Alex Alves: início no Vitória, Palmeiras, Paulo Carneiro e amigos

Complexo e meteórico. Talvez assim seja mais fácil entender o ex-atacante Alex Alves, ícone da geração que projetou o Vitória no futebol brasileiro, falecido quarta-feira (14). Fulminante como aquela arrancada que deixou quatro corintianos pra trás e acabou no golaço pela fase semifinal do Brasileiro de 1993, na Fonte Nova, o ex-jogador nascido em Campo Formoso, norte do estado, se foi com apenas 37 anos, vítima de uma doença rara na medula óssea chamada de hemoglobinúria paroxística noturna (HPN), em Jaú, interior paulista.Ele sempre foi diferente. “Alex é o futuro do Vitória”, cravou o CORREIO em sua edição de 1º de novembro de 1991, dois dias após a estreia precoce. “Um garoto de 16 anos entrou no time do Vitória depois de um 1º tempo difícil e sem gols contra o Galícia, arrumou o meio-campo, fez gol de craque, jogou de cabeça erguida e com uma personalidade que poucos jogadores experientes demonstram”, diz o relato não assinado da época. Fim de jogo: 6x0.E foi o futuro mesmo. Em 1994, o sucesso do time jovem, formado na Toca e vice-campeão brasileiro do ano anterior fez o Vitória vender Alex Alves e Paulo Isidoro ao Palmeiras e encher o caixa. “Sem dúvida ele e a geração dele foram divisores de água na vida do clube, não só externamente, mas principalmente internamente. Foi através da sua venda à Parmalat junto com Isidoro que o Vitória, pela primeira vez na vida provavelmente, começou a viver de seu caixa”, conta Paulo Carneiro. “Eu pedi à Parmalat que pagasse em 12 parcelas, acho que foram US$ 2 milhões (pela dupla). Na época o valor de compra do dólar era muito maior”, completa o presidente do clube na época e depois amigo pessoal.Um dos poucos cultivados pelo jogador no mundo da bola. O atacante vaidoso de roupas extravagantes, e que comemorava seus gols jogando capoeira, por mais que contraditório que pareça, era muito introspectivo. “Ele era bem reservado, mas os poucos amigos que tem, era amizade verdadeira, dele poder contar mesmo. A pessoa que conhecia Alex Alves sabia do valor dele. Tem muita gente que julgava Alex sem conhecer”, diz Edilson ‘Capetinha’, campeão brasileiro junto com Alex no Palmeiras de 1994.Mas os amigos mesmo eram contados em uma mão: Paulo Isidoro, João Marcelo, Dida e Vampeta, todos integrantes do ‘Brinquedo Assassino’, como ficou conhecido aquele time arisco que aterrorizava as defesas adversárias em 1993.O ex-zagueiro João Marcelo pouco fala, mas resume bem o quão reservado Alex era. “Por mais que seja uma homenagem, ele sempre quis se manter fora disso. Talvez seja até a melhor forma que eu posso homenageá-lo nesse momento”, alegou ao explicar por que não queria dar entrevista ontem. “A última coisa que ele pediu pra irmã dele foi justamente isso. Eu também não consigo nem falar porque me emociono. Desculpa aí”. cremado O corpo chega hoje a Salvador, e o velório começa às 11h. Será cremado às 16h, no Jardim da Saudade, atendendo a desejo de Alex.O Vitória assumiu as despesas e fará homenagem sábado, contra o Joinville. “Mas o marketing do clube ainda vai preparar algo maior contra o Ceará (dia 24)”, avisa Flávio Tanajura, ex-jogador e auxiliar da direção. Na Alemanha, o Hertha Berlim jogará de luto contra o Saint Pauli, dia 19.Matéria publicada no jornal Correio*Leia mais Em crônica, radialista lembra carreira de Alex Alves e primeira entrevista Direção do Vitória lamenta morte de Alex Alves através de nota Corpo de Alex Alves será cremado nesta quinta-feira, no cemitério Jardim da Saudade Dirigentes, clubes e ex-jogadores lamentam morte de Alex Alves; veja Relembre a carreira de Alex Alves, morto nesta quarta Hospital corrige: Alex Alves morreu de anemia crônica e não de leucemia Morre aos 37 anos o jogador Alex Alves, craque do Vitória nos anos 90