Futebol profissional é coisa lá da Europa, quem sabe do Sul Maravilha - onde o Internacional acompanha tendências e lança hoje um site de compras coletivas com cinco mil produtos licenciados do clube. Por aqui, nos compete os rituais da bola antiga, do burburinho, dos boatos, da informação plantada. O amadorismo de Série A.
O circo patético-decadente armado dias antes da Copa do Brasil parece orquestrado para derrubar o clube, mas é só mais uma das tantas presepadas de bastidores arrumadas pra trocar um técnico semmaiores explicações ou confronto com a torcida. Vaza o nome de Joel Santana, confirma-se a aprovação de uma avassaladora maioria e pronto: a troca ganha o torcedor.
O assunto passa a ser discutido na imprensa, semo menor respeito por um tal Vágner Benazzi, trabalhando no campo enquanto tudo se desenrola no gabinete do presidente. Quem confirma Joel? Ninguém. Quem nega? Nem o próprio Joel. Poderia dar certo, não fossem as exigências do "novo" treinador: salário, comissão técnica, um bando de outros jogadores.
"Fora da realidade".
- Então chegou a negociar?
"Nosso técnico é Vágner Benazzi".
- Mas existe chance para Renê Simões?
"É um grande nome".
E Benazzi acompanha tudo semsaber ao certo se pede as contas e entrega o boné ou usa o nariz vermelho e se junta ao circo. Participou, possivelmente, da coletiva de imprensa mais constrangedora dos seus 25 anos de bola. Respondeu a perguntas absurdas, como se só ele não soubesse da demissão anunciada. Oscilou. Foi paciente, irritado, reticente...
Passou por sua primeira provação no clube, engoliu o orgulho ferido e optou por manter o emprego. Aguarde, Benazzi! Outras virão. Por que nos bastidores e na imprensa, onde as notícias correm a toda velocidade, o Campeonato Brasileiro começa sem você. Ao menos sem a sua presença no Bahia.
Respeito - Demitir o treinador é direito da diretoria. Dever é ter respeito com os profissionais que contrata, sob pena de se transformar o clube num lugar onde pessoas sérias não queiram trabalhar. Não gosto do time de Benazzi, das trocas na equipe, das indefinições no ataque. Muito menos da falta de padrão de jogo. E, definitivamente, não sou partidário da política do "em time que está ganhando não se mexe".
O Brasileiro ensina uma lição simples: jogando bem, uma posição digna na tabela é consequência. Por que futebol de resultado em 38 rodadas é utopia de quemacredita que pode passar impune por uma competição que castiga.
Eduardo Rocha é editor de Esporte e escreve às sextas-feiras. Coluna
publicada na edição impressa do jornal Correio* do dia 8 de abril de
2011
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