam, você vira logo Baiano", ri. Se a saída apresentava um mundo diferente e animador, o retorno a sua cidade ganhou contornos nada atraentes. "No Bahia, o mês tinha 90 dias, parceiro. Era complicado. As contas chegavam com juros, mas o salário não", reclama. Mas havia a parte boa. "Fiz muitos amigos também. Lima Sergipano, Bobô, Jean, Samuel...Charles, que estava voltando. Tinha o Misso também, andava sempre com ele" relembra. Do Bahia, Baiano passou pelo Joinville-SC, Juventus, Paysandu e Catanduva-SP, onde encerrou a carreira com apenas 30. "Tive uma série de contusões e não consegui voltar. Não sei o porquê, mas resolvi parar. Tinha condições de continuar, mas não quis mais", revela. Tão logo pendurou as chuteiras, Baiano foi atrás de um investimento começado anos antes. Ele comprava ouro, mas, na hora do resgate, descobriu que tudo não passava de um golpe. "Foi uma porrada muito forte. Parecia tudo certo. Boleto bancário, CNPJ, tudo. Dou até parabéns para os caras porque foi tudo bem feito. A polícia chegou a pegar os bandidos, mas nada ficou comprovado. Quem investiu, perdeu tudo"."Jogador não ganhava bem como hoje"
Aposentado, Alderli virou motorista de taxi há seis anos
Meio perdido com o fim da carreira de jogador, Baiano se aventurou como segurança de hotel e até motorista de empresas. É taxista há seis anos. "Como já trabalhava como motorista, fui no embalo e comprei um táxi. Para Baiano, o futebol até uma década atrás não era tão luxuoso como agora. "Eu tinha um salário normal para a época. Jogador não ganhava bem como é hoje. O cara faz um golzinho, vira craque e já vai para a Europa ganhando mundos de dinheiro". A tranquilidade que transparece do seu rosto deve dar lugar a turbulência do mundo da bola nos próximos meses. Baiano foi convidado para comandar um time da Polícia Militar baiana que vai participar dos Jogos Militares Nacionais, com previsão de começar no fim do ano. Serão dez dias como técnico. "Eles estão resolvendo tudo. Teve até uma reunião agora, mas já está certo", diz. A expectativa de retornar aos gramados mexe com o ex-jogador, que se emociona com as lembranças. "Sinto saudade da época de jogador. Foi um tempo muito bom que, infelizmente, não vai mais voltar".

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