As contradições de Ronaldo: de "amigo" do peito a crítico da CBF

Redação GoalRonaldo foi um verdadeiro ídolo nos gramados. Pentacampeão do mundo, superou graves lesões nos joelhos para se tornar três vezes o melhor jogador do mundo. Porém, desde que se aposentou dos gramados, o ex-atacante deixou de ser unanimidade entre os brasileiros. Principalmente por suas declarações polêmicas e, agora, por mudar de opinião sobre a CBF. Justamente em um momento que a entidade passa por uma crise, depois de ter o seu ex-presidente José Maria Marin preso na Suíça por corrupção.Em entrevista durante um evento de um de seus patrocinadores nesta quarta-feira, Ronaldo defendeu a renúncia de Marco Polo Del Nero da presidência da CBF. O cartola era vice na gestão de Marin e, um dia após o escândalo ser estourado pelo FBI, saiu da Suíça e retornou ao Brasil. Ele deve ser investigado e, na visão do ex-jogador, esse seria o momento ideal para Del Nero deixar o cargo."Adoraria que ele renunciasse, porque não tem dado um grande exemplo e é evidente a relação que tem com o ex-presidente José Maria Marin. Portanto, seria um bom momento para renunciar. Mas é necessário esperar as investigações para não fazer pré-julgamentos antes que as conclusões sejam publicadas", afirmou.Porém, vale lembrar que Ronaldo participou ativamente da organização da Copa do Mundo, sendo indicado por Ricardo Teixeira, antecessor de José Maria Marin, para participar do Comitê Organizador Local (COL) do Mundial do Brasil. Por diversas vezes, ele defendeu a realização da competição em meio a uma onda de protestos pelo gasto elevado das obras."Não se faz Copa com hospital"No final de 2011, Ronaldo defendeu a realização da Copa do Mundo e deu uma declaração polêmica, que o persegue até os dias atuais, onde afirmou que não podia organizar o Mundial "com hospitais". "Está se gastando dinheiro com segurança, saúde, mas sem estádio não se faz Copa. Não se faz Copa com hospital. Tenho certeza que o governo está dividindo os investimentos", disse, quando assumiu o cargo no COL, ao responder sobre o alto custo dos estádios, principalmente em lugares onde o futebol não é tão desenvolvido, como Cuiabá e Manaus.Cerca de um ano depois, em 2013, ele se defendeu das contestações e voltou a apoiar os gastos na Copa do Mundo, mostrando mais uma vez a sua "afinação" com a Confederação Brasileira de Futebol. "A Copa é uma incrível oportunidade para o Brasil. Chance de atrair atenção, investimento, turismo e mais mil coisas. Mas isso não obriga a deixar de investir em questões sociais prioritárias como saúde, educação, transporte, segurança e etc. Afinal, não temos Copa do Mundo desde 1950 e não foi por isso que atingimos excelência em nenhuma dessas causas.""São 63 anos sem a Copa e não se viu bilhões destinados às questões sociais. Duvido que nosso país estaria uma vírgula melhor se não tivesse escolhido fazer o Mundial de 14. Não sou responsável pela administração do dinheiro público e repudio a corrupção", completou.Ronaldo presidente da CBF?Outra contradição do "Fenômeno" foi sobre a entrada na política. Em entrevista antes da Copa do Mundo, o ex-atacante afirmou que pensava em se tornar presidente da CBF no futuro, pois acreditava que poderia ajudar no desenvolvimento do futebol no país."Quero virar um político do futebol. Não sei se seria um candidato a presidente da CBF, mas aceitaria sim. Porque vejo um potencial muito grande de melhoria no futebol. Acho que, mesmo com a contribuição tão grande que dei jogando futebol, posso ser muito mais útil fora das quatro linhas", afirmou em 2012. Agora, Ronaldo ataca a CBF e aqueles que estava ao lado há alguns anos. Será que ele realmente mudou de opinião ou apenas está aproveitando a oportunidade para "pular fora" do barco? Difícil saber...